ÁREA: Ambiental
TÍTULO: UTILIZAÇÃO DOS RESÍDUOS ORGÂNIOS NA PRODUÇÃO DE BIOGÁS
AUTORES: ARAÚJO,P.S. (UFC) ; SILVA,G.S. (UFC) ; ARAÚJO, A.S. (UFC)
RESUMO: Em pesquisas realizadas no Mercado São Sebastião, maior centro de comercialização de hortifrutigranjeiros da cidade de Fortaleza-Ce, constatou-se que existem desperdícios diários, cerca de 108 toneladas de lixo, a maioria de natureza orgânica. Tais resíduos têm como destino o lixão da cidade, gerando problemas ao meio ambiente. Este material pode ser utilizado na biodigestão anaeróbica, o processo no qual as bactérias anaeróbicas converte a matéria orgânica a uma mistura de gases, o biogás, e adubo orgânico. O metano, principal gás produzido, pode ser utilizado como combustível. Tem-se como finalidade obter um potencial de produção de biogás, de modo a suprir a necessidade de gás combustível, utilizando-se de adubos orgânicos como subproduto e levando tais resíduos a um fim mais nobre.
PALAVRAS CHAVES: biodigestão anaeróbica, biogás, biofertilizante.
INTRODUÇÃO: A disposição inadequada de resíduo orgânico no ambiente, sem qualquer método que vise reciclagem, poderá causar grandes impactos, principalmente pela alta facilidade de apodrecimento. Centrais de abastecimento, como: o Mercado São Sebastião (MSS) está, geralmente, localizado nas periferias dos grandes centros urbanos, o que agrava os problemas relacionados à disposição do lixo. Os resíduos agrícolas produzidos são geralmente depositados em lixões, resultando em problemas econômicos devido ao alto custo de transporte, em problemas de espaço e em problemas sociais. O reaproveitamento da fração orgânica deste lixo pode ser efetuado transformando-o em biofertilizante e biogás através da biodigestão anaeróbica. Atualmente o gás combustível é utilizado o GLP (Gás Liquefeito do Petróleo) e o gás natural, proveniente do petróleo. Porém, existe o risco de escassez do petróleo. Então, o biogás seria mais uma nova fonte de energia renovável e de matéria prima abundante. Deste modo, o biogás produzido seria utilizado nos restaurantes do próprio MSS, no caso, substituindo o GLP e o biofertilizante seria utilizado pelos feirantes como uma fonte de renda e este trabalho poderia futuramente ser ampliado e beneficiar também a população.
MATERIAL E MÉTODOS: Inicialmente, verificamos em laboratório as características do lixo em relação ao teor de carbono, aos sólidos voláteis e o pH. Este foi realizado preenchendo um Becker com uma parte de lixo e três partes de água destiladas. Com um agitador magnético a mostra foi agitada.A seguir, a solução é filtrada, usando no orifício do funil uma pequena mecha de algodão. A ABIFOR recomenda não usar filtro de papel, pois ele tem reação ácida e altera o pH do líquido. Após isto o pH da solução filtrada foi medido utilizando o pHmetro adequadamente calibrado. Para a produção de biogás utilizamos um biodigestor, criado pela equipe, que consiste de um tambor metálico de 150 L com um agitor adaptado em sua tampa. Este possui duas torneiras de ¾, uma delas com rosca para a colocação de manômetro e a outra permiti a saída do biofertiizante. Foi abastecido com 5 L de inoculo (água mais fezes bovinas), 14 Kg de lixo “inatura” não triturado, composto com o material coletado no Mercado São Sebastião e 15 L de água destilada. Assim, o gás produzido será monitorado através de um manômetro, aparelho medidor de pressão dos gases.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os resultados da análise de sólidos voláteis apresentam uma porcentagem de 94,28% de SV em relação ao peso seco mostrando que o lixo em questão possui uma grande quantidade de matéria orgânica, sendo desta forma propício para a biodigestão. Na determinação empírica do teor de carbono feita a partir dos dados da análise anterior tem resultado 47,14% de C. Tal valor mostrou-se bastante ácido, podendo no processo haver necessidade de se elevar este parâmetro, a fim de propiciar uma partida mais rápida. No biodigestor ocorreu a produção de biogás que foi detectado pelo cheiro de ovo podre do gás sulfídrico, mas o tipo de manômetro talvez não fosse o adequado para este experimento, pois a liberação de gás não foi suficiente para que o aparelho registrasse a liberação de gás. O biofertilizante esta em fase de analise, ainda não apresentando dados em quantidade apreciável.
CONCLUSÕES: O lixo do Mercado São Sebastião (resíduo orgânico) possui ótimo potencial para aplicação em processos de biodigestão. A produção de biogás pode ser dimensionada proporcionalmente a partir dos valores de vazão obtidos no biodigestor piloto. Não foram obtidos resultados conclusivos para a utilização do biofertilizante.A possibilidade de utilização de um biodigestor diminuiria significativamente a produção de lixo atuando diretamente no impacto ambiental causado pela disposição deste lixo em aterros da cidade.
AGRADECIMENTOS: Agradecemos a Deus, aos nossos pais, ao Centro de Tecnologia da Universidade Federal do Ceará,a administração do Mercado São Sebastião e a orientadora Magda.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: NOGUEIRA,Luiz A.Horta.Biodigestão: A alternativa energética.Ed.1, editora Nobel, São Paulo, 1992.
GORGATI, Cláudio Q.,LUCAS JR., Jorge de.Fração orgânica de lixo urbano como substrato para biodigestor.Energia na Agricultura, Vl. 14, n.4, p.45-54
LASTELLA, G., TESTA, C., CORNACCHIA, G., NOTORNICOLA, M., VOLTASIO, F., SHARMA, V. K. Anaerobic digestion of semi-solid organic waste: biogás production and its purification. Energy converaion and Management, n. 43, p. 63-75, Editora Elsevier Science Ltd., Londres, 2002