ÁREA: Ambiental
TÍTULO: HIDROQUÍMICA DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DA BACIA DO RIO DO PEIXE, BAHIA
AUTORES: ROCHA, T.S. (UFBA) ; PESSOA, Z.B. (UFBA) ; BERETTA,M. (UFBA)
RESUMO: Este trabalho teve como objetivo fazer uma avaliação e caracterização da qualidade química natural das águas subterrâneas dos poços equipados com dessalinizadores instalados na bacia do Rio do Peixe do semi-árido baiano, visando promover um melhor manejo na exploração deste recurso. As amostras foram classificadas pelo tipo hidroquímico através do diagrama de Piper. Os teores elevados de STD, DT e cloretos indicam que todos os poços analisados estão fora dos padrões para consumo humano e são inapropiados para a irrigação devido ao perigo de sodificação do solo.
PALAVRAS CHAVES: hidroquímica, poços, dessalinizadores
INTRODUÇÃO: A Sub-Bacia do Rio do Peixe está localizada no semi-árido baiano, uma região que é caracterizada pela escassez de água, devido à baixa precipitação pluviométrica ou mesmo uma irregular distribuição temporal e espacial. O solo é formado por embasamento cristalino em quase sua totalidade, o que favorece a salinização dos aqüíferos. Uma solução eficaz e viável para falta de água potável é a utilização dos mananciais subterrâneos que são ainda pouco utilizados e ausentes de microorganismos patogênicos. Segundo a ABAS (Associação Brasileira de Águas Subterrâneas) poderiam ser extraídos do subsolo nordestino 19,5 milhões de metros cúbicos de água sem que seus mananciais se esgotem. Regiões áridas e semi-áridas têm a água subterrânea como o único recurso hídrico disponível para uso humano. Segundo o Censo de 2000, aproximadamente 61 % da população brasileira é abastecida, para fins domésticos, com água subterrânea, sendo que 6% se auto-abastece das águas de poços rasos, 12% de nascentes ou fontes e 43% de poços profundos. (ABAS, 2006).
A dessalinização das águas pelo método da osmose reversa, é amplamente utilizada como principal fonte de água doce para as comunidades da região, portanto, é de extrema importância entender os processos químicos que ocorrem em águas naturais subterrâneas com o objetivo de purificação e utilização para consumo humano. Neste contexto é fundamental a caracterização de alguns compostos encontrados nos aqüíferos e suas inter-relações.
Este trabalho teve como objetivo fazer uma avaliação e caracterização da qualidade química natural das águas subterrâneas dos poços equipados com dessalinizadores instalados na bacia do Rio do Peixe do semi-árido baiano, visando promover um melhor manejo na exploração deste recurso.
MATERIAL E MÉTODOS: No desenvolvimento deste trabalho, foram consultados, dados de análise química de 30 poços perfurados com dassalinizadores instalados na micro-bacia do rio do Peixe, distribuídos em 06 municípios. Após consulta ao banco dados da CERB, foram selecionadas 15 localidades para visita e coleta localizadas nos municípios de Ipirá; Baixa Grande; Macajuba; Mairí; Mundo Novo.
Para avaliar a qualidade química da água foram feitas 02 campanhas de amostragem – março/06 e janeiro/07 – e analisados os parâmetros: Bicarbonatos (HCO3-); Carbonatos (CO3=); Cálcio (Ca+2); Cloreto (Cl-); Condutividade Elétrica (CE); Dureza total (DT); Magnésio (Mg+2); Turbidez; Sulfato (SO4=); Sólidos Dissolvidos (STD); Sódio (Na+); Potássio (K+); Dureza Permanente (DP ) no Laboratório do Departamento de Engenharia Ambiental – LABDEA, segundo a metodologia do Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater 21a ed. (2005). Para os parâmetros Condutividade, Sólidos Totais Dissolvidos e pH os valores foram obtidos no momento da coleta através de uma sonda multi-paramétrica (Multi Probe System YSI 556 MPS).
A consistência das análises foi realizada pela observância de determinados quesitos inerentes a uma análise a mais criteriosa possível; como por exemplo, avaliação do erro pratico considerando a condutividade elétrica segundo critérios definido por Custodio e Llamas, 1983.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: As amostras foram classificadas pelo tipo hidroquímico de acordo com o íon ou grupo de íons predominantes através do diagrama de Piper, apresentando os seguintes resultados: para os cátions – 6,7% de águas sódicas, 23,3% de águas magnesianas e 70,0% de águas mistas; para os ânions – 100% de águas cloretadas; no geral 6,7% de águas sulfatadas ou cloretadas sódicas e 93% de águas sulfatadas ou cloretadas cálcicas ou magnesianas. A predominância é de sais de cloreto de magnésio e cloreto de sódio.
O grau de associação entre os anions e cátions foi representado graficamente, através do gráfico de dispersão, apresentado uma correlação muito forte entre cloreto e sódio (r=0,9628) e cloreto e magnésio (r=0,9529), já para cloreto e cálcio a correlação foi menor (r=0,8868).
Para os parâmetros de sólidos totais dissolvidos, dureza total e cloreto foram avaliados os valores mínimos e máximos encontrados: STD mínimo = 2510 mg/L e STD máximo= 15.490 mg/L; DT mínimo= 689 mg/L e DT máximo = 6.389 mg/L; Cl mínimo= 684 mg/L e Cl máximo = 6.188 mg/L.
CONCLUSÕES: Os teores elevados de STD, DT e cloretos indicam que todos os poços analisados estão fora dos padrões para consumo humano. A portaria nº. 518/GM do Ministério da Saúde (Brasil, 2004) estabelece um patamar máximo de 1000mg/L para o STD; 500 mg/L para dureza total e de 250mg/L para cloretos. Para dessedentação de animais o parâmetro de referencia é o sólido total dissolvido, considerando que os animais possuem uma quantidade de assimilação diferenciada. No que se refere à qualidade das águas para irrigação os poços analisados são inapropiados para a irrigação devido ao perigo de sodificação do solo.
AGRADECIMENTOS:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: ABAS, 2006. Disponível em www.abas.org.br/. Acesso em 22/06/6
CUSTODIO, E.; LLAMAS, M.R. 1983. Hidrologia Subterrânea. 2 ed. Barcelona: Omega. 2v
Portaria nº. 518/GM do Ministério da Saúde, 2004. Disponível em www.saude.gov.br/sas/portarias. Acesso em 01/12/04.
Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater 21a ed. (2005)