ÁREA: Ambiental
TÍTULO: CROMO E COBRE EM SEDIMENTO DOS RIOS DA BACIA DO ALTO PARAGUAI
AUTORES: ANTUNES, K. C. P. (UFMT) ; SILVA, E. C. (UFMT) ; SILVA, J. D. (UFMT) ; GUEDES, S. F. (UFMT) ; FREITAS, R. M. (UFMT) ; SILVA, A. D. (UFMT)
RESUMO: Este trabalho teve como objetivo avaliar o nível de contaminação por Cromo e Cobre dos sedimentos ativo dos rios da Bacia do Alto Paraguai; rios Bento Gomes e Cuiabá no estado de Mato Grosso; rios Salobra e Miranda no estado de Mato Grosso do Sul. As amostras foram coletadas sob lâminas dágua de profundidade variável, utilizando-se de um coletor de Eckman. As amostras foram digeridas via adição de água régia, para posterior leitura no espectrofotômetro de absorção atômica. As concentrações do Cobre encontradas variaram de 9,7 a 59,3 mg/kg e a maioria dos pontos amostrados foram classificados como moderadamente poluídos. Já as concentrações do Cromo tiveram valores que variaram de 18 a 47 mg/kg, cujos pontos amostrados também foram classificados entre não poluídos e moderadamente poluídos.
PALAVRAS CHAVES: sedimento, metais pesados, pantanal
INTRODUÇÃO: A Bacia do Alto Paraguai, integrante da Bacia do Prata, possui uma área de 496.000 km2 compartilhada pelo Brasil; Paraguai e Bolívia. No território brasileiro tem uma área de 396.000 km2 e compreende os Estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. O Pantanal Mato-grossense, integrante desses estados, é uma planície sedimentar e um dos mais ricos ecossistemas em biodiversidade, com extensa área de quase 140.000 km2 (PROJETO GEF, 2002). Nas ultimas décadas o Pantanal tem sofrido cada vez mais os efeitos da pressão de desenvolvimento tradicional, com conseqüente alteração no padrão biogeoquímico nos corpos d’águas (PELD, 2004). Os sedimentos têm sido considerados como um compartimento de acumulação de espécies poluentes a partir da coluna d’água, devido às altas capacidades de sorção e acumulação associadas (FÖSTNER & WITTMANN, 1981). Este trabalho teve como objetivo avaliar o nível de contaminação por Cobre e Cromo dos sedimentos ativos dos principais rios pantaneiros, numa tentativa de avaliar as condições atuais de impacto desse ambiente.
MATERIAL E MÉTODOS: As amostras de sedimento ativo foram coletadas sob lâminas de água, de profundidade variável, utilizando um coletor de Eckman, logo após, armazenadas em sacos plásticos e congeladas até o momento da análise. Estas amostras foram submetidas a peneiramento úmido, utilizando uma peneira de <0,074 mm (200 mesh), em seguida colocadas em cápsulas de porcelana. A sub-amostra obtida foi seca em temperatura ambiente, com posterior destorroamento. Para determinação do Cr e Cu foram utilizadas 0,2 g de amostra em triplicatas. As amostras foram digeridas conforme metodologia descrita pela (EMBRAPA, 1999), adicionando-se 3 mL de água régia (uma alíquota de 2,0 mL de HCl (CONC) e 1,0 mL HNO3 (CONC)). A mistura foi aquecida em bloco digestor a 160° C até a secura, após, adicionou-se novamente 3 ml de água régia aquecendo por um minuto para o desagregamento do resíduo. Após o aquecimento, deixou-se a solução esfriar e acrescentou-se 17 mL de água deionizada, agitou-se para homogeneizar. Em seguida procedeu-se às leituras do teor de Cromo e Cobre por espectrofotometria de absorção atômica, utilizando um Espectrofotômetro modelo SPECTAA 220, marca VARIAN.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: De acordo com a EPA (THOMAS, 1987.; SILVA, 2002), os sedimentos são considerados não poluídos para as concentrações de cobre menores que 25 mg/kg, moderadamente poluído na faixa de 25 a 50 mg/kg e altamente poluído maiores que 50 mg/kg. Conforme na Tabela 1. os rios Salobra e Cuianá- Sto Antônio do Leverger se encontram não poluído, enquanto os rios Miranda- Montante do Salobra, Miranda-Passagem da Conceição do Lontra, Bento Gomes e Cuiabá encontram se moderadamente poluído, e apenas o rio Miranda- Jusante o Salobra se encontra altamente poluído. Para o cromo, os sedimentos são considerados não poluídos menores que 25 mg/kg, moderadamente poluído na faixa de 25 a 70 mg/kg e altamente poluído maiores que 70 mg/kg. Conforme na Tabela 1. os rios Salobra, Miranda - Passo do Lontra, Bento Gomes e Cuiabá - Sto Antônio do Leverger se encontram não poluídos, e os rios Miranda - Montante do Salobra, Miranda - Jusante do Salobra e Cuiabá - Passagem da Conceição se encontram moderadamente poluídos. A média do folhelho mundial é 45,0mg Cu/kg e 90,0mg Cr/kg (TUREKIAN et al, 1961.; SILVA, 2002), as concentrações obtidas neste estudo foram inferiores a esse valor, com exceção do rio Miranda – Jusante do Salobra que possui concentração superior de Cu de 59,3mg/kg.
CONCLUSÕES: Concluir-se que as classificações da concentração de Cobre nos sedimentos dos rios apresentam na maioria dos rios, moderadamente poluídos. Já a concentração de Cromo em sedimentos das apresentaram-se entre não poluídos e moderadamente poluídos. Porém é importante lembrar que no Brasil não existe uma legislação que especifique os níveis de contaminantes nos sedimentos para a proteção da vida aquática.
AGRADECIMENTOS: Agradeçemos ao CNPq pela bolsa concedida à Keila Cristina Pinheiro Antunes e Sumaya Ferreira Guedes.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: EMBRAPA. Manual de Análises Químicas de Solos, Plantas e Fertilizantes. Comunicação para transferência de Tecnologia, 1999.
FÖSTNER, U.G.; WITTMANN, G.T.W.; Metal Pollution in the Aquatic Environmental, Springer-Verlag: Berlin, 1981. p.486.
PELD – Programa de Pesquisas Ecológicas de Longas Duração. Relatório do Sítio, 2004. p. 4.
PROJETO GEF - Avaliação da contaminação por mercúrio em peixes do Alto Pantanal – Mato Grosso – Brasil. Departamento de Química da UFMT. CASTRO E SILVA, E. (coordenador). Cuiabá, 2002. p.4. Relatório Final.
SILVA, M.R.C.; Estudo de sedimentos da Bacia Hidrográfica do Moji-Guaçu, com ênfase na determinação de metais. São Carlos, Universidade Federal de São Paulo, 2002. p.66-70. Dissertação de Mestrado.
THOMAS, R.L.A. Protocol for the selection of process-oriented remedial options to control in situ sediment contaminants. Ecological effects of in situ sediment contaminants. Hydrobiol, v.1149, p.247-258, 1987.
TUREKIAN, K.K.; WEDEPOHL, K.H. Distribution of the elements in some major units of the earthcrust. Bulletim Geography Society American, v.72, p.175-192, 1961.