ÁREA: Ambiental
TÍTULO: AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA DO LAGO DE PARAÚNA/GO DESTINADO À BALNEABILIDADE
AUTORES: SILVA, A.M.L. (NPQ/UCG) ; GOMES, H.C. (MEPS/UCG)
RESUMO: Este trabalho tem como objetivo avaliar a qualidade físico-química e microbiológica da água do Lago de Paraúna destinado à balneabilidade, no município de mesmo nome, no estado de Goiás. Foram coletadas mensalmente amostras de água superficial no período de julho de 2006 a janeiro de 2007, em seis pontos distintos em triplicata, na profundidade de 50 cm. Foram realizadas análises de pH, turbidez, cor, temperatura, condutividade, oxigênio dissolvido, coliformes totais e fecais (termotolerantes). Os dados mostraram que a água está própria para fins balneários, não sendo observado altos índices de coliformes fecais (85% das amostras abaixo de 200 NMP/100mL), sendo classificada como excelenete. Os resultados físico-químicos estiveram abaixo dos limites estabelecidos pela Legislação.
PALAVRAS CHAVES: qualidade da água, balneabilidade, paraúna
INTRODUÇÃO: OO Lago de Paraúna situa-se no setor leste do município de mesmo nome a 150km de Goiânia, no estado de Goiás, construído para fins balneários e inaugurado em 2004. Conta com uma área de 510.559 m2, apresenta fácil acesso a todas as classes sociais, inclusive para turistas que visitam regularmente a região, tornando-se um ponto de lazer e socialização. É um lago raso de 7 a 8 metros de profundidade e não é protegido por barreiras físicas, como montanhas.
O lago é abastecido por diversas nascentes e cursos d`água que garantem uma boa disponibilidade hídrica com a presença de lençóis de água a pouca profundidade. A existência destes recursos hídricos e o uso desse lago como área de lazer torna necessária uma caracterização ecológica e sanitária, utilizando parâmetros físico-químicos e microbiológicos para avaliar a qualidade da água.
A Resolução N° 274 do CONAMA de 29/11/2000 estabelece os critérios de qualidade para águas doces, salobras e salinas destinadas à balneabilidade. Os parâmetros básicos adotados são o número de coliformes fecais (Escherichia coli) e Enterococos, bactérias presentes nas fezes humanas, que indicam a presença de esgotos no corpo de água e, por conseguinte, a possibilidade de organismos patogênicos que poderão afetar a saúde da população exposta.
Esta Resolução prevê a qualidade da água nas categorias como excelente, muito boa, satisfatória e imprópria. O enquadramento numa determinada categoria obedece aos parâmetros estabelecidos no art. 2° desta Resolução.
O objetivo do trabalho foi avaliar a qualidade da água em termos físico-químicos e microbiológicos do Lago de Paraúna, sob os aspectos da Legislação vigente, a fim de observar indicadores de poluição que possam inviabilizar o uso do lago em atividades de recreação de contato primário.
MATERIAL E MÉTODOS: As amostras foram coletadas em seis pontos distintos e em triplicata, no período de junho de 2006 a janeiro de 2007.
O ponto 1 foi considerado a nascente do riacho que abastece o lago, local onde o acesso de banhistas e esportistas é facilitado. O ponto 2 foi designado a 90m do primeiro, onde são encontradas algumas minas que emergem do solo. O ponto 3 foi à aproximadamente 60m do terceiro. Nesta região a vegetação é rasteira e o solo bastante argiloso. O ponto 4 se conduziu do lado oposto ao ponto 1. Neste caso, a vegetação são gramíneas e existe um brejo que margeia uma grande extensão do lago. O ponto 5 foi designado no meio da base de sustentação da barragem, onde foi construída uma passarela para turistas. E finalmente o ponto 6 foi considerado a saída da água do lago.
A avaliação da qualidade da água foi realizada quanto aos parâmetros físico-químicos in situ (temperatura, cor, turbidez, pH, oxigênio dissolvido e condutividade) e microbiológicos (contagem de bactérias heterotróficas, índice de coliformes totais e coliformes termotolerantes), segundo técnicas recomendadas pela Legislação.
Foram coletadas cerca de 300 mL de água superficial em garrafa plástica para análises físico-químicas e cerca de 100 mL em garrafa de vidro estéril para microbiologia. Os recipientes foram lavados por três vezes consecutivas com a água do lago, somente na quarta vez foi devidamente preenchido e identificado. As amostras foram submetidas à refrigeração (caixa de isopor com gelo mineral) e enviadas ao laboratório no prazo máximo de 24 horas. O método de coleta está em conformidade ao estabelecido pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normatização e Qualidade Industrial, determinação estabelecida pela Resolução N° 20 de 18/06/1986, disposta no art. 24 em seu caput [CONAMA, 1986].
RESULTADOS E DISCUSSÃO: A temperatura da água foi determinada nos seis pontos em diferentes profundidades, para avaliar o possível grau de estratificação térmica. Em todos os pontos a variação foi menor que 1ºC. Observou-se temperatura média de 23,5°C em julho e valor superior nos demais meses, época seca e quente, variando-se de 27,3°C em setembro a 29°C em janeiro, atingindo valor máximo em novembro de 30°C. De acordo com Mucci (2004), as diferenças são aceitáveis, não indicando estratificação térmica no lago, uma vez que as temperaturas superficiais podem variar entre 20ºC e 30ºC.
Quanto ao valor de pH, observou-se valor constante em torno de 7,5, mas uma pequena diminuição em novembro (pH 6,0), mês no qual foi observado maior temperatura. De maneira geral, o pH tem um pequeno decréscimo, quando a água apresenta organismos heterótrofos que consomem oxigênio e matéria orgânica, enriquecendo-a com gás carbônico, aumentando a acidez. No entanto, em nenhum mês foi observado valor de pH inferior a 6,0 e superior a 8,0.
Com relação à condutividade, os valores foram menores ao estabelecido pela Legislação em termos de águas naturais. Os valores da cor foram constantes e em torno de 10 mg/L de Pt. No entanto em novembro, mês de calor intenso, houve um aumento significante, atingindo 100 mg/L de Pt, valor limite permitido pela Legislação.
Quanto à microbiologia, a resolução Nº 274 de 29/11/2000 classifica as águas doces destinadas à balneabilidade na categoria excelente, quando em 80% ou mais de um conjunto de amostras obtidas em cada uma das cinco semanas anteriores, colhidas no mesmo local, houver, no máximo, 250 coliformes fecais (termotolerantes) ou 200 Escherichia coli ou 25 enterococos por l00 mL. Neste estudo 84% ficaram abaixo destes limites, estando à água própria para uso balneário.
CONCLUSÕES: A água do Lago de Paraúna apresentou valores baixos de coliformes totatis e fecais, indicando que a água está própria e excelente para recreação de contato primário, ou seja, balneabilidade, não sendo observado pontos de contaminação microbiológica que ultrapassem os limites estabelecidos pela Legislação vigente. Os resultados físico-químicos de pH, cor, condutividade elétrica, turbidez e oxigênio dissolvido estiveram abaixo dos limites estabelecidos para a classificação da água doce como classe 1, corroborando com os resultados microbiológicos.
AGRADECIMENTOS: Os autores agradecem à PROPE/UCG pelo auxílio financeiro e à Coordenação de Química pelo apoio técnico.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: CONAMA. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução Nº 20, 18 de junho de 1986. Resolução Nº 274, de 29 de novembro de 2000; Resolução Nº 357, de 17 de março de 2005. Ministério do Meio Ambiente: Brasília. Disponível em http://www.conama.gov.br/leis.
MUCCI, J. L. N.; SOUZA, A.; VIEIRA, A. M. 2004. Estudo ecológico do parque guaraciaba em Santo André, SP. Engenharia Sanitária e Ambiental, 9 (1): 13-25.