ÁREA: Ambiental

TÍTULO: NOVO PERFIL DE QUALIDADE DA ÁGUA DO RIBEIRÃO LAVAPÉS APÓS TRATAMENTO DO ESGOTO DA CIDADE DE BOTUCATU–SP

AUTORES: SILVA, F.A. (UNESP - IBB) ; TRAFICANTE, D.P. (UNESP - IBB) ; NEVES, R.C.F. (UNESP - IBB) ; FLORENTINO, A.O. (UNESP - IBB) ; CHINELATO, F.C.S. (UNESP - IBB) ; BICUDO, R. (UNESP - IBB) ; VALENTE, J.P.S. (UNESP - IBB)

RESUMO: Este trabalho mostra os resultados da avaliação da qualidade da água do Ribeirão Lavapés que atravessa a cidade de Botucatu-SP, feita um ano após o inicio do tratamento do esgoto sanitário na cidade. O novo perfil foi avaliado em termos de oxigenação, matéria orgânica e nutrientes (N e P). Observou-se uma melhora na qualidade da água, o que possibilitou a identificação de fontes de contaminações pontuais, fixas e eventuais, responsáveis pelo lançamento de poluentes em concentrações significativas. Houve também uma diminuição no transporte de nutrientes (N e P) para a represa de Barra Bonita. Observou-se ainda que as concentrações de poluentes na foz do ribeirão Lavapés são elevadas quando comparadas às do rio Capivara, essencialmente rural e que têm nascentes e foz próximas uma da outra.

PALAVRAS CHAVES: ribeirão lavapés; poluição da água; botucatu-sp.

INTRODUÇÃO: A adição e o excesso de matéria orgânica nos cursos d’águas leva ao consumo excessivo do oxigênio dissolvido, devido à oxidação química e/ou bioquímica durante a respiração dos microrganismos nos processos naturais de depuração dessa matéria orgânica. Por outro lado, os nutrientes, nitrogênio e fósforo, contribuem para o aumento da eutrofização desses cursos d’água levando a um aumento de macrofilas e algas (VALENTE et al., 1997a). Sendo assim, o Carbono Orgânico Total (TOC), Oxigênio Dissolvido (OD) e o teor de Nitrogênio e Fósforo são parâmetros de fundamental importância na avaliação da qualidade da água. Neste contexto, foi avaliado um perfil, em termos de oxigenação, matéria orgânica, nitrogênio e fósforo, da água do Ribeirão Lavapés, um ano após o inicio do tratamento do esgoto sanitário, na cidade de Botucatu-SP. O Ribeirão Lavapés é um curso d’água que nasce próximo à cidade de Botucatu e atravessa a mesma em direção a represa da cidade de Barra Bonita-SP, no rio Tietê. A cidade de Botucatu, com cerca de 130.000 habitantes, localizada na região centro-oeste do estado de São Paulo, até meados de 2006, lançava neste ribeirão todo o seu esgoto sem nenhum tratamento, transformando-o em um curso de esgoto a céu aberto, com zonas de autodepuração, totalmente anaeróbias, nas proximidades da cidade (VALENTE et al., 1997b). Assim, o atual perfil de qualidade água deste recurso hídrico, foi comparado com a qualidade da água do rio Capivara, que tem nascente e foz próximas à do Lavapés, mas que só recebe apenas poluição rural, quando a água é lançada na represa da Barra Bonita, no rio Tietê.

MATERIAL E MÉTODOS: As amostras de água foram coletadas em 8 pontos ao longo de 21 km do Ribeirão Lavapés, partindo da nascente até a foz. Para comparação foram coletadas amostras em dois pontos do rio Capivara, com nascente e foz próximas à do Lavapés, mas que só recebe apenas poluição rural. Além disso, coletaram-se amostras, em 1 ponto, em um afluente do Lavapés dentro da cidade. Os principais parâmetros analisados foram Oxigênio Dissolvido (OD) determinado pelo método de Winkler, Carbono Orgânico Total (TOC) e Nitrogênio Total (TN) determinados por um analisador de TOC e TN da Shimadzu. O fósforo foi medido pelo método do azul de molibdênio.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Observou-se que o OD foi de 7,6 mg L-1 na nascente e caiu para 6,8 mg L-1 logo nos primeiros pontos da cidade, mantendo-se próximo a este valor até sua foz, na represa da Barra Bonita. Observou-se também que os pontos em que não havia OD, há um ano, se recuperaram após este tempo de tratamento de esgoto. O TOC na nascente foi baixo, 3,0 mg L-1 expresso em O2, e subiu para 12 mg L-1 nos pontos iniciais da cidade, mantendo-se próximo a este valor nos demais pontos caindo para 8,2 mg L-1 em sua foz. O TN, na nascente foi 0,20 mg L-1, subindo para 4,5 no início da cidade mantendo estável até a saída, onde apresentou redução para cerca de 2 mg L-1. Na zona rural essa concentração subiu para 9,0 mg L-1. Isso se deve provavelmente à poluição de fazendas de cana, existentes na região, na foz a concentração caiu para 6,2 mg L-1. Quanto ao nutriente P, a concentração na nascente foi de 0,007 mg L-1, subiu para 0,237 mg L-1 no início da cidade, permaneceu praticamente constante por todo o percurso, caindo para 0,031 mg L-1 na foz. Em um ponto, próximo da saída da cidade, as concentrações de TOC, TN e P caíram ligeiramente. Provavelmente devido ao lançamento de água de melhor qualidade, do tributário córrego Água Viva, mas devido à baixa vazão, o nível de concentração voltou rapidamente aos valores próximos da concentração anterior. Em um determinado dia, neste ponto foi identificado o lançamento de efluente eventual (possivelmente clandestino), que aumentou o TOC de 10,10 para 155,00 mg L-1, TN de 3,10 para 6,30 mg L-1 e P de 0,14 para 0,27 mg L-1. A qualidade da água na foz do rio Capivara foi superior à do Ribeirão Lavapés, com valores de OD, em torno de 20% superiores, TOC 33%, TN 95% e P 37% inferiores.

CONCLUSÕES: A qualidade da água do Ribeirão Lavapés melhorou após o início do tratamento do esgoto de Botucatu. O novo perfil permitiu identificar pontos de lançamento de poluentes na zona rural e pontos eventuais na zona urbana. A poluição por N na zona rural é maior que na zona urbana. Houve uma redução do transporte de nutrientes oriundos da zona urbana para a represa de Barra Bonita. Houve também a eliminação das zonas de autodepuração e de pontos totalmente anaeróbios na área urbana, conseqüentes da elevada carga orgânica.

AGRADECIMENTOS: Agradecemos à FUNDIBIO e à Secretaria do Meio Ambiente do Município de Botucatu.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: VALENTE, J.P.S.; PADILHA, P.M.; SILVA, A.M.M. 1997a. Oxigênio dissolvido (OD), Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) e Demanda Química de Oxigênio (DQO) como parâmetros de Poluição no Ribeirão Lavapés/Botucatu-SP. Eclética Química, 22: 49-66.
VALENTE, J.P.S.; PADILHA, P.M.; SILVA, A.M.M. 1997b. Contribuição da cidade de Botucatu –SP com nutrientes (fósforo e nitrogênio) na eutrofização da represa de Barra Bonita. Eclética Química, 22: 31-48.