ÁREA: Ambiental
TÍTULO: TRATAMENTO CONJUGADO DE LIXIVIADO
AUTORES: DIAS, J. (UEPB) ; LOPES, W. S. (UEPB) ; QUEIROZ, M.B. (UEPB) ; CAMPOS, D. C. (UEPB) ; OLIVEIRA, M. J.D (UEPB) ; BENTO, E. R. (UEPB) ; ARAÚJO, P. T. (UEPB)
RESUMO: Lagoas de estabilização constituem uma tecnologia para o tratamento de águas residuárias, com isso, o objetivo neste trabalho foi verificar a tratabilidade do lixiviado conjugado com esgotos domésticos em lagoas de estabilização. O sistema experimental compreendeu de um reator UASB, seguido de um sistema em escala piloto de 04 lagoas de estabilização. Uma eficiência global na remoção da concentração dos ácidos graxos voláteis em torno de 69,4% e uma diminuição de matéria orgânica na ordem de 89,0%. mostrou um razoável desempenho do tratamento. As concentrações e as eficiências observadas nesse experimento confirmam que lagoas de estabilização tratando e pós-tratando de forma conjugada águas residuárias e lixiviado, podem ser utilizadas sem muita alteração em seu desempenho.
PALAVRAS CHAVES: lixiviado, lagoas de estabilização, águas residuárias.
INTRODUÇÃO: São freqüentes os problemas causados pela disposição inadequada de resíduos. A importância de se preservar os recursos hídricos e encontrar alternativas visando substituir o uso da água potável pela utilização de águas com qualidade inferior em certas atividades é de fundamental importância. Sistemas de tratamento de esgotos criteriosamente projetados e monitorados removem de maneira satisfatória, constituintes indesejáveis. Os microrganismos decompõem os esgotos em componentes químicos a exemplo o gás carbônico, que geralmente, são reutilizados pelos vegetais. Lagoas de estabilização constituem uma tecnologia já bastante consolidada para o tratamento de águas residuárias, sendo considerada pela Organização Mundial da Saúde (WHO, 1989) como a forma de tratamento de esgotos mais apropriada quando da consideração do reuso dos efluentes na agricultura (Arthur, 1983). As lagoas de estabilização são definidas como grandes reservatórios de pequena profundidade, delimitados por diques de terra, nas quais o esgoto bruto é estabilizado por processos naturais, envolvendo algas e bactérias, necessitando apenas da energia solar e das energias provenientes das reações químicas. O princípio de funcionamento dessas lagoas é o de um reator biológico, no qual a matéria orgânica biodegradável é oxidada biologicamente, sendo convertida em moléculas simples e estáveis. Pesquisas realizadas por (Silva, 1982) denotam o alto grau de polimento alcançado pelo efluente de lagoas de estabilização, tanto em termos de matéria orgânica como de microorganismos patogênicos. Este trabalho tem como objetivo verificar a tratabilidade do lixiviado conjugado com esgotos domésticos em lagoas de estabilização, sendo a mistura de líquidos pré-tratada em reatores UASB.
MATERIAL E MÉTODOS: A pesquisa foi realizada nas dependências da Estação Experimental de Tratamentos Biológicos de Esgotos Sanitários (EXTRABES), em Campina Grande - PB. O sistema experimental compreendeu de um reator de fluxo ascendente com manta de lodo (UASB), seguido de um sistema em escala piloto de 04 lagoas de estabilização em série. A vazão do afluente da primeira lagoa é de 173 mL/min e o tempo total de detenção hidráulica das lagoas é de 15 dias. O sistema foi monitorado semanalmente. Um pré-tratamento anaeróbio em reator UASB foi utilizado objetivando-se o abrandamento do líquido afluente às lagoas, em virtude da elevada carga orgânica inicial devida o lixiviado. A diluição de lixiviado em água residuária bruta foi elaborada de acordo com a carga de DQO escolhida na operação do UASB. Os parâmetros analisados foram: DQO, DBO5, formas de sólidos, formas de nitrogênio, formas de fósforo, pH, temperatura, oxigênio dissolvido, clorofila a, coliformes fecais e outros que se mostrem necessários no decorrer do trabalho. A determinação dos parâmetros seguiram as recomendações de APHA et al. (1995).
Na Tabela 1 são apresentadas as características físicas e operacionais do reator UASB, enquanto, na Tabela 2, são apresentas as características físicas e operacionais das lagoas de estabilização em escala piloto.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: A concentração dos ácidos graxos voláteis diminuiu no decorrer do sistema. O substrato M2 apresentou uma concentração média de 72,3 mgHAC/L enquanto que o efluente da última lagoa (lagoa LM3) apresentou uma concentração média de 22,1 mgHAC/L. Isso significa uma eficiência global de remoção em torno de 69,4% na série de lagoas, mostrando um razoável desempenho no que diz respeito ao parâmetro estudado. Com relação à alcalinidade total, observou-se um comportamento um pouco diferente ao observado nos ácidos graxos voláteis, com relação à eficiência. No substrato M2 obtivemos no decorrer do período estudado, uma concentração média em torno de 642,9 mgCaCO3/L reduzindo-se a 407,4 mgCaCO3/L no efluente do sistema. Com respeito à clorofila “a”, pode-se verificar uma divergência bastante significativa nos dados obtidos, pois nem sempre a concentração de clorofila “a” encontrada na lagoa LF era diminuída durante o processo. Porém ainda observa-se uma redução global de cerca de 34,9% da clorofila “a” no sistema. Os dados referentes à DBO estão representados na Figura 1. Pode-se observar que, na série de lagoas a partir do afluente até o efluente, houve uma diminuição de matéria orgânica de 183,4mg/L para 20,1mg/L, uma remoção na ordem de 89,0%. A remoção da matéria orgânica se deve a uma série de mecanismos que contribui para a purificação do esgoto bruto (Von Sperling, 1996). A matéria orgânica em suspensão tende a sedimentar, vindo a constituir o lodo de fundo (zona anaeróbia). Este, por sua vez, sofre o processo de decomposição por microrganismos anaeróbios sendo convertido lentamente em gás carbônico, água, metano e outros.
CONCLUSÕES: Com base nos dados pode-se afirmar que o tratamento conjugado de águas residuárias e lixiviado em reator UASB seguido de um pós tratamento em lagoas de estabilização é uma alternativa viável, visto que a implantação e o monitoramento desse tipo de sistema não requer grande investimento. As concentrações e as eficiências observadas nesse experimento estão semelhantes às de outros estudos já realizados, confirmando assim que lagoas de estabilização tratando e pós-tratando de forma conjugada águas residuárias e lixiviado, podem ser utilizadas sem muita alteração em seu desempenho.
AGRADECIMENTOS: Ao CNPQ pelo apoio financeiro.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: 1. APHA, AWWA, WPCF, Standard methods for examination of water and wastewater. 18th ed. Washington, 1995, p. 1134.
2. ARTHUR, J.P. (1983). Notes on the design and operation of waste stabilization ponds in warm climates of developing countries. Technical paper No 7. Washington DC: The World Bank.
3. SILVA, S. A. (1982). On the treatment of domestic sewage in waste stabilization ponds in Northeast Brazil. Tese de doutorado. University of Dundee, Scotland.
4. VON SPERLING, M. (1996). Princípios do Tratamento Biológico de Águas Residuárias – Lagoas de Estabilização. Volume 3. Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental; Universidade Federal de Minas Gerais. Belo Horizonte – MG. Editora SEGRAC.
5. WHO (1989). Health guidelines for the use of wastewater in agriculture and aquaculture. Technical report series No 778. Geneva: World Health Organization.