ÁREA: Físico-Química
TÍTULO: OBTENÇÃO DE SISTEMAS MICROEMULSIONADOS A PARTIR DE TWEEN 80, PROPILENOGLICOL, ÓLEO SESAMUN INDICUM
AUTORES: GOUVEIA, I.S.L.P. (UFRN) ; LOPES, V.S. (UFRN) ; WANDERLEY NETO, A.O. (UFRN) ; MOURA, E.F (UFRN) ; DANTAS, T.N.C. (UFRN)
RESUMO: Microemulsão (ME) são dispersões de óleo e água e tornam-se homogêneas, transparentes e estáveis pela adição de tensoativo e eventualmente um cotensoativo. As microemulsões estão no limite entre os colóides liofílicos e os colóides liofóbicos (SCHOTT, 2000). Este trabalho objetiva a obtenção de ME. Foram usado Óleo de Sesamun indicum, Tween 80 Propilenoglicole água destilada. As ME foram caracterizados quanto ao pH e Índice de Refração (IR). Obteve-se 11 sistemas na região de ME. Obtiveram-se percentuais de CT: 75,5 – 4,8%, FO: 4,9 – 88,90 % FA: 19,6 – 6,3% FA. O pH entre 5,6 – 4,0 e o IR num valor médio de 1,4681. Este trabalho forneceu uma boa margem de formulações para futuras avaliações como sistemas reservatórios para bioativos em diversas áreas: farmacêutica, cosmética ou alimentos.
PALAVRAS CHAVES: óleo de sesamun indicum - tween 80 – microemulsão
INTRODUÇÃO: As verdadeiras microemulsões são termodinamicamente estáveis e se formam espontaneamente quando óleo, tensoativo, água e se necessário um cotensoativo quando misturados (OLIVEIRA, et al, 2004). As micelas esféricas ou elipsóides são quase monodispersas, e seus diâmetros médios estão em torno de 25 a 60 Å enquanto que as gotículas das microemulsões apresentam um diâmetro médio de 60 a 1000 Å. Como os diâmetros da gotícula são menores que ¼ do comprimento de onda (4.200 Å para luz violeta e 6.600 Å para a luz vermelha), as microemulsões dispersam pouco a luz e são, portanto, transparentes ou translúcidas (SCHOTT, 2000). As microemulsões possuem propriedades particulares, fundamentais ao seu uso industrial. Dentre elas destacam-se as propriedades de: apresentar alta estabilidade; baixa tensão interfacial (10-2dynes/cm); sua capacidade de combinar grandes quantidades de duas substancias químicas, em uma única fase homogênea; facilidade com que se pode passar de um meio pseudomonofásico para um bifásico e a grande área interfacial existente entre as ditas fases microheterogeneas. As microemulsões (ME) são sistemas termodinamicamente estáveis de elevada área interfacial com alto poder de solubilização (COSTA SILVA, et al, 1998). Os sistemas microemulsionados surgem como alternativa para melhorar os caracteres organolépticos de alguns óleos, aumentar o poder de absorção e reduzir o custo do produto. O interesse pelo estudo das microemulsões tem aumentado pela necessidade de esclarecer as propriedades físico-químicas destes sistemas, pelo grande número de aplicações possíveis nas diversas áreas da química, indústrias farmacêuticas, alimentícias (OLIVEIRA e SCARPA, 2001).
MATERIAL E MÉTODOS: Este trabalho objetiva a obtenção de região de microemulsão, usando óleo de sesamun indicum obtido de prensagem a frio, pelo Método de Diagrama de Fases (MDF).Para obtenção deste trabalho foram selecionados os componentes químicos biocompatíveis para obtenção de sistemas microemulsionados que será disponibilizada como sistemas de liberação de bioativos de aplicação tópica. Foram selecionados os seguintes constituintes: Óleo de Sesamun indicum obtido por prensagem a frio como FO (Fase Orgânica), Água destilada como FA (Fase Aquosa) e agente titulante, Tween 80 como tensoativo não-iônico e Propilenoglicol como cotensoativo. O óleo de Sesamum indicum, indicado neste trabalho, por contér ácidos graxos insaturados do tipo: oléico (47%) e linoléico (41%), além de sesamol, sesamina e gama tocoferol. A principal característica do óleo é sua elevada estabilidade oxidativa em virtude da presença de substancias químicas com a capacidade antioxidante. Para otimização dos sistemas microemulsionados foram analisados alguns parâmetros tais como: natureza da fase oleosa, cotensoativo e razão C/T. Durante a escolha e utilização do cotensoativo optou-se por utilizar a razão C/T (Tween 80/Propilenoglicol) em valores de 1:1. Optou-se pelo uso de óleo de Sesamun indicum em virtude das qualidades, atribuídas na literatura cientifica, quanto ao uso em alimento e cosmético e por apresentar um percentual importante de ácidos graxos essenciais e ativos antioxidantes. Os sistemas microemulsionados em questão foram caracterizados quanto ao pH e Índice de Refração.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Da construção desse diagrama de fases utilizaram como base de cálculo de 1g de sistema. Tendo sido preparado 12 sistemas, das quais, 11 (onze) são formulações na região de microemulsão e Uma (1) na região de organogel, obtidas à temperatura ambiente de 28 oC, através do Método de Diagrama de Fases. O diagrama apresentou uma ampla área de região microemulsionada, tendo estruturas micelares do tipo óleo em água e água e óleo em baixas proporções de tensoativos, e isso é bastante significativo, pois se pode usar o óleo Sesamum indicum em diferentes preparações farmacêuticas. Os percentuais dos componentes químicos estiveram na faixa de: 75,5 – 4,8% de CT, 4,9 – 88,90 % de FO e 19,6 – 6,3% de FA (Figura 1). Os sistemas microemulsionados apresentaram valores de pH entre 5,6 – 4,0 e o índice de refração um valor médio de 1,4681. De forma qualitativa e quantitativa os constituintes químicos foram relevantes na construção do diagrama em virtude da obtenção uma gama de diferentes formulações (Tabela 1), tornando possível a escolha de diferentes sistemas, para diferentes aplicações. Levando em conta o custo de produção (que dependendo do fornecedor das matérias-primas local, cada 100 mL de produto final poderá ter um valor entre 16,56 e 6,24).
CONCLUSÕES: Este trabalho forneceu uma boa margem de formulações a serem posteriormente avaliadas como sistemas reservatórios para bioativos naturais ou sintéticos tanto na área farmacêutica, como cosmética ou solubilização de alimentos funcionais liofilizados. Essas formulações de menor teor de tensoativo podem ter indicativo (como formulações-veículos) para futuras investigações farmacológicas e sua aplicação na área industrial.
AGRADECIMENTOS: Ao Laboratório de Tecnologia e Tensoativos e ao Laboratório de Manipulação Farmacêutica da MEJC.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: SCHOTT, H. Dispersões coloidais, Cap.21, p.300-327-GENNARO, A.R., A Ciência e a Prática da Farmácia, 20a Edição-REMINTON, Editora Guanabara Koogan
COSTA SILVA, H.S.R.; CASTRO DANTAS, T.N.C.; DANTAS NETO, A. A., Estudo de microemulsão de própolis. In: 9o. CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA UFRN, 1998, Natal - RN. Livro de Resumo do 9o. Congresso de Iniciação Científica da UFRN. Natal - RN : UFRN, 1998. v. único. p. 303-303.
OLIVEIRA, A. G.; SCARPA, M. V.; CORREA, M. A. C.; CERA, L. F. R.; FORMARIZ, T. P.; Microemulsões: estrutura e aplicações como sistema de liberação de fármacos, Química. Nova Vol.27 No1, 2004.
OLIVEIRA, A. G.; SCARPA, M. V., Microemulsões I: Fundamentos Teóricos da Formação do Sistema Microemulsionado, INFARMA, vol. 13, no 9/10, 2001, Pharmácia Brasileira no 28-Set/Out/2001, p.73-79.