ÁREA: Iniciação Científica

TÍTULO: ESTUDO DA CAPACIDADE DE BIOSSORÇÃO DA CASCA DE MARACUJÁ (Passiflora edulis S) FRENTE A ÍONS Cu(II) EM SOLUÇÕES AQUOSAS

AUTORES: MACIEL, L. S. (UECE) ; BEZERRA, D.P. (UECE) ; SANTOS, J.C.S. (UECE) ; CASTRO, R.A.O. (UECE) ; ALVES, J.A.B.L.R. (UECE) ; SILVA, R.C.B. (UECE)

RESUMO: Os resíduos poluentes são destinados ao esgoto, sem nenhum tratamento prévio, contaminando rios, seus afluentes e a sua biota. A contaminação reside no fato de que estes poluentes contêm compostos prejudiciais ao meio ambiente e a saúde pública, tais como metais pesados, que mesmo em baixas concentrações, são nocivos. Com isso, muitos esforços têm sido voltados para diminuir o teor desses metais no ambiente. Este trabalho relata o estudo inicial da utilização da casca da Passiflora edulis S como biossorvente para a captação de íons cobre. Verifica-se que o maior grau de adsorção (97,64%) de íons cobre ocorre a 120 minutos (tempo de exposição) com a solução de Cu(II) 103 ppm. Conclui-se que a casca pode ser uma alternativa possível para tratamento de efluentes contendo metais pesados.

PALAVRAS CHAVES: biossorção, cobre , maracujá

INTRODUÇÃO: Atualmente muitas pesquisas e estudos estão sendo feitos no sentido de tratar os resíduos que são produzidos e de como podem ser tratados. No que se diz respeito aos resíduos aquosos provenientes das indústrias, vários métodos foram desenvolvidos relacionados com a minimização dos impactos ambientais ocasionados por esses tipos de poluentes, tais como o tratamento eletroquímico, precipitação, filtração, troca iônica, entre outros. Ressalta-se que íons de metais representam forma de contaminação de recursos hídricos, cuja qualidade das águas se torna cada vez mais comprometida (Chui, 2005). A dificuldade da utilização desses métodos consiste na inviabilidade técnica e/ou econômica, especialmente quando os metais são dissolvidos em grandes volumes de água (Rodrigues, 2006). Justifica-se também, que com o alto custo dos adsorventes, há um crescente interesse na produção de materiais de baixo custo, com capacidade e remoção de metais pesados de águas (Lima, 2007). Sendo assim, é imperativo procurar meios alternativos de baixo custo e eficiente para resolver o problema desses resíduos. A alternativa apresentada neste trabalho consiste na utilização do farelo da casca do maracujá (Passiflora edulis S), uma vez que a escolha do fruto deve-se ao fato de que o maracujá é bastante conhecido, sendo encontrado em qualquer época do ano, em grande quantidade e é de baixo custo. Geralmente, suas cascas são descartadas. Portanto, tem-se também o aproveitamento deste material como insumo e no tratamento de resíduos.

MATERIAL E MÉTODOS: Utilizaram-se cascas de maracujá (Passiflora edulis S), que foram adquiridos em mercado local, na cidade de Fortaleza-CE. As cascas foram lavadas, cortadas e fervidas com água destilada por um período de 2 h. Em seguida, foram colocadas em estufa a temperatura de 65 ºC por um período de 24 h. Após este procedimento de secagem, as cascas foram trituradas e moídas. O material foi peneirado obtendo-se grânulos mais homogêneos. Então, o material foi novamente lavado em água deionizada, por repetidas vezes, e seco em estufa a 65 ºC, por 24 h. Os ensaios continham 20 mL de solução de Cu(II) 50mg L-1 e 1000mg L-1; estas soluções foram preparadas por dissolução direta de CuSO4 em água deionizada a temperatura ambiente e posteriormente padronizadas. Foi utilizado como biossorvente, aproximadamente, 1g de material peneirado e seco das cascas de maracujá. Adicionou-se o biossorvente à solução de Cu(II), permanecendo sob agitação moderada por períodos determinados. Após estes períodos, a solução foi filtrada e analisada em espectrofotômetro de absorção atômica Perkin Elmer AAnalyst 300, determinando-se as concentrações finais de Cu(II). Mediu-se o pH da solução. O pH era igual a 5, o qual foi mantido a adição de solução de HCl.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: A Tabela 1 apresenta os resultados obtidos com ensaio utilizando soluções de concentração inicial de íons cobre de 50mgL-1. Verifica-se na tabela que o maior grau de adsorção de íons cobre está quando o material passa 120minutos em contato com a solução de íons metálicos, chegando-se com um resultado de 95,65% de adsorção desses íons. Na Tabela 2, com ensaios de solução de íons cobre na concentração de 1000mgL-1, verifica-se também um maior grau de adsorção (97, 64%), quando o material adsorvente passa o maior tempo de contato com a solução desse metal. É evidente, que quanto maior o tempo de contato da solução de íons metálicos com o material adsorvente, a capacidade de adsorção é significativamente favorecida. O procedimento aplicado para o estudo da capacidade de biossorção de íons cobre, utilizando cascas de maracujá (Passiflora edulis S), mostrou-se promissor e de fácil realização, sem a necessidade de infra-estrutura complexa. Portanto, têm-se usos econômicos e ecologicamente satisfatórios.





CONCLUSÕES: Verifica-se que o maior grau de adsorção (95,65%) de íons cobre ocorre a 120 minutos (tempo de exposição) com a solução de Cu(II) 103 ppm. No entanto, é importante ressaltar que esses resultados são frutos de ensaios iniciais necessitando, portanto, de mais estudos para a certificação da capacidade biossorvente e utilização desse material para o tratamento de resíduos contendo metais.

AGRADECIMENTOS: Gostaríamos de expressar sinceros agradecimentos ao Laboratório de Química Analítica da Universidade Estadual do Ceará.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: CHUI, Q. S. H. 2005. Uso de Vermiculita Massapé Paulistana como Adsorvedora de Metais. Engenharia Sanitária e Ambiental, v.10, nº 1- jan/mar, p. 58-63.

RODRIGUES, R. F. et al. 2006. Adsorção de Metais Pesados em Serragem de Madeira Tratada com Ácido Cítrico. Engenharia Sanitária e Ambiental, v.11, nº 1- jan/mar, p. 21-26.

LIMA, E. C. et al. 2007. Planejamento Estatístico de Experimentos como Ferramenta para Otimização das Condições de Biossorção de Cu(II) em Batelada Utilizando-se Casca de Nozes Pecã como Biossorvente. Química Nova, v. 30, nº 3, p. 548-553.