ÁREA: Iniciação Científica
TÍTULO: APLICAÇÃO DO CONTROLE ESTATÍSTICO DE PROCESSO (CEP) NA AVALIAÇÃO DA QUALIDADE FÍSICO-QUÍMICA DE ÁGUAS SANITÁRIAS COMERCIAIS
AUTORES: CORINGA, E. A. O. (CEFET-MT) ; PEREIRA, S. C. (CEFET-MT)
RESUMO: O objetivo do trabalho foi aplicar ferramentas de CEP em parâmetros físico-químicos de qualidade de águas sanitárias a fim de avaliar e representar a variação da composição do produto, verificando sua adequação à legislação. Foram selecionados 15 lotes de 5 marcas comerciais de água sanitária e determinados o pH e o teor de cloro ativo. A partir dos resultados calcularam-se limites estatísticos para a confecção de gráficos de controle por média. O teor de cloro ativo foi o parâmetro que mais variou durante as análises, e o processo analítico das marcas A, D e E não esteve sob controle, cujas alterações foram atribuídas a variações de composição das amostras. Somente as amostras da marca E obtiveram mais de 50% de conformidade para o teor de cloro ativo.
PALAVRAS CHAVES: água sanitária, cloro ativo, gráfico de controle
INTRODUÇÃO: De acordo com a Portaria nº 89/1994 (BRASIL, 1994), água sanitária é uma “solução aquosa à base de hipoclorito de sódio ou cálcio com o teor de cloro ativo entre 2,0% p/p a 2,5% p/p, durante o prazo de validade (máximo de seis meses)”. As águas sanitárias são produtos comerciais de grande aceitação no mercado consumidor em geral, seja em residências ou empresas, por sua eficácia, praticidade, baixo preço e facilidade de uso. Possui ação bactericida, alvejante e desodorizante, devido ao seu princípio ativo clorado, o hipoclorito de sódio (MACEDO, 2004). Entretanto, para que suas funções sejam desempenhadas satisfatoriamente, o produto comercial deve seguir padrões específicos de fabricação que garantam a qualidade do produto final. Como a qualidade é difícil de ser medida e mensurada, surge a necessidade de ferramentas para análise e verificação das variáveis envolvidas nos processos de fabricação. Dentre estas ferramentas está o Controle Estatístico de Processo (CEP), que tem por objetivo auxiliar na obtenção dos padrões especificados de qualidade e reduzir a variabilidade em torno dos padrões especificados (REIS, 2001). Para tanto, o CEP utiliza técnicas estatísticas para analisar o comportamento do processo de fabricação e efetuar ações corretivas de melhoria, que permitam mantê-lo dentro de condições preestabelecidas (ROCHA, 2004). De acordo com LEVINE et al. (2000), o gráfico de controle é um meio de monitorar as variações nas características de um produto ou serviço, indicando se o processo está ou não sob controle estatístico: se todos os pontos traçados no gráfico estão dentro dos limites de controle sem qualquer tendência particular (disposição aleatória) afirma-se que o processo está sob controle estatístico (SIQUEIRA, 1997).
MATERIAL E MÉTODOS: Foram analisados quinze lotes diferentes de cinco marcas comerciais de água sanitária, totalizando setenta e cinco amostras. Os parâmetros físico-químicos determinados foram o pH pelo método potenciométrico e o teor de cloro ativo pelo método iodométrico, de acordo com a metodologia oficial da Associação Brasileira de Normas Técnicas – NBR 9425 (ABNT, 2004), e os resultados foram comparados com padrões estabelecidos pela Portaria n° 89/1994 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA (BRASIL 1994). Todas as determinações foram feitas em triplicata e determinados a média e o desvio padrão dos resultados. Os gráficos de controle estatístico por média foram confeccionados pelo sistema inglês, que se caracteriza por definir dois tipos de limites: os limites de controle (LC) e os limites de tolerância (LT) inferior e superior, para cada parâmetro analisado, totalizando dez gráficos. Foram calculados os percentuais de conformidade dos resultados com relação ao padrão do teor de cloro ativo, para cada marca de água sanitária. Como ferramenta para tratamento dos dados foi utilizado o programa EXCEL (Microsoft).
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os gráficos de controle por média (Figuras 1 a 5) revelaram que o teor de cloro ativo foi o parâmetro que mais variou durante as análises,especialmente nas marcas A, C, D e E, que apresentaram ponto acima do LT, indicando possível falha de processo de fabricação. Nenhuma amostra apresentou pontos acima do LC, indicando que o processo, apesar de pouca precisão e exatidão, ainda está sob controle. Os gráficos evidenciaram maior precisão das medidas de pH em relação ao cloro ativo, porque a análise potenciométrica, por ser um método instrumental, está menos sujeita aos erros sistemáticos da análise clássica, como a titulação iodométrica. Ao compararmos as amostras quanto à precisão e exatidão dos ensaios, verificamos que o processo analítico das marcas A, D e E não esteve sob controle, e as alterações registradas nos gráficos correspondentes podem ser atribuídas a variações de composição das amostras. Três marcas de água sanitária comercial obtiveram resultados médios do teor de cloro ativo acima (marcas B e C) e abaixo (marca D) do intervalo permitido pela legislação (1,75 a 2,75 %) (Tabela 1). Os índices de conformidade do produto indicaram que 73% das amostras da marca E estavam conformes em detrimento da marca D, onde apenas 27% estavam com cloro ativo dentro dos padrões estabelecidos. Teores de cloro ativo acima do permitido podem significar excesso de alcalinizantes no produto, enquanto que teores abaixo do aceitável demonstram que a ação sanificante da água sanitária, controlada pelo ácido hipocloroso (HClO), não será satisfatória. Quanto ao pH, a legislação especifica o valor máximo de 13,5 para a água sanitária pura, e neste estudo, todas as marcas de água sanitária, apresentaram valores de pH inferiores a 13,5, estando conformes com a legislação sanitária.
CONCLUSÕES: Todas as marcas analisadas apresentaram algum tipo de irregularidade com relação ao teor de cloro ativo, com índices de conformidade variando de 27 a 73%, o que demonstra a tendência do produto em não atender aos requisitos das normas técnicas. Os gráficos de controle da média ilustraram este comportamento ao longo das determinações, e as alterações registradas provavelmente devem-se à variação da composição das amostras em relação aos parâmetros investigados,evidenciando a necessidade de maior fiscalização por parte dos órgãos responsáveis e adequação das indústrias às normas de boas práticas
AGRADECIMENTOS: À FAPEMAT – Fundação de Amparo à pesquisa do Estado de Mato Grosso, pela concessão da bolsa de iniciação cientifica.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: ABNT, Associação Brasileira de Normas Técnicas. 2004. NBR 9425 - Solução de Hipoclorito de Sódio Comercial - Determinação do Teor de Cloro Ativo pelo Método Volumétrico.
BRASIL. Portaria no 89 do Ministério da Saúde. 1994. Diário Oficial da União, Brasília, 25 de agosto de 1994.
LEVINE, D. M.; BERENSON, M.L.; STEPHAN, D. 2000. Estatística: teoria e aplicações usando Microsoft Excel em português. Rio de Janeiro: CTC.
MACÊDO, J. A. B. 2004. Águas & Águas. Belo Horizonte: CRQ-MG, 977p.
REIS, M. M. Um modelo para o ensino do Controle Estatístico da Qualidade. 2001. Tese (Doutorado em Engenharia de Produção) – Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção, UFSC, Florianópolis.
ROCHA, R.. Implantação de Sistema Gerencial, com Avanços em Controle Estatístico, em Laboratório de Nutrição Animal. 2004. Tese (Doutorado em Engenharia de Produção) – Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis.
SIQUEIRA, L. G. P. 1997. Controle Estatístico de Processos. São Paulo: Pioneira, 235p.