ÁREA: Química Analítica
TÍTULO: AVALIAÇÃO DA BIODISPONIBILIDADE DE FERRO EM RAÇÕES UTILIZADAS EM PISCICULTURA UTILIZANDO-SE FAAS E EXTRAÇÃO POR ULTRA-SOM
AUTORES: NEVES, R.C.F. (UNESP - FMVZ) ; SILVA, F.A. (UNESP - FMVZ) ; MORAES, P.M. (UNESP - IBB) ; LOUREIRO, V.R. (UNESP - IBB) ; SALEH, M.A.D. (UNESP - IBB) ; MILANTONIO, R.B. (UNESP - IBB) ; VALENTE, J.P.S. (UNESP - IBB) ; PADILHA, P.M. (UNESP - IBB)
RESUMO: No presente é proposto um método para determinação de ferro biodisponível em amostras de rações de peixes utilizando-se ultra-som no processo de extração do analito e posterior quantificação por espectrometria de absorção atômica por chama. As condições ótimas de extração do analito estabelecidas foram: Solução extratora - HCl 0,10 mol L-1; Granulometria da amostra <60 um; Tempo de sonificação - 3 ciclos de 10 s; Potência de sonificação - 102 W. O método foi aplicado em estudos de disponibilidade de ferro em dietas de juvenis de tilápia do Nilo. Os resultados obtidos utilizando-se o método proposto possibilitaram o cálculo do coeficiente de disponibilidade aparente de ferro nas rações, o que não era possível utilizando-se os resultados obtidos de amostras mineralizadas por digestões ácidas
PALAVRAS CHAVES: ultra-som; faas; ferro biodisponível.
INTRODUÇÃO: As fontes alimentares utilizadas na dieta de animais terão um alto valor biológico se os nutrientes presentes na mesma apresentarem alta biodisponibilidade. Dessa forma, o animal deverá absorver e utilizar ativamente o nutriente no seu metabolismo (BOSSCHER et al., 2001). A determinação da concentração total do nutriente na fonte alimentar não fornece informação suficiente sobre a sua fração biodisponível. Na piscicultura, grande parte dos nutrientes não absorvidos pelos peixes permanece na água de cultivo, que é descartada nos mananciais hídricos, o que contribui significativamente no processo de eutrofização desses mananciais. Na nutrição de peixes o fósforo e o ferro estão entre os minerais que se apresentam numa forma pouco disponível. Com isso, grandes quantidades ou altas concentrações desses elementos são administradas ao animal, e não sendo totalmente absorvidos pelo organismo dos peixes, altas concentrações desses elementos são também excretados para a água de cultivo (GONÇALVES et al., 2004). Considerando o exposto, este trabalho descreve o desenvolvimento de um método para determinação de ferro biodisponível de amostras de rações de peixes utilizando-se extração por ultra-som e quantificação por espectrometria de absorção atômica em chama, permitindo assim, a estimativa do coeficiente de disponibilidade aparente desse nutriente em amostras de rações utilizadas na piscicultura.
MATERIAL E MÉTODOS: As amostras de rações de peixes foram desidratadas em estufa de recirculação forçada de ar e moídas em moinho criogênico. Após este tratamento as amostras apresentaram granulometria menor que 60 um. Em seguida, aproximadamente 100 mg de amostra e 10 mL de soluções diluídas de ácido clorídrico e/ou nítrico foram transferidas para frascos de teflon de 50 mL. A mistura amostra/solução foi então submetida à agitação por ultra-som para extração do ferro. Utilizando-se este procedimento foram avaliadas diferentes concentrações das soluções ácidas, tempos de sonificação e potências de ultra-som no processo de extração do analito. Os extratos ácidos obtidos foram separados da fase sólida remanescente por centrifugação. As determinações de ferro nos extratos ácidos foram feitas por espectrometria de absorção atômica por chama (FAAS) utilizando-se soluções padrão Titrisol MERCK no preparo da curva de calibração. As condições operacionais utilizadas foram as descritas no manual do fabricante do equipamento (COOKBOOK, 2000).
RESULTADOS E DISCUSSÃO: As condições ótimas estabelecidas para o processo de extração do ferro utilizando-se agitação por ultra-som foram as seguintes: Solução extratora – HCl 0,10 mol L-1; Tempo de sonificação – três ciclos de 10 s; Potência do ultra-som – 102 W. Estas condições foram utilizadas na determinação de ferro de amostras de ração utilizadas na dieta de juvenis de tilápia do Nilo e também em amostras de fezes dessas espécies coletadas após os experimentos de dieta alimentar. A precisão e exatidão do método foram avaliadas determinando-se a concentração de ferro de ração certificada (Corn Bran, RM 8433a – National Institute of Standards and Technology) que continha 114,80 +/- 2,80 mg kg-1 desse analito. A porcentagem de ferro determinada utilizando o método proposto foi de 114,02 +/- 1,65 mg kg-1. Os resultados obtidos nas determinações possibilitaram o cálculo do coeficiente de disponibilidade aparente (CDA) do ferro (WATANABE et al., 1997) de quatro rações (Tabela 1). Cálculos dos CDAS feitos utilizando-se o teor de ferro total, apresentaram valores 18 % menores que os obtidos considerando as porcentagens de ferro determinadas utilizando-se ultra-som no processo de extração do analito.
CONCLUSÕES: O método proposto para determinação de ferro de amostras de rações de peixes, utilizando-se extração por ultra-som, permitiu calcular o CDA do Fe nas rações utilizadas na dieta tilápia do Nilo. Os valores dos CDAS calculados nas condições propostas mostraram-se mais coerentes que os encontrados utilizando-se a mineralização ácida, isto porque com a mineralização da amostras obtém-se o teor de Fe total e não do Fe biodisponível presente na ração. Além disso, como o método proposto elimina a etapa de mineralização das amostras, o tempo das determinações analíticas é reduzido consideravelmente.
AGRADECIMENTOS: À FAPESP pelo suporte financeiro (Processo 03/13362-6) e pelas bolsas de iniciação científica às alunas Paula M. Moraes, Vanessa R. Loureiro e Mayra A.D. Saleh.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: GONÇALVES, G.S.; PEZZATO, L.E.; BARROS, M.M.; HISSANO, H.; FREITAS, E.S.; FERRARI, J.E.C. 2004. Digestibilidade aparente e suplementação de fitase em alimentos vegetais para tilápia do Nilo. Acta Scientiarum, 26: 313-321.
BOSSCHER, D.; LU, Z.; JANSSENS, G.; CAILLIE-BERTRAND, M.; ROBBERECHT, H.; RYCKE, H.; WILDE R.; DEELSTRA, H. 2001. In vitro availability of zinc from infant foods with increasing phytic acid contents. British Journal of Nutrition, 86: 241-247.
COOKBOOK - OPERATION MANUAL. 2000. Atomic Absorption Spectrophotometer AA-6800, SHIMADZU.
WATANABE, T.; KIRON, V; SATOH, S. 1997. Trace minerals in fish nutrition. Aquaculture, 151: 185-207.