ÁREA: Iniciação Científica

TÍTULO: A formação do professor de química e as dificuldades para um novo ensino de química

AUTORES: MESQUITA,KELÂNIA FREIRE MARTINS (UERN) ; SANTOS,ANNE GABRIELLA DIAS (UERN) ; NUNES, ALBINO OLIVEIRA (UERN,CEFETRN)

RESUMO: Sabendo que a didática fundamenta a prática docente conferindo-lhe guias, o professor deve possuir conhecimentos sólidos nesta área para utilizar ferramentas ou enfoques como a transversalidade, a interdisplinaridade, os conhecimentos prévios, CTS, entre outros. Contudo, na cidade de Mossoró-RN, 42,9% dos professores de química da rede pública não considera importante a transversalidade, e os demais de ambas as redes parecem não possuir conhecimento suficiente sobre o tema. Mas este fato, ainda que indesejável, já podia ser previsto uma vez que apenas 29% dos professores de química afirma usar uma didática fundamentada em suas aulas. Esses dados apontam para um deficiência na formação desses profissionais, mesmo sendo a maior parte (82,4%) licenciados ou licenciandos em química.

PALAVRAS CHAVES: formação de professores, ensino, química

INTRODUÇÃO: O ensino de ciências é um campo de estudo que vem despertando interesse de vários pesquisadores e pessoas ligadas à educação. Esse interesse se deve à demanda social por profissionais com formação científica e tecnológica, visto que esta é indispensável para o desenvolvimento econômico, cultural e social. Por outro lado, nas escolas, as disciplinas científicas são preteridas pelos estudantes que preferem as humanas. Este problema pode ter várias causas, entre as quais podemos citar a exigência de um nível de abstração elevado para uma boa compreensão das ciências exatas e da terra, que requerem uma boa base de cálculo além de um bom nível de compressão dos termos próprios e da linguagem escrita, e a limitação dos profissionais da educação, que são, em geral, os menos capacitados(Rosa). Partindo desta última afirmação e sabendo que o professor tem um papel primordial no desenvolvimento cognitivo do estudante, pois como ser mais experiente pode atuar junto a zona de desenvolvimento proximal, fazendo o papel de mediador e facilitador da aprendizagem (Fonseca, 2007), pode-se chegar facilmente a conclusão de que a formação deste é fator decisivo na qualidade da educação. Outro ponto a se levar em consideração neste panorama é a separação que há entre as disciplinas de formação técnica e de formação pedagógica nos cursos de graduação em ciências( Gil-perez e Ana Maria Carvalho).
Frente a essas questões torna-se necessário pesquisar a formação pedagógica dos professores atuais para que se possa planejar cursos de formação continuada e repensar os cursos de formação inicial.

MATERIAL E MÉTODOS: Esta pesquisa foi realizada em escolas de ensino médio da cidade de Mossoró no estado do Rio Grande do Norte, onde foram entrevistados 10 professores de química da rede privada durante o mês de março de 2005 e 7 da rede pública em abril de 2006 através de um diálogo que possibilitasse a análise de discurso aberto. Também foram questionados 281 alunos da rede privada e 147 da rede pública utilizando-se de questionários de múltipla escolha respectivamente nos mesmos períodos.
A partir dos dados coletados, foram feitos cruzamentos de informações relevantes fornecidas por professores e alunos que possibilitassem um desenho da situação funcional e das condições didático-pedagógicas oferecidas pelo sistema educacional.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: A transversalidade e a utilização dos conhecimentos prévios são de grande importância no ensino,a primeira é o enfoque que se supõe mais eficaz no tratamento complexo da realidade e a última traz a possibilidade de uma aprendizagem significativa apoiando-se nos conhecimentos anteriores e próximos da realidade do aluno.Partindo desta visão questionou-se professores quanto as suas percepções sobre esses temas e sobre seus conhecimentos sobre a didática das ciências. Na rede privada todos os professores consideraram a transversalidade importante, enquanto na pública somente 57,1%,não expondo o porquê dessa importância, levando-nos a postular que alguns possam não entender o seu real significado. Quanto a utilização dos conhecimentos prévios, quase todos afirmaram usar. O que poderia levar a conclusão de que esses professores realmente entendem a importância dessa forma de trabalho, mas nenhum foi capaz de explicitar a importânica de se lançar mão desse recurso. Ademais, desses dados percebe-se o desconhecimento dos professores com relação aos níveis de conhecimentos (MESQUITA et al, 2007) que fazem parte do currículo oficial do país.
Essas respostas são coerentes como o fato de 47% desconhecerem totalmente os MCA´s, (Movimento das Concepções Alternativas). Outro agravante para a escola pública é o fato de 43 % dos educadores que lecionam química ao nível médio não terem sequer possuírem graduação específica. Todos esses problemas de formação podem ser resumidos no fato de apenas 29% dos professores entrevistados afirmarem usar uma didática fundamentada. O que pode ser considerado um contexto pedagógico negativo, uma vez que 71% dos professores não conhecem, não entendem corretamente ou atribuem às suas experiências um valor maior que a fundamentação teórica em ensino.

CONCLUSÕES: A formação inicial e continuada é indispensável para o exercício da prática docente, e o desconhecimento dos professores quanto a teorias e conceitos pedagógicos pode ser atribuída a deficiências nos cursos de licenciatura. Se nas escolas públicas encontram-se profissionais sem formação adequada lecionando, na rede privada todos os professores ou são licenciados ou licenciandos em química. Como medidas possíveis para a equalização do problema, deve-se pensar em cursos de formação continuada, com ênfase na fundamentação pedagógica, e reformulação dos de formação inicial.

AGRADECIMENTOS:

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: ROSA, S.S. Construtivismo e Mudança, 5ª ed., Coleção questão de nossa época. São Paulo:Cortez 1999.
GIL-PÉREZ, D.; CARVALHO, A. M. P. de. Formação de professores de ciências, 5ª ed., São Paulo:Cortez,2001.
FONSECA, Vitor da , Explorando a zona de desenvolvimento proximal para aprender a aprender, Anais do Sapiens 2007- Congresso Internacional de Educação, Olinda-PE, 2007.
MESQUITA, Kelânia Freire Martins, NÍVEIS DE CONHECIMENTO: PERSPECTIVAS E DIFICULDADES NO ENSINO DE QUÍMICA, Anais do Sapiens 2007- Congresso Internacional de Educação, Olinda-PE, 2007.