ÁREA: Ambiental

TÍTULO: RETENÇÃO DE ÁGUA E LIBERAÇÃO DE CO2 DE UM NEOSSOLO FLÚVICO ADICIONADO DE MATERIAL VEGETAL (ALGAS MARINHAS)

AUTORES: VIANA, E. F. (DEN-UFPE) ; COLAÇO, W. (DEN-UFPE)

RESUMO: Resumo - Experimentos de laboratório foram realizados para verificar a influencia da adição das algas marinhas na capacidade de retenção da água pelo solo e na liberação de CO2. O CO2 liberado do solo foi monitorado em sistema de incubação fechado por 22 dias. Os resultados demonstraram que a adição de 2, 4 e 6 % do material (algas marinhas) ao solo, provocou aumentos da água armazenada na faixa de 0 a 6 kPa. A adição do resíduo mostrou que a incorporação de incrementos de apenas 2%, em peso de solo influenciou a liberação do CO2 do solo, as taxas mostraram-se aumentadas, refletindo variações na dinâmica da microbiota do solo. Os resultados indicam que o uso de misturas algas - solo como condicionares melhora a capacidade de retenção de água, possibilitando sua utilização nos solos.

PALAVRAS CHAVES: palavras chaves: resíduo, retenção de água, dióxido de carbono, algas marinhas

INTRODUÇÃO: INTRODUÇÃO: Acumulações de macroalgas marinhas, vulgarmente conhecidas como sargaço, ocorrem, de modo natural, no litoral nordestino. Essa “ficomassa“, além de sua flexibilidade, pode reter água em proporções consideráveis. Tal material, quando moído e incorporado ao solo, parece agir como esponjas microscópicas acumulando água e também estimulando a atividade microbiana do solo. As algas marinhas constituem uma das mais ricas e pródigas fontes de recursos naturais renováveis, ainda não corretamente utilizados pelo homem, em toda sua plenitude, representando matéria prima de inquestionável importância, como produtos naturais e derivados (FERREIRA et al., 1993). Até há cerca de três décadas, o mundo ocidental desconhecia praticamente tudo acerca das algas. Entretanto, desde a Antigüidade devido às suas propriedades alimentares e terapêuticas, as algas marinhas são cada vez mais procuradas pela indústria, principalmente para a fabricação de cosméticos e na agricultura (BICUDO; BICUDO, 1970; MENEZES; BICUDO, 2005).
Na cosmética, os cremes elaborados com as algas ou os seus extratos, permitem uma re-hidratação da pele, graças a água acumulada nas suas mucilagens (AIDAR-ARAGÃO; VIEIRA, 1986). Na agricultura, as algas constituem um excelente adubo para os campos de cultivo, por possuir maiores quantidades de nitrogênio e potássio (elemento básico para as plantas) do que o tradicional estrume (AIDAR-ARAGÃO; VIEIRA, 1986; MENEZES; BICUDO, 2005). Considerando o acima exposto, o presente trabalho objetiva avaliar a influência da adição de algas marinhas em diversos percentuais no aumento da água armazenada no solo e dessa forma na liberação do CO2 de um Neossolo flúvico de textura franco arenosa.


MATERIAL E MÉTODOS: MATERIAL E MÉTODOS: O solo utilizado foi coletado da localidade do Curado, situada em Recife - Pernambuco, onde está localizado o Departamento de Energia Nuclear (DEN) da Universidade Federal de Pernambuco. O solo foi classificado como Neossolo flúvico, de textura franco-arenosa. As algas marinhas foram coletadas nos meses de outubro a novembro, na praia de Candeias, 20 km ao sul da cidade do Recife. O material foi umedecido com água do mar e acondicionado em sacos de plásticos e, no laboratório lavado com água deionizada, seco em estufa até peso constante e triturado. Para levantamento das curvas de retenção de água os seguintes tratamentos referentes às misturas solo-algas marinhas foram estabelecidos: 0, 2, 4 e 6% da massa vegetal para 250g de solo, tais quantidades sendo corrigidas em massa de material seco em estufa a 105˚ C. As amostras (solo-algas marinhas) foram saturadas por 24 horas e em seguida submetidas a diferentes potenciais mátricos (Ψm) em mesa de tensão e em panela de pressão conforme REICHARDT (1985). O sistema de incubação empregado foi semelhante ao desenvolvido por (FERREIRA, 1997), consistindo de frascos de vidro de aproximadamente 1670 cm3, nos quais foram colocados recipientes de alumínio contendo amostra de solo-algas e béqueres contendo 20 ml de uma solução de NaOH 5N, para absorção do CO2 liberado do solo. O percentual (algas marinhas) adicionado foi de 2% em relação à massa da amostra de solo (250 g). Os frascos de vidro foram incubados em laboratório a uma temperatura de 25+/- 2°C, por um período de 22 dias. As determinações do CO2 liberado do solo foram feitas por volumetria de neutralização em titulador automático. Os efeitos dos tratamentos foram avaliados pelo teste F e as médias foram comparadas pelo teste de Tukey.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: RESULTADOS E DISCUSSÃO: A figura 1 representa a curva de retenção de água do solo com diferentes percentuais da mistura solo – algas marinhas. A análise de variância indicou que não houve diferença significativa para a água retida com as diferentes misturas solo - algas marinhas (2, 4 e 6%) para sucções acima de 10 Kpa, nessa faixa de sucção, a aplicação do material vegetal ao solo não influenciou a capacidade de retenção de água. Abaixo de 6 kPa o gráfico mostra que a incorporação de incrementos de 2, 4 e 6% de algas marinhas, provocaram aumentos bastante sensíveis da água armazenada na faixa considerada, as quais são fortemente afetadas pela estrutura do solo. Com a estimativa da atividade microbiana através da liberação de CO2 foi possível avaliar os efeitos da aplicação do material vegetal no solo durante o período de incubação. Os resultados obtidos (Figura 2) indicam que a adição ao solo do material influenciou na liberação do CO2 do solo. O teor inicial do CO2 liberado em resposta a adição do material apresentou-se significativamente ampliado, em relação ao obtido com o controle. Esses valores concordam com os encontrados na literatura, que confirmam ser a produção de CO2, intensificada pela adição de material orgânico ao solo, evidenciando as variações nas taxas de respiração microbiana em resposta a fertilização com diferentes resíduos (FERREIRA, 1997; NUERNBERG et al., 1984). A estimativa através da liberação de CO2 é bastante indicada como uma ferramenta para avaliar a recuperação de áreas degradadas, pelo seu baixo custo, eficiência e rapidez (JOLY, 1993; PASSIANOTO et al., 2001).





CONCLUSÕES: CONCLUSÕES: Os resultados indicam que o uso de misturas algas-solo como condicionador da umidade do solo, pode melhorar a capacidade de retenção de água. A baixa sucção, a incorporação de incrementos de 2, 4 e 6% de algas marinhas, provocou aumentos bastante sensíveis da água armazenada na faixa considerada.
Os resultados indicam que a adição ao solo do material influenciou na liberação do CO2 do solo. A estimativa da atividade microbiana através da liberação de CO2 mostrou-se excelente ferramenta para avaliar a recuperação de áreas degradadas, pelo seu baixo custo, eficiência e rapidez.


AGRADECIMENTOS:

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
AIDAR-ARAGÃO, A.; VIEIRA, A. A. H. Cultivo de micro-algas planctônicas de águas continentais e marinhas no Brasil. In: Algas: a Energia do Amanhã. Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo, 1-5, 1986.
BICUDO, C. E. M., BICUDO, R. M. T. Algas de águas continentais brasileiras. São Paulo: FBDE, 1970. 288p.
FERREIRA, E. B. Efeitos da compactação, conteúdo de água e fontes de carbono e nitrogênio, na aeração do solo. (Dissertação de Mestrado) - n.80, p.75,1997. UFPE/DEN.
FERREIRA, E. B.; COLAÇO, W.; CARNEIRO, C. J. G. Utilização potencial das algas marinhas como condicionadores na retenção de água nos solos. In: XXIV CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIA DO SOLO, Goiânia: Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, v.1, p. 567-568, 1993.
JOLY, A. B. Botânica: introdução à taxonomia vegetal. São Paulo: Editora Nacional, 1993.
MENEZES, M.; BICUDO, C.E.M. 2005. Coleções biológicas: proposta de um metabanco nacional de algas. In: REUNIÃO BRASILEIRA DE FICOLOGIA, 10., 2004, Salvador. Formação de Ficólogos: um compromisso com a sustentabilidade dos recursos aquáticos: anais... Rio de Janeiro: Museu Nacional. p. 199-205. Org. Sociedade Brasileira de Ficologia (Série Livros; 10).
NUERNBERG, N. J. VIDOR, C.; STAMMEL, J. G. Efeito de sucessões de culturas e tipo de adubação na densidade populacional e atividade microbiana do lo. Rev. Bras. Ci. Solo, Campinas, v.8, n.2,p. 197-203. 1984.
PARKINSON, D.; COUPS. E; Microbial activity in a podzol. In: Soil organism. Ed. by Doeksen, J. and van der Drift, J. 167-175. North Holland Publishing Co., Amsterdam.1982.
PASSIANOTO, C. C; CASTILHOS, D. D.; CASTILHOS, R. M. V.; LIMA, A. C. R.; LIMA, C. L. R. Atividade e biomassa microbiana no solo com aplicação de dois diferentes lodos de curtume. Rev. Bras. Agrociencia, v.7 n 2. p. 125-130, 2001.
REICHARDT, K. Processos de transferência no sistema solo-planta-atmosfera. 4. ed. Campinas: Fundação Cargill, 1985. 445p.