ÁREA: Iniciação Científica

TÍTULO: Caracterização da resina obtida a partir de resíduos de tintas de repintura de botijões de gás.

AUTORES: OLIVEIRA, A.P.S. (UFU) ; RODRIGUES FILHO, G. (UFU) ; DIAS, N.M. (UFU) ; PAVANIN, L.A. (UFU) ; ASSUNÇÃO, R.M.N (UFU) ; BARUD, H.S. (UNESP) ; RIBEIRO, S.J.L. (UNESP) ; MESSADDEQ, Y. (UNESP)

RESUMO: Os resíduos da indústria de tintas,particularmente,os utilizados na repintura de botijões de gás,representam um perigo do ponto de vista ambiental,pois são constituídos de resinas alquídicas e alquílicas,pigmentos dispersos e solventes orgânicos voláteis como tolueno e outras misturas de solventes.O estudo para providenciar um reaproveitamento ou uma disposição adequada é justificável,visto que o descarte deste material ativo pode envolver riscos à saúde e ao meio ambiente.Neste processo,o estudo envolve a caracterização inicial,onde foram usadas técnicas espectroscópicas e térmicas.Os resultados nos permite saber o tipo de resina presente e sua condição após a separação dos componentes.Este trabalho é o ponto de partida para estabelecer rotinas de tratamento para o reaproveitamento.

PALAVRAS CHAVES: tinta automotiva, resíduo, recuperação

INTRODUÇÃO: Resíduos da indústria de tintas representam um perigo do ponto de vista ambiental [1], particularmente os resíduos de tintas empregadas na repintura de botijões uma vez que a resina e os pigmentos são dispersos em solventes orgânicos voláteis como o tolueno e a aguarrás. O processo de pintura e repintura de botijões de gás têm características muito específicas, o que impossibilita o uso de tintas à base de água. Devido ao perigo envolvido no descarte deste material ativo, estudos vêm sendo realizados visando caracterizar, adequar à disposição e reaproveitar os resíduos [2]. Além de buscar formas adequadas de disposição destes materiais é possível a partir da identificação, quantificação e separação dos componentes da tinta o reaproveitamento dos resíduos. Este processo passa por uma etapa inicial de caracterização das tintas que pode ser feito com o uso de técnicas espectroscópicas, cromatográficas e térmicas (DSC e TG) [2,3], o mesmo processo pode ser empregado na avaliação do resíduo, trabalho que foi realizado e recentemente apresentado na 30ª reunião da Sociedade Brasileira de Química [4]. Neste trabalho, o resíduo de tinta metálica empregado na repintura de botijões de gás foi tratado com tolueno visando separar a resina solúvel no solvente orgânico dos pigmentos. A resina foi caracterizada por espectroscopia na região do infravermelho (FTIR) e por análise termogravimétrica.

MATERIAL E MÉTODOS: O resíduo de tinta usado em repintura de botijões de gás foi tratado com tolueno a temperatura ambiente até completa dispersão dos componentes da tinta. A mistura foi filtrada o que permitiu a separação dos componentes sólidos, os pigmentos, e no filtrado a resina dissolvida em tolueno. O solvente foi evaporado e a resina recuperada. Esta resina foi avaliada por espectroscopia na região do infravermelho e por análise termogravimétrica. A figura 1 apresenta os espectros na região do infravermelho do resíduo(a)e da resina após sua extração com toluento(b).No espectro de infravermelho da resina observam-se bandas relativas ao tipo de material usado na preparação da tinta e do solvente usado na extração. A resina é de natureza alquídica com a presença de hidrocarbonetos aromáticos.A figura 2 apresenta a análise termogravimétrica do resíduo (a) e da resina (b) em ar estático e, observa-se temperaturas mais baixas para o resíduo e para a resina recuperada que pode ser atribuído ao efeito plastificante do solvente. Além disto, a resina após a aplicação da tinta apresenta modificações devido a processos oxidativos que podem ser responsáveis por alterações na estrutura.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: As bandas presentes em 3025cm-1(estiramento da ligaçãoC–H),1599cm-1(estiramento da ligaçãoC=C)aromático,1451 cm-1(estiramento da ligaçãoC=C aromático)(deformaçãoCH2)e as bandas em 747 e 699 cm-1 são atribuídas a derivados do benzeno,enquanto as presença das bandas em 3436(estiramento da ligaçãoOH),1706(estiramento da ligaçãoC=O)e 1263 cm-1(estiramento da ligaçãoC–O)que podem estar relacionadas a presença de ácidos graxos ou óleo em formulações com resinas alquídica.Foi possível observar que o resíduo e a resina extraída apresentam praticamente as mesmas bandas.As diferenças quanto intensidade podem estar relacionadas à presença dos pigmentos que apresentam absorções marcantes na região de 1150 a 900 cm-1.No espectro de infravermelho da resina fica nítida a presença da banda associada à carbonila em 1713 cm-1 e a diminuição da intensidade da banda em 3467 cm-1 indicando menor contribuição relacionada a banda atribuída ao estiramento da ligação O-H. Esta banda pode estar ligada a presença dos ácidos graxos na formulação e por isso aparece no material depois de sua extração por solvente.A elevada intensidade desta no resíduo é um indício de que existe uma contribuição devido à presença de silicatos presentes nos pigmentos.No resíduo observa-se em temp. menor a 150C perda de massa de ~20% devido a remoção de parte do solvente da amostra.Para temp. acima de 150C existem dois processos termodegradativos com presença de dois picos exotérmicos na curva DTA: em 360C e 502C.Para a resina alquídica pura se observam estes picos em 400 e 525C,respectivamente.Com a recuperação da resina,os pigmentos foram removidos e com isto a porcentagem de resíduo resultante na análise termogravimétrica a 600C é de cerca de 10%.





CONCLUSÕES: Os resultados da análise dos espectros de infravermelho e das curvas térmicas permitiram algumas conclusões iniciais sobre o tipo de resina presente na tinta e sua condição após a separação dos componentes. Esta discussão é o ponto de partida para avaliação da qualidade da resina no resíduo e estabelecer rotinas para a melhor forma de tratamento para uso posterior na composição de outras tintas ou em outros materiais com propriedades adesivas.

AGRADECIMENTOS: Os autores agradecem a CAPES pelo PROAP, “Portal de Periódicos” e pela bolsa de Doutorado.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: 1. Muniz, L. A. R.; Costa, A. R.; Steffani, E.; Zattera, A. J.; Hofsetz, K.; Bossardi, K. e Valentini, L. Brazilian J. Chem. Eng.. 2003, 20.
2. Dutra, R.C.R.; Takahashi, M.F.K. e Diniz, M.F. Polímeros: ciência e tecnologia. 2002, 12, 273.
3. Silva, A.R.; Veronezi, A.M., Mantovani, R.A.; Zorel Junior, H.E.; Ribeiro, C.A. e Crespi, M.S. Eclet. Quím. 2000, 25, 109.
4. Oliveira, A.P.S.; Dias,N.M.; Pavanin,L.A.; Rodrigues Filho,G.; Assunção,R.M.N.; Barud,H.S.; Ribeiro,S.J.L.; Messaddeq, Y.,Livro da 30ª reunião anual da Sociedade Brasileira de Química,pág. 60 (TC-003), Águas de Lindóia – SP, 2007.