ÁREA: Ambiental
TÍTULO: ZONEAMENTO DA MAMONA: EFEITO DA ALTITUDE NAS PROPRIEDADES QUE AFETAM A LUBRIFICAÇÃO.
AUTORES: ARAUJO, A. M. M. (UERN) ; MARTINS, D. F. F. (UERN) ; JUNIOR, F. S. S. (UERN) ; SANTOS, A. G.D. (UERN) ; SOUZA, L. D. (UERN)
RESUMO: A Mamona tem se mostrada como uma boa alternativa no fornecimento de óleo para produção de biodiesel e a necessidade de se aumentar a sua produção para atender essa nova demanda deu origens aos zoneamentos das regiões mais adequadas aos seus cultivos em função das condições edafoclimáticas. Este trabalho tem a finalidade de analisar as propriedades relacionadas com a lubricidade do motor de óleos de mamona cultivadas em diferentes altitudes (parâmetro utilizado para o zoneamento das regiões agrícolas produtoras de mamona). Os resultados mostram que a densidade, a viscosidade e a tensão superficial são influenciadas pela altitude em que a mamona é cultivada.
PALAVRAS CHAVES: biodiesel, mamona e zoneamento
INTRODUÇÃO: Biodiesel é considerado um combustível ecológico, por ser biodegradável, não-tóxico e praticamente livre de enxofre e aromático, podendo ser usado em motores de ciclo diesel, pelo fato de possuir propriedades físico-químicas semelhantes, sem a necessidade de significantes adaptações. A Mamona tem se mostrada como uma boa alternativa no fornecimento de óleo para produção de biodiesel em função de seu fácil cultivo e das possibilidades de promover a fixação do homem no campo. Assim a necessidade de se aumentar a sua produção para atender essa nova demanda deu origens aos zoneamentos das regiões mais adequadas aos seus cultivos em função das condições edafoclimáticas. Essas condições seriam a altitude entre 300 e 1.500 m, precipitação pluviométrica de pelo menos 500 mm por ano e temperatura média do ar entre 20 e 30° C. O solo pode ser de vários tipos , argilosos, sódicos e ou salinos. Essas diversidades de condições têm gerado contradições no número de municípios considerados aptos ao seu cultivo, ou seja, zoneados. No entanto o óleo Para a produção de biodiesel necessita atender uma série de condições técnicas especificadas em legislações européias, sendo importante que o zoneamento atendesse também esses requisitos. essas condições incluem Propriedades como; Viscosidade, Densidade e Tensão Superficial, que exercem grande influência na circulação e injeção do combustível e, conseqüentemente, na vida útil do motor. Por esse motivo analisou estas propriedades dos óleos de mamona de quatro cidades distintas localizadas em diferentes altitudes (Luiz Gomes, Martins, Mossoró e Severiano Melo) , e as comparou com o padrão da CEN/TC visando identificar se a altitude (condição de zoneamento) os valores dessas propriedades e se os mesmos obedecem à legislação européia.
MATERIAL E MÉTODOS: A obtenção do óleo foi realizada através da extração à quente via solvente, no caso o solvente empregado foi o Hexano. Antes da extração as sementes foram lavadas e secas em estufa a 70 •C durante 24 hs.
O aparelho utilizado para medição da densidade e a da tensão superficial foi o Tensiômetro TD1 Lauda da Quimis. O processo de medição repetiu-se cinco vezes e calculou-se a média aritmética desses valores.
Para medição da viscosidade, fez-se uso de um viscosímetro Saybolt, na temperatura de 313 K. Repetiu-se esta operação três vezes e considerou-se a média aritmética como resultado. Com os valores encontrados aplicou-se a fórmula apropriada (equação 1) para obter-se os resultados da viscosidade cinemática.
Vcc = 0,2158 x (SSU)(equação 1)
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Observando-se os resultados mostrados na tabela 1 percebe-se uma diminuição da tensão superficial e da viscosidade nos óleos com o aumento da altitude, exceto os resultados obtidos para os óleos de Martins.
Comparando o parâmetro viscosidade com o requisito altitude do zoneamento se conclui que os locais zoneados apresentarão óleos com viscosidades mais apropriados (viscosidade se aproxima mais do valor legal) que os locais não zoneados. O mesmo acontece com o parâmetro tensão superficial, já que menor tensão superficial facilita a volatilização do combustível e assim torna a queima mais completa evitando a formação de resíduos sólidos que prejudicam a lubrificação.
Para a densidade não existe nenhuma relação com a altitude em que a mamona foi cultivada e a densidade do óleo obtido, indicando que esta propriedade independe da altitude de cultivo.
No tocante a legislação observa-se que as densidades encontradas estão todas abaixo do padrão exigido pela CEN/TC, enquanto as viscosidades estão todas acima deste.
No caso de Martins, os resultados obtidos pode ser decorrentes do tipo de solo e do clima que afetam no desenvolvimento da plantação alterando a composição dos óleos presentes na amostra tornando-a mais viscosa e menos densa. Isto foi preliminarmente confirmado por cromatografia de camada delgada (CCD), embora ensaios mais completos com a identificação dos compostos por CG ou HPLC sejam necessários para esclarecer melhor este assunto.
CONCLUSÕES: Baseado nos resultados discutidos concluiu-se que nenhum óleo analisado está dentro do padrão europeu com respeito as propriedades viscosidade, densidade; ocorre uma diminuição da viscosidade e da tensão superficial dos óleos a medida que a altitude aumenta, exceto para os óleos de Martins; Não se encontrou relação entre a altitude e a densidade dos óleos; Os padrões de zoneamento para produção de óleo de mamona para fabricação de biodiesel pode apresentar cidades zoneadas que produzem óleo de qualidade inferior a cidades não zoneadas.
AGRADECIMENTOS: Ao CNPq.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BELTRÃO, N.E. de M. Informações sobre o biodiesel, em especial feito com o óleo de mamona. Campina Grande: Embrapa Algodão, 2003. 3p. (Embrapa Algodão. Comunicado Técnico, 177). CNPA 1060.
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CLEMENTIN, R. M.; PONTELLI, G. C.; MORONVILLARREYES, J.A.; D'OCA, M.G.M. Extração de óleo de mamona a frio visando a sintese de biodiesel. In: 3 Congresso Brasileiro de Plantas oeleaginosas, óleos, gorduras e biodiesel, 2006, Varginha. Resumos do 3 Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, óleos, gorduras e biodiesel, 2006. p.72.