ÁREA: Iniciação Científica
TÍTULO: UTILIZAÇÃO DO EXSUDADO VEGETAL DA ALMÉCEGA PARA FABRICAÇÃO DE FILMES AUTOMONTADOS: CARACTERIZAÇÃO E APLICAÇÃO
AUTORES: FALCÃO, H. R. C. (UFPI) ; EIRAS, C. (UFPI) ; BRITO, A. C. F. (UFC) ; ZUCOLOTTO, V. (IFSCAR) ; OLIVEIRA JUNIOR, O. N. (IFSCAR)
RESUMO: Após seu isolamento e purificação, a resina da almecega foi caracterizada por espectroscopia na região do infravermelho e GPC (Cromatografia de Permeação em Gel). Filmes ultrafinos preparados a partir da resina da almecega e do polímero condutor, polianilina (PANI), foram fabricados pela técnica de automontagem (Layer-by-Layer-LbL) sobre eletrodos de vidro, ouro e vidro recoberto com óxido condutor (ITO). As propriedades eletroquímicas destes filmes foram estudadas pela técnica de voltametria cíclica (VC) em HCl 0,1mol L-1 e por espectroscopia na região do UV-VIS, a qual foi utilizada para monitorar o crescimento dos filmes preparados sobre substrato de vidro a cada bicamada depositada.
PALAVRAS CHAVES: exsudatos vegetais, filmes automontados, automontagem
INTRODUÇÃO: A denominação mais recente de goma é dada aos polissacarídeos de origem vegetal, animal ou microbiana que se dissolvem parcial ou integralmente em água fria ou quente, produzindo suspensões ou soluções viscosas, daí serem chamados de hidrocolóides. A característica mais importante da goma é a sua capacidade de modificar o comportamento reológico da água e de sistemas aquosos. As gomas exsudadas de plantas são produtos finais do seu metabolismo e podem ser obtidas espontaneamente do tronco de árvores como uma resposta ao mecanismo de proteção da planta como defesa contra predadores ou ferimentos (ASPINALL, 1973).
No Brasil, vários grupos tentam obter novos polissacarídeos naturais que substituam os sintéticos e causem menor impacto ao meio ambiente (GANTER et al., 1993 e SILVA et al., 2003). Verbeken e colaboradores ressaltam a importância dos polissacarídeos naturais bem como sua ocorrência, produção e aplicação em todo o mundo (VERBEKEN et al., 2003).
A espécie Protium Heptaphyllum March (Burseraceae), conhecida popularmente como almecega é encontrada no Brasil nas regiões da Amazônia, Piauí, Bahia e Minas Gerais. Esta espécie exsuda uma resina oleosa e amorfa, cujas aplicações são muitas, desde a fabricação de tintas e vernizes, em cosméticos e em repelentes para insetos. Apresenta também algumas indicações terapêuticas, como cicatrizante e expectorante e ação antiflamatória já comprovada. Alguns estudos foram feitos com relação à presença de óleos essenciais na resina da almecega (VIEIRA JÚNIOR, 2005), mas nada com relação a presença de polissacarídeos.
O objetivo deste trabalho é investigar a presença de polissacarídeo na resina da almecega, através de métodos de extração e caracterizar a fração polissacarídica, visando a utilização em filmes automontados.
MATERIAL E MÉTODOS: 1. Determinação da massa molar por Cromatografia de Permeação em Gel
A massa molar da goma da almecega foi obtida pela técnica de Cromatografia de Permeação em Gel (GPC), utilizando-se equipamento da Shimadzu acoplado a dois detectores, o Índice de refração e UV-VIS a 280 nm a partir de uma solução de goma.
Foi utilizada uma coluna Ultrahydrogel de 7,8 x 300 mm, com fase móvel NaNO3 0,1M a um fluxo de 0,5 mL/min. Para construção da curva de calibração foi utilizada pululanas.
2. Filmes Automontados
A formação de filmes automontados (LbL) consiste na imersão de um substrato sólido, previamente tratado, por 5 min numa solução aquosa de cargas positivas (PANI, por exemplo). Posteriormente o conjunto substrato/PANI é lavado com HCl pH 2,5, afim de eliminar o excesso de material que não foi adsorvido. Em seguida o sistema é seco com N2 e então imerso numa solução agora com cargas negativas (Almecega 5% em água, por exemplo), novamente o conjunto é lavado com HCl pH 2,5, seco e então imerso na solução inicial. A repetição deste processo leva a formação de filmes multicamadas ultrafinos (SILVA et al., 2003). Este método é caracterizado por seu baixo custo e possui grande potencial tecnológico.
3. Voltametria Cíclica
Os filmes LbL de PANI-almécega foram caracterizados pela técnica de voltametria cíclica, sob diferentes condições. Para estas medidas utilizou-se uma célula eletroquímica com encaixe para três eletrodos: o de trabalho (filme PANI/Almecega), o de referência (calomelano - ESC) e o contra- eletrodo (placa de platina), e um potenciostato/galvanostato da marca AUTOLAB PGSTAT30.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Determinação da massa molar por Cromatografia de Permeação em Gel (GPC)
No estudo de determinação de massa molar utilizou-se dois detectores: o índice de refração e o UV-VIS no comprimento de onda característico de proteína (280 nm) visto que é comum a presença de um complexo proteína-polissacarídeo em gomas de exsudatos. No cromatograma utilizando como detector UV-VIS, obtivemos uma curva de calibração para as pululanas, contra a qual foi possível a determinação da massa molar dos dois picos principais obtidos para a goma da almecega, bem distintos correspondendo a duas massas molares diferentes, uma de 1,5x104 Mol/g e outra 6,36x102 Mol/g.
Filmes automontados
A utilização da técnica de automontagem na formação de filmes com camadas alternadas de almecega e da PANI garantem uma média organização estrutural destes materiais. O estudo do crescimento dos filmes automontados foi realizado através de espectroscopia na região do UV-VIS, onde observa-se o crescimento seqüencial, com mecanismo auto-regulado, na formação dos filmes de PANI/PVS, PANI/Almécega (Figura 2).
CONCLUSÕES: O processo de isolamento e purificação utilizando NaOH 2% como solvente mostra a presença de polissacarídeo na resina da almecega. Além de ser uma matéria-prima promissora, é um polímero natural com capacidades se substituir polímeros sintéticos, causando menos impacto ao meio ambiente. Mostrou-se excelente para formação de filmes ultrafinos (PANI/Almécega).
AGRADECIMENTOS: Ao CNPq/PIBIc/UFPI PELA BOLSA DE IC CEDIDA, AO DEPARTAMENTO DE QUIMICA DA UFPI.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: GANTER, J. L. M. S, ZAWADZKIBAGGIO, S. F., LEITER, S. C. S., SIERAKOWSKI, M. R., REICHER, F., Journal of Carbohydrate Chemistry, 12, 753-755, 1993.
SILVA, D. A., BRITO, A.C.F., DE PAULA, R.C.M., FEITOSA, J. P. A., PAULA, H. C.B., Carhohydrate Polymers, 54, 229-236, 2003.
VERBEKEN, D., DIERCKX, S., DEWETTINCK, K., Appl. Microbiol Biotechnol, 63:10-21, 2003.
VIEIRA JÚNIOR, G.M., SOUZA, C. M. L., CHAVES, M. H.,Química nova, vol, 28, 183-185, 2005.