ÁREA: Físico-Química
TÍTULO: ESTUDO DOS PARAMETROS FÍSICO-QUÍMICOS DAS ÁGUAS SUPERFICIAIS DA MICROBACIA HIDROGRÁFICA DE VAL-DE-CÃES (BELÉM/PA)
AUTORES: MARANHÃO, R.A. (UFPA) ; MARANHÃO, C.A. (UFPE) ; MARANHÃO, I.H.R.A (UFPA)
RESUMO: Os estuários por serem ambientes de transição entre o continente e o oceano e sofrerem uma intensa pressão da ocupação humana acabam recebendo lançamentos de inúmeros compostos orgânicos e inorgânicos através de efluentes domésticos e industriais. Este estudo analisa os impactos provenientes pelas principais formas de ocupação e uso da microbacia de Val-de-Cães, utilizando como indicador os parâmetros físico-químicos das águas superficiais do corpo hídrico.
PALAVRAS CHAVES: estuário, impacto ambiental, efluentes
INTRODUÇÃO: Os estuários e suas áreas adjacentes, tais como pântanos salgados, manguezais, planícies de lama e águas costeiras adjacentes, são de grande importância ecológica e estão entre os ecossistemas mais produtivos do planeta (Odum, 1974). Por serem ambientes de transição entre o continente e o oceano e sofrerem uma intensa pressão da ocupação humana, as conseqüências ambientais de impactos antropogênicos costumam ser mais graves nestes que em outros ambientes (Kennish, 1992; Weber, 1992).
Para Barbosa (2006), são as áreas preferidas para ocupação e urbanização devido a sua localização e importância sócio-econômica. Em geral, são locais privilegiados para a implantação de atividades urbanas, industriais, portuárias, pesqueiras, de exploração mineral, turísticas, assim como para a prática de agricultura, o que conduz a uma pressão urbanística bastante acentuada.
Este tipo de ambiente torna-se vulnerável ao lançamento de inúmeros compostos orgânicos e inorgânicos através de efluentes domésticos e industriais, em função das suas diversas formas de uso.
A compreensão dos impactos ambientais – estes entendidos como qualquer alteração nas características físicas, químicas ou biológicas do meio ambiente – em estuários e áreas adjacentes é de fundamental importância para a dinâmica dos ecossistemas.
A microbacia Val-de-Cães com 10,10Km2, situada na porção norte do Município de Belém, apresenta como característica a densa ocupação urbana, representada por ocupações clandestinas, conjuntos residenciais e por áreas institucionais. O presente estudo analisa os impactos provenientes pelas principais formas de ocupação e uso da microbacia de Val-de-Cães, utilizando como indicador a qualidade das águas superficiais do corpo hídrico.
MATERIAL E MÉTODOS: Foram realizadas duas campanhas para amostragem das águas superficiais, em cinco pontos de coleta previamente definidos, sendo as coordenadas geográficas registradas com o Global Positioning System.
As amostras das águas foram realizadas em dois períodos, um chuvoso (fevereiro) e outro seco (agosto), sendo determinados os seguintes parâmetros: turbidez, condutividade, pH, Oxigênio Dissolvido, temperatura e Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO).
A temperatura foi determinada em trabalho de campo, enquanto o pH e a condutividade em laboratório, logo após as coletas. O oxigênio dissolvido foi determinado segundo procedimentos descritos por Baumgarten et al (1996). A análise da DBO seguiu a metodologia citada pela APHA (1989).
RESULTADOS E DISCUSSÃO: A turbidez pode está relacionada à argila que provêm dos depósitos sedimentares regionais, apresentam um padrão de variação nas duas coletas, oscilando de 0,6 a 1,2 NTU a mais no período seco. Além disso, os valores elevados no ponto de coleta nº 03 e menores valores nos pontos nº 02 e 04 nas duas coletas. A variação de condutividade elétrica nas duas coletas não foi significante, apresentando em ambos os períodos valores acima de 400 µS/cm. O ponto de coleta nº 01 apresentou os maiores valores para condutividade, similarmente em ambas as amostras, provavelmente por estar próximo a Baía de Guajará que apresenta um teor de salinidade em suas águas. Além disso, tal variação em relação aos demais pontos de coleta poderia estar relacionada com a influência da maré, que na região sofre mudança a cada 6 horas. Nos demais pontos os índices apresentados estavam acima de 100 µS/cm, caracterizando que esses locais estão sofrendo impacto, principalmente o ponto nº 05 que fica próximo a nascente.
O pH no rio Val-de-Cães foi uma das variáveis qualitativas mais conservativas. Houve pouca variação em torno dos valores numéricos nas duas coletas realizadas. Mas o ponto nº 01 apresenta valores acima de 7,0, indicando um pH básico e que possivelmente sofre influência da salinidade. Nas coletas realizadas os valores para DBO são mais elevados no ponto de amostra nº 01, do igarapé Val-de-Cães, mostrando que há uma maior poluição orgânica neste ponto, provavelmente decorrente da maior incidência de lançamentos de esgotos na área ou pelo contato direto com as águas do estuário do Guajará. A temperatura da água não mostrou variação significativa, mas nos pontos de coleta do igarapé Val-de-Cães esteve bem próxima da temperatura ambiente.
CONCLUSÕES: Com base nos resultados apresentados, a carga de efluentes domésticos e industriais tem causado impacto na qualidade das águas superficiais do rio Val-de-Cães. A urbanização sem planejamento tem prejudicando o estuário do Guajará com o lançamento de águas que apresentam índices de poluição, de acordo com os parâmetros físico-químicos analisados. O estudo de monitoramento deve ser contínuo para que seja possível mensurar o aporte de carga orgância depositada e o impacto resultante.
AGRADECIMENTOS:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION – APHA. Standard Methods for the Examination of Water and Wastwater. Washington, 1989, 1193p.
BARBOSA, F.G. Variações espaciais e temporais de nutrientes dissolvidos e metais traço na área portuária da cidade do Rio Grande (estuário Lagoa dos Patos - RS). Dissertação de Mestrado em Oceanografia física, química e geológica. FURG. 2006. 135p.
BAUMGARTEN, MG,Z; ROCHA, J.M.B. & NIENCHESKI, L.F.H. Manual de análises em Oceanografia Química. Rio Grande, Editora da FURG, 1996. 132 p.
MEYBECK,M., CHAPMAN,D. & HELMER,R. Global Freshwater Quality, a First Assessment. Blackwell, Oxford, 1989. 306p.
MOTA, S. Urbanização e meio ambiente. Rio de Janeiro: ABES, 1999.
MOTA, S. Introdução à Engenharia Ambiental. Rio de Janeiro: ABES, 2000.
ODUM, E.P. Fundamentals of Ecology. W. B. Saunders, Philadelphia, 1974. 927 p.