ÁREA: Iniciação Científica

TÍTULO: Resistência a antibióticos de cepas de Enterobacter aerogenes isolados de alimentos comercializados na cidade de Fortaleza.

AUTORES: LIMA NETO, J.G (UFC.UECE) ; SOARES, K.P. (UECE) ; AMORIM, L.A (UFX) ; NASCIMENTO, K.M (UECE) ; CUNHA, F.A (UFC) ; SOUSA, G.C. (CENTEC.UFC) ; SANTOS, R.S (UFC) ; MALLMANN, E.J.J (UFC. UECE) ; MENDES, L.G. (UFC.UECE.) ; MENEZES, E.A. (UFC)

RESUMO: O Enterobacter aerogenes é um coliforme termotolerante que pode contaminar alimentos. O objetivo desse estudo foi isolar, identificar e verificar a sensibilidade de cepas de E. aerogenes isolados de carne de frango e de saladas de vegetais comercializados na cidade de Fortaleza. Foram selecionados e avaliadas o perfil de sensibilidade de 27 cepas de E.aerogenes isoladas de alimentos. Todas as cepas de E. aerogenes foram resistentes a ampicilina. A resistência à doxiciclina ficou em 59,3%, foram detectadas cepas resistentes à ceftazidima, ciprofloxacina e ao imipenem. Os achados permitem concluir que as carnes de frango e as saladas de hortaliças minimamente processadas comercializadas nos supermercados da cidade de Fortaleza devem ser consumidas com cautela.

PALAVRAS CHAVES: : enterobacter aerogenes. saladas. resistência

INTRODUÇÃO: O gênero Enterobacter pertence à família Enterobacteriaceae e pode ser rapidamente diferenciado do gênero Klebsiella. Enterobacter spp são móveis, urease negativa e ornitina descaboxilase positiva. Enterobacter spp são resistentes a cefalotina e cefoxitina enquanto Klebsiella spp são susceptíveis a esses agentes. O Enterobacter aerogenes é um coliforme termotolerante que pode contaminar alimentos(5). Os alimentos podem ser importantes vias de disseminação de bactérias resistentes a antibióticos. O sistema de criação intensiva de frangos favorece a introdução e a disseminação de várias doenças e microrganismos (3,4). Vegetais irrigados com água contaminada podem albergar microrganismos resistentes à antibióticos (1,2). O objetivo desse estudo foi isolar, identificar e verificar a sensibilidade de cepas de E. aerogenes isolados de carne de frango e de saladas de vegetais comercializados na cidade de Fortaleza.



MATERIAL E MÉTODOS: Foram coletadas e analisadas 10 amostras de saladas de hortaliças minimamente processadas comercializadas em Fortaleza. As saladas selecionadas foram cinco: salada primavera ( acelga e repolho verde), salada colorida (repolho, cenoura e alface crespa), salada spring (alface crespa, repolho, salsa e cenoura) e salada classic (alface crespa, cenoura e tomate). Foram coletadas 80 amostras de carne de frango resfriada e congelada, na forma de carcaça e em cortes, comercializada em vários estabelecimentos localizados na cidade de Fortaleza, Ceará. Foram realizadas as análises microbiológicas para determinação do Número Mais Provável de coliformes a 35°C e a 45°C (8). Dos coliformes termotolerantes isolados foram identificados E. aerogenes usando provas bioquímicas. Estas provas foram: Ágar Tríplice Açúcar Ferro (TSI), Ágar Lisina Ferro (LIA), meio de uréia de Christensen, meio de Mobilidade Indol Ornitina (MIO), meio de Citrato de Simmons e desaminação da fenilalanina. Foram selecionados e avaliadas o perfil de sensibilidade de 27 cepas de E.aerogenes isoladas de alimentos (19 cepas foram isoladas de carne de frango e 08 foram isoladas de salada de hortaliças minimamente processadas). Foi avaliado o perfil de sensibilidade aos seguintes antimicrobianos: amicacina (10µg), ampicilina (10µg), ciprofloxacina (5µg), ceftazidima (30µg), estreptomicina (10µg), doxiciclina (10µg), gentamicina (10µg), imipenem (10µg), sulfonamidas (10µg) e sulfametoxazol + trimetroprim (25/1,5µg). As cepas foram testadas utilizando a metodologia de Kirby-Bauer, método de difusão de discos contendo o antimicrobiano em meio de cultura Muller-Hinton(5,7). Como controle foi utilizada a cepa E.aerogenes ATCC 13048.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Todas as cepas de E. aerogenes foram resistentes a ampicilina. A resistência à doxiciclina ficou em 59,3%, foram detectadas cepas resistentes à ceftazidima, ciprofloxacina e ao imipenem. Esses antibióticos pertencem a classes químicas diferentes e possuem mecanismos de ação diferentes(5). A presença dessas bactérias em alimentos pode disseminar os seus determinantes de resistência para outras bactérias da mesma espécie ou de espécies diferentes. Cepas de E. aerogenes isolados foram resistentes a até seis antibióticos diferentes dos 10 que foram testados(7). Durante a última década o E. aerogenes tem emergido com um importante patógeno responsável por infecções respiratórias graves (9). As cepas se mostraram sensíveis a amicacina. Foi possível observar nesse estudo que as cepas de E. aerogenes provenientes de carne de frango apresentaram um potencial mais elevado de resistência bacteriana, isso deve-se ao fato de que antibióticos são utilizados na alimentação de frangos, com a função de promotores de crescimento(3,4). O estudo demonstrou que os frangos de corte podem funcionar como reservatórios de genes de resistência a antibióticos importantes em medicina veterinária e humana(9).



CONCLUSÕES: Os achados permitem concluir que as carnes de frango e as saladas de hortaliças minimamente processadas comercializadas nos supermercados da cidade de Fortaleza devem ser consumidas com cautela, considerando a potencialidade de contaminação por cepas de E. aerogenes multiresistentes a antimicrobianos. Sugere-se assim, cuidadoso cozimento desses alimentos como medida de segurança alimentar.



AGRADECIMENTOS: À FUNCAP pelo apoio financeiro para realização desta pesquisa e a Universidade Federal do Ceará por permitir a realização dessa pesquisa.



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA:
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3. CARDOSO, A.L.S.P.; CASTRO, A.G.M.; TESSARI, E.N.C.; BALDASSI, L.; PINHEIRO, E.S. Pesquisa de Salmonella spp, coliformes totais, coliformes fecais, mesófilos, em carcaças e cortes de frango. Higiene Alimentar, v.19, n.128, p.144-150, 2005.
4. CARDOSO, A. L. S. P.; TESSARI, E. N. C.; CASTRO, A. G. M.; PULICI, S. C. P.; ZANATTA, G. F. Eficiência da ação de desinfetantes em incubatórios. Revista Brasileira de Ciência Avícola, suplemento 5, pág. 2, São Paulo – Sp, 2003.
5. KONEMAN, E. W.; ALLEN, S. D.; JANDA, W. M.; SCHRECKENBERGER, P. C.; WINN JR., W. C. – Diagnóstico microbiológico. Editora MEDSI, São Paulo, 2006.
6. MARTINS, S.C.S.; LIMA, J.R.; ALMADA, J.S.; PEREIRA, A.I.B. Screening de linhagens de Escherichia coli multiresistentes a antibióticos em alimentos de origem animal do estado do Ceará, Brasil. Higiene Alimentar. 17(104/105):71-76.2003
7. SIQUEIRA, R. S. Manual de microbiologia de alimentos. Brasília: EMBRAPA, 1995. 159 p.
8. THREFALL, E.J. et al .The emergence and spread of antibiotic resistance in food-borne bacteria.Int.. J. Food. Microbiol. 62:1-5.2000.
9. VIEIRA, C.R.N. & TEIXEIRA, C.G. Condições higiênico-sanitárias de carcaças resfriadas de frango comercializadas em Poços de Caldas-MG. Higiene Alimentar, v.11, n.48, p.36-40, 1997.