ÁREA: Química Analítica

TÍTULO: Determinação de Ba, Cu, Fe, Mn, Sr e Zn associados às proteínas presentes na casca interna do ouriço da castanha-do-pará

AUTORES: NUNES, P. O. (UFPA) ; FERNANDES, K. G. (UFPA)

RESUMO: Neste trabalho foi determinado Ba, Cu, Fe, Mn, Sr e Zn associados às proteínas presentes na casca interna do ouriço da castanha-do-pará. Procedimentos de extração de lipídeos e posteriormente de proteínas foram avaliados. As metaloproteínas foram solubilizadas em HNO3 2% (v/v) e posteriormente os metais foram determinados por espectrometria de emissão ótica com plasma acoplado indutivamente (ICP OES).

PALAVRAS CHAVES: ouriço da castanha-do-pará, metaloproteínas, icp oes.

INTRODUÇÃO: A Castanha do Pará (Bertholletia excelsa) pertence à família das Lecythidaceae, a castanheira pode atingia 50 metros de altura e mil anos de idade, é considerada uma das maiores riquezas da floresta amazônica e cada vez mais valorizada no mercado devido ao seu alto poder nutritivo, é a única semente comercializada internacionalmente que deve ser coletada na floresta. Tentativas de cultivação em áreas de exploração falharam, a coleta deve ser feita em habitat natural. O fruto (ouriço) é constituído por amêndoas, casca interna e casca externa. Alguns cientistas já comprovaram o poder nutritivo da castanha do Pará. Esta possui variadas aplicações que vai do artesanato ao tratamento da anemia, segundo a medicina popular a casca interna do ouriço é utilizada para reposição de ferro no organismo.
Nos últimos anos, a química analítica tem se voltado não apenas à determinação de elementos-traço, mas também tem buscado através da especiação de elementos-traço informações mais completas para identificar as formas químicas (espécies) e a estrutura dos compostos aos quais diferentes elementos estão associados, além disso busca-se quantificar individualmente uma ou mais espécies químicas. Elementos como Co, Cr, Cu, Fe, Mn, Mg, Mo, Se e Zn, são considerados essenciais à saúde por atuarem em importantes vias metabólicas participando de atividades associadas à síntese de proteínas, vitaminas e controle do metabolismo de diversas enzimas que atuam em processos de síntese e degradação necessárias à vida humana. Os metais são comumente encontrados em sistemas biológicos na forma livre (íons), associados a enzimas (metaloenzimas), proteínas (metaloproteínas) ou complexados com substâncias orgânicas (organometálicos) formando complexos de coordenação.



MATERIAL E MÉTODOS: A amostra foi adquirida na feira livre do Ver-o-Peso na cidade de Belém para utilização nos experimentos. A casca interna foi secada em estufa a 30 0C por 3 dias e depois pulverizadas. Para isolação das proteínas foi necessário primeiramente, realizar a extração de lipídeos presente na amostra com uma mistura clorofórmio-metanol (2:1). Após a retirada da fração lipídica, uma massa de aproximadamente 0,5 g da casca interna do ouriço da castanha-do-pará foi pesada em frasco de polietileno de 50 mL e depois foram adicionados 5 mL de solução 0,1 mol L-1 de NaOH. A mistura foi agitada em um agitador por efeito vortex durante 120 s e depois centrifugada durante 15 min a 5000 rpm. O sobrenadante foi transferido para um erlenmeyer. O procedimento acima foi novamente repetido. O volume de 10 mL obtido do sobrenadante foram neutralizados em pH 7,0 com solução 4,0 mol L-1 de H3PO4 e depois foram adicionados 40 mL de acetona. As amostras foram levadas para um freezer a uma temperatura de –14 ºC por 30 min. O precipitado obtido foi separado por centrifugação durante 15 min a 5000 rpm. O precipitado foi lavado com acetona três vezes e depois foi secado à temperatura ambiente. As proteínas precipitadas foram solubilizadas em banho de ultrassom durante 10 min com solução 2,0% v/v HNO3. Para a determinação dos metais na fração protéica por ICP OES, a curva analítica foi preparada a partir de soluções analíticas de referência em 2% v/v HNO3. O procedimento de extração das proteínas foi realizado em duplicata.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Para a determinação da composição mineral na fração protéica da casca interna do ouriço da castanha-do-pará por ICP OES foram construídas curvas analíticas de 10,0 a 50 mg L-1 Ba, Cu, Fe, Mn, Sr e Zn em meio HNO3 2,0% (v/v). Os coeficientes de correlação (r) das curvas analíticas obtidas foram de 0,9999. Os teores e os desvios padrão (n=3) obtidos na fração protéica para os metais na casca interna do ouriço foram 15,00 ± 0,39 mg g-1 Ba, 2,60 ± 0,12 mg g-1 Cu, 2,50 ± 0,01 mg g-1 Fe, 52,20 ± 6,57 mg g-1 Mn, 2,80 ± 0,25 mg g-1 Sr e 1,90 ± 0,08 mg g-1 Zn. O desempenho do método foi avaliado empregando-se o material de referência certificado de plantas (GBW07604). Os resultados para o material de referência certificado foram concordantes a um nível de confiança de 95% para todos os elementos aplicando-se o test t-Student.

CONCLUSÕES: O procedimento de extração proposto foi simples e eficiente para a determinação simultânea de Ba, Cu, Fe, Mn, Sr e Zn associados às proteínas presentes na casca interna do ouriço da castanha-do-pará por ICP OES. A composição mineral obtida mostrou a riqueza de minerais associados às proteínas presentes na amostra. Vale ressaltar, que uma parte do ferro encontrado na casca interna está associado às proteínas.

AGRADECIMENTOS: CT – INFRA/FINEP, LAPAC, LAQUANAM.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: Salgado, V. L.. Manual de medicina popular: A Fitoterapia da Amazônia. FICAP. 1991.
Andrade, E.C.B., Alves, S.P., Takase, I. Ciênc. Tecnol. Aliment., 25 (2005), 844-848.
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