ÁREA: Iniciação Científica

TÍTULO: Avaliação do desempenho de tintas base água com diferentes tipos de resinas

AUTORES: MENDONCA, B. C (CEFET-GO) ; SOARES, F. Q. (CRQ-XII) ; OLIVEIRA, S. B. (CEFET-GO)

RESUMO: Este trabalho tem como foco testar duas resinas oferecidas comercialmente para indústrias tintas base de água. Para a realização deste trabalho produziu-se uma tinta de acabamento semi-brilhante onde avaliou-se o dimensionamento do maquinário, a fim de obter um processo favorável a produção de tintas. Depois de produzidas as duas tintas com as resinas confrontadas, encaminhou-se as mesmas para laboratório para serem submetidas a testes de desempenho. Com os resultados obtidos pode-se concluir que a tinta produzida com resina acrílica pura apresentou um rendimento superior de 75% quanto à resistência e 6% quanto à cobertura quando comparada com a produzida com resina acrílica estirenada. Portanto a tinta acrílica pura apresentou qualidade superior à tinta acrílica estirenada.

PALAVRAS CHAVES: tinta, semi-brilhante, desempenho.

INTRODUÇÃO: O setor de revestimento no país foi representado por um capital de US$2,05 bilhões no ano de 2006, com um volume aproximado de 968 milhões de litros de revestimento. A previsão para o ano de 2007 é um crescimento de 4,5% (ABRAFATI, 2007). Diante da expectativa de crescimento do setor, produtos que apresentem qualidades diferenciadas podem se destacar neste segmento. Diferenciações quanto à qualidade pode ser conseguida através da aplicação de matérias-primas que possuam tecnologias diferenciadas e que garantam melhor desempenho do produto final.
Características como acabamento, resistência e adesão são proporcionadas principalmente pela resina que é usada na formulação. As resinas que são utilizadas para produção de tintas são obtidas através de processos conhecidos como polimerização e que pode ser realizada através das formas polimerização por condensação e polimerização por adição (MANO e MENDES, 2004).
Focado nos estudos citados, e diante do crescimento do setor de revestimentos, este trabalho tem como objetivo contribuir para a melhoria dos produtos oferecidos pelas empresas que produzem revestimentos no país. Para isso foi estudado a produção de duas tintas de acabamento semi-brilhante e verificado o desempenho dessas tintas em função do tipo de resina utilizada no processo de fabricação.

MATERIAL E MÉTODOS: Para verificar o desempenho da tinta em função da resina utilizada, preparou-se uma base composta por: 43,3% de água, 0,05% de nitrito de sódio, 0,05% de hexametafosfato de sódio, 0,7% de Dispercryl SAP, 0,5% de aguarráz, 17% de TiO2, 4,5% de Saca-B, 2,1% de Ureol 7000, 0,3% de solução de amônia 24%, 35% de resina (adicionada posteriormente), 0,2% de Liocide669, 0,1% de Corina DF, 0,2% de MCT-K4, 0,2% de Resiwet SS e 0,8 de Ultrasolv p240.
Em um béquer de 5000 mL adicionou-se a água, e posicionou-se o béquer junto ao dispersor já adaptado com o disco tipo cowles. Então iniciou-se a dispersão da tinta. Na etapa inicial, a uma rotação de 360 rpm por 4 minutos, adicionou-se: nitrito de sódio, hexametafosfato de sódio, Dispercryl-SAP, metade do produto MCT-K4 e Corina DF e Liocide 669. Em seguida realizou-se a dispersão das cargas a uma velocidade de 900 rpm durante quinze minutos, onde se iniciou pela adição de dióxido de titânio e posteriormente o Saca-B. Posteriormente adicionou-se o restante dos aditivos que foram sugeridos pela formulação na seguinte seqüência: Uerol 7000, Solução de Amônia, aguarráz, Resiwet SS, o restante do MCT-K4 e Ultrasolve P-240. Retirou-se duas alíquotas de 1400 gramas da base produzida. Adicionou-se essas alíquotas em 2 (dois) béqueres de 2000 mL devidamente identificados, onde em cada béquer adicionou-se 600 gramas de resina, um com Mowilight VP6170 e outro com Novocril 1014. Manteve-se o sistema sob agitação por mais 5 minutos para dispersão.
Após a adição das resinas, encaminhou-se estas tintas para laboratórios onde os seguintes testes (segundo ABNT) foram realizados: NBR 14942, NBR14943 e NBR14940 (poder de cobertura da tinta seca, poder de cobertura da tinta úmida e teste de resistência à abrasão com pasta abrasiva, respectivamente).

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Durante a produção da base da tinta, alguns cuidados foram tomados. O processo de dispersão das matérias primas pode ser simples, porém caso não seja processado de forma correta, os resultados obtidos com os ensaios podem possuir erros que comprometerão o trabalho. Um fator importante é o dimensionamento dos equipamentos e sistema de produção; e a velocidade de agitação para evitar formação de bolhas encapsuladas.
Silva e Uemoto (2005), através de pesquisa do mercado de tintas, sugerem que tintas de acabamento semi-brilhante devem possuir um poder de cobertura do filme seco de 5m2/L, e resistir a no mínimo 600 ciclos de lavabilidade. Ambas as tintas produzidas apresentaram resultados satisfatórios onde a acrílica pura apresentou poder de cobertura de 8,3 m2/L e resistiu a 984 ciclos, e a acrílica estirenada apresentou poder de cobertura de 7,8 m2/L e resistiu a 563 ciclos. Portanto a tinta acrílica pura apresentou melhor rendimento e melhor desempenho.
Outro fator que dever ser levado em consideração é o risco ambiental e à saúde humana apresentado pelo monômero estireno presente durante a produção da tinta acrílica estirenada. Para evitar esses possíveis riscos, principalmente para os funcionários da produção da tinta que ficam expostos à inalação do monômero durante o processo produtivo, a resina acrílica pura apresenta vantagens em relação à acrílica estirenada.

CONCLUSÕES: A partir da análise dos resultados experimentais deste trabalho podemos concluir que:
1. Deve-se dar importância aos testes de desenvolvimento e aplicação realizados em laboratório de indústria de tintas;
2. O maquinário utilizado para a produção das tintas deve ser devidamente dimensionamento;
3. A tinta com resina acrílica pura apresentou um rendimento superior de 75% quanto à resistência e 6% quanto à cobertura quando comparada com a produzida com resina acrílica estirenada.
4. A tinta com resina acrílica pura apresenta a vantagem de não utilizar monômero estireno na sua formulação.

AGRADECIMENTOS: Goiás Tintas e Colas LTDA;
Oswaldo Cruz Química LTDA;
Centro Federal de Educação Tecnológica de Goiás;
DFM Industria Química LTDA.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: ABRAFATI- Números do Setor de Tintas no Brasil - Disponível em: http://www.abrafati.com.br/bn_conteudo_secao.asp?opr=94 – acessado em: 23 de março de 2007.
MANO, E B.:MENDES, L. C.Introdução a Polímeros – 2ª.ed.rev.e ampl.-São Paulo: Edgrad Blucher, 2004,p.3, 13.
NBR-14940/03 - Tintas para construção civil - Método para avaliação de desempenho de tintas para edificações não industriais - Determinação da resistência à abrasão úmida.
NBR-14942/03 - Tintas para construção civil - Método para avaliação de desempenho de tintas para edificações não industriais - Determinação do poder de cobertura de tinta seca.
NBR-14943/03 - Tintas para construção civil - Método para avaliação de desempenho de tintas para edificações não industriais - Determinação do poder de cobertura de tinta úmida.
SILVA, J. M. da ; UEMOTO, K. L. Caracterização de Tintas Látex para Construção Civil: Diagnóstico do Mercado do Estado de São Paulo – ISSN-0103-9830 São Paulo, 2005.