ÁREA: Ambiental
TÍTULO: FITOEXTRAÇÃO De Cr, Cu, Co, Cd E Pb POR CROTALARIA PS EM SOLOS DA PERIFERIA DE TERESINA
AUTORES: SILVA, F. C. S (UFPI) ; ARAÚJO, S. B. (UFPI)
RESUMO: As espécies do gênero Crotalaria (Fabacea) que ocorrem naturalmente em Teresina-PI possuem alguma tendência para acumular seletivamente alguns metais pesados; na literatura encontram-se, inclusive, relatos de hiperacumulação confirmada, como é o caso da espécie C. cobalticola (Oven et al, 2002). Amostras das espécies C. retusa e Crotalaria sp foram coletadas em uma chácara na periferia da cidade e analisadas por EAA para Co, Cr, Cu e Pb.Os resultados mais expressivos, 35,05 mg kg-1 para Cu em C. retusa e 36,42 mg kg-1 também para Cu em Crotalária sp, indicam um bom desempenho das duas espécies, apesar do solo local ser relativamente pobre. Os fatores de enriquecimento raiz/solo(com exceção do Co em C. retusa)são superiores à unidade, chegando a valores maiores que 10 (WEI et al, 2006; WANG, Y.P., 2005).
PALAVRAS CHAVES: crotalaria , metal pesado, fitoacumulação
INTRODUÇÃO: A fitoacumulação consiste em extrair metais do solo através de espécies vegetais com características hiperacumuladoras, sendo uma importante forma de controle de sítios contaminados por metais pesados sendo um método eficaz, não agressivo e de baixo custo (Robinson et al, 1997) e (EPA, 1998). As espécies do gênero Crotalaria (Fabacea) que ocorrem naturalmente em nossa região, possuem essa característica, podendo haver entre elas, alguma acumuladora seletiva para alguns metais pesados; na literatura encontram-se, inclusive, relatos de hiperacumulação confirmada, como é o caso da espécie C cobalticola (Oven et al, 2002). Atualmente o fenômeno da hiperacumulação se define resumidamente como sendo a capacidade que uma dada espécie de planta possui em acumular, no mínimos, as seguintes concentrações de metais: Zn e Mn - 10.000 mgkg-1; Au - 1 mgkg-1 e Cd - 100 mg kg-1. Para As, Pb, Cu, Ni, concentrações superiores a 1000 mg kg-1 na matéria seca (Wei et al, 2006).
O presente trabalho tem por objetivo avaliar a capacidade fitoacumuladora de metais pesados (MPs) por plantas do gênero Crotalaria, visando criar subsídios que possam auxiliar na explicação da alta toxicidade de algumas espécies.
MATERIAL E MÉTODOS: As amostras de planta foram coletadas em uma chácara situada na Zona Sudeste de Teresina. Coletadas no período de pico da estiagem (outubro de 2006), a planta foi colhida inteira e, após ser limpa com abundante água de torneira e água destilada, foi posta ao ar e depois em estufa a 60-65 graus °C por, no mínimo, 70 horas e resfriadas a temperatura ambiente no interior de dessecador. A pulverização foi feita em um moinho “Pulverisette 14” com peneiras de malha 0,5 mm. Os pós obtidos foram estocados em frasco de vidro com tampas de plástico (BRASIL, 1999). As amostras de solo foram coletadas no mesmo dia e local das de planta, seguindo o procedimento recomendado pela EMBRAPA (BRASIL, 1999). O material foi seco em estufa a 42 graus Célcius durante cinco dias, triturado em graal de porcelana e passado em peneira de 0,25 mm. A extração dos metais foi feita com solução de EDTPA, conforme recomendações do Instituto Agronômico de Campinas(ABREU, 2001). Os metais(Co, Cr, Cu e Pb) foram analisados no Laboratório de Análise de Combustíveis, LAPETRO/UFPI, empregando-se um Espectrofotômetro de absorção atômica VARIAN FS–220, com chama de ar/acetileno.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: A planta apresenta fator de enriquecimento raiz/solo satisfatório para cada metal, exceto o Co na C. retusa, como segue: Crotalária retusa: Pb: 3,763, Co: 0,371, Cr 69,165 e Cu: 6,541. Crotalaria sp : Pb: 4,052, Co: 2,650, Cr: 31,180 e Cu: 11,886. Os teores de metal na planta situam-se entre valores mínimos e máximos nas seguintes faixas: Crotalaria retusa - Pb: 8,625 mg kg-1 (folhas) e 6,637 mg kg-1 (vagens ); Co: 3,212 mg kg-1 (vagens) e 0,563 mg kg-1 (folhas); Cr: 21,552 mg kg-1 (raiz) e 1,344 mg kg-1(vagens); Cu: 35,046 mg kg-1 (folhas) e 22,964 mg kg-1 (Vagens). Crotalaria sp - Pb: 10,305 mg kg-1 e 8,585 mg kg-1 (vagens ); Co: 1,812 mg kg-1 (folhas) e 0,780 mg kg-1 (caule); Cr: 13,849 mgkg-1 (vagens) e 6,112 mg kg-1(raiz); Cu: 36,421 mg kg-1 (folhas) e 20,673 mg kg-1 (vagens). Alguns casos de envenenamento de animais no local podem ter explicação no altos teores encontrados principalmente nas folhas.
CONCLUSÕES: Os fatores de enriquecimento planta/solo calculados a partir destes dados indicam que a planta em apreço é bastante eficiente como acumuladora de cobre e crômio; razoável para cobalto e pouco eficiente chumbo. A pesar de ser uma planta de médio a pequeno porte, tem um ciclo biológico (cerca de 90 dias) bastante favorável para ser utilizada em fitorremediação de solos contaminados por esses metais. Isto é, o replantio pode ser feito até três vezes por ano. Os teores de metais pesados encontrados no solo estão todos abaixo dos valores médios citados na literatura internacional, bem como dos valores considerados tóxicos para as plantas (Roos,1994) citado por (Fadigas et al., 2002).
AGRADECIMENTOS: Ao PIBIC/UFPI pelo apoio financeiro; Ao LAPETRO pelo suporte técnico.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: 1-ABREU, C. A. de; ABREU, M. F. de ANDRADE, J. C. de. In: Análise Química para Avaliação de Fertilidade de solos Tropicais. Campinas – SP:; Raij et al. ed. Instituto Agronômico de Campinas, 2001.
2-BRASIL. Empresa brasileira de pesquisa agropecuária (EMBRAPA), Manual de análises químicas de solos, plantas e fertilizantes. organizador Fábio César da Silva, 1ª ed. Brasília, 1999.
3-FADIGAS, AMARAL-SOBRINHO, N. B. do MAZUR, N ; ANJOS, L. H. C. dos; FREIXO, A. A. Concentrações naturais de metais pesados em algumas classes de solos brasileiros.Bragantia vol.61 no.2 Campinas May/Aug. 2002.
4-OVEN, M. et al. Increase of free cysteine and citric acid in plant cells exposed to cobalt ions. Phytochemistry, v. 60, n. 5, p. 467-474, jul. 2002.
5-ROBINSON, B. H. et al. The nickel hyperaccumulator plant Alyssum bertolinii as a potential agent for phytoremediation and phytomining of nickel, Journal of Geochemical Exploration v. 59, n. 2, pp. 75-86. Jun. 1997.
6-ROSS, S.M. Toxic metals in soil-plant systems. Chichester: John Willey & Sons, 1994. 469p.
7-WANG, Y. P. et al. Human liver microsomal reduction of pirrolizidine alkaloid N-oxides to form the corresponding carcinogenic parent alkaloid. Toxicology letters, v. 155, n. 3, p. 411-420, mar. 2005.
8-WEI,S. ZHOU,Q. KOVAL,P.V. Flowering stage characteristics of cadmium hyperaccumulator solanum nigrum L. and their significance to phytorediation. Sci Total Environ V.369, p. 441-446, Julh. 2006.