ÁREA: Iniciação Científica
TÍTULO: Atividade in vitro do ertapenem e meropenem contra cepas de Acinetobacter baumannii multiresistente isolados em Fortaleza-Ceará.
AUTORES: SOARES, K.P. (UECE.) ; AMORIM, L.N. (UFC) ; NASCIMENTO, K.M. (UECE.) ; CUNHA, F.A. (UFC) ; SANTOS, R.S. (UFC.) ; MALLMANN, E.J.J. (UECE.UFC) ; LIMA NETO, J.G. (UFC.UECE.) ; MENDES, L.G. (UFC.UECE.) ; MENEZES, E.A (UFC.)
RESUMO: Nos últimos anos, o número de infecções causadas por Acinetobacter baumannii tem aumentado significativamente, principalmente entre pacientes internados em unidades de terapia intensiva. As carbapenemas são uma das poucas alternativas terapêuticas, uma situação agravada nos últimos anos com a disseminação de cepas resistentes a essas drogas. Foram avaliadas a atividade in vitro do ertapenem e do meropenem contra 27 cepas de A. baumannii. A resistência ao ertapenem e meropenem ficou em torno de 59%.
PALAVRAS CHAVES: acinetobacter baumannii. ertapenem. meropenem
INTRODUÇÃO: Acinetobacter baumannii é reconhecido como um importante patógeno oportunista freqüentemente associada com surtos de infecções nosocomiais em todo mundo. As infecções causadas por essa bactéria são de difícil tratamento, pois os isolados de infecções hospitalares são tipicamente resistentes a uma variedade de antimicrobianos de amplo espectro. As carbapenemas estão entre as drogas de escolha para o tratamento de infecções causadas por cepas de A. baumannii multiresistentes(4).As carbapenemas são estáveis a ação das betalactamases e das AmpC. Essas vantagens tornam as carbapenemas uma classe de antibióticos atrativa para futuros desenvolvimentos farmacêuticos. O ertapenem tem atividade similar ao meropenem contra bactérias Gram-positivas, enterobactérias, mas apresenta uma menor atividade contra P. aeruginosa e Acinetobacter spp. O ertapenem tem uma meia-vida de 4 a 4,5 h e permite a utilização de uma única dose diária, em contraste com o meropenem que tem de ser administrado 3 a 4 vezes ao dia(3). O objetivo desse estudo foi avaliar e comparar a atividade in vitro do ertapenem e meropenem contra cepas de A. baumannii.
MATERIAL E MÉTODOS: Em nosso estudo foram avaliadas 27 cepas de A. baumannii. As amostras foram oriundas do Hospital Geral de Fortaleza e foram identificadas pelos seguintes testes: coloração de Gram, oxidase, crescimento a 42°C e teste de motilidade. O MIC foi realizado utilizando à técnica de diluição em ágar. As concentrações das drogas variaram de 0,25 µg/mL a 64 µg/mL. Cepas susceptíveis para o ertapenem e o meropenem apresentam MIC < 4 μg/mL e cepas resistentes apresentam MIC > 16μg/mL. Como controle foi utilizado a cepa de Klebsiella pneumoniae ATCC 13.883 sensível ao meropenem e ao ertapenem(1).
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Das cepas avaliadas 16 (59,3%) apresentaram resistência ao ertapenem, 12 cepas (44,4%) apresentaram resistência em concentração maior ou igual a 64 µg/mL de ertapenem. Das cepas testadas 16 (59,3%) foram resistentes ao meropenem, 11 cepas (40,7%) apresentaram resistência à concentração maior ou igual a 64 µg/mL de meropenem. Os resultados demonstram claramente o problema da resistência bacteriana. A resistência ocorre devido à produção por parte da bactéria de enzimas hidrolíticas que destroem o antimicrobiano, tornando a bactéria de difícil controle.Em um estudo realizado com 59 amostras de A. baumannii, coletadas na América do Norte, foi observado um MIC de 16 µg/mL para o ertapenem, sendo consideradas resistentes(2).
Em uma pesquisa realizada no Brasil em 2002, com bactérias isoladas de pacientes internados em UTI, foi possível constatar que o A. baumannii foi o segundo patógeno mais prevalente, com 17,1% dos isolamentos, sendo somente superado pela Pseudomonas aeruginosa. O meropenem foi testado contra 86 isolados de A. baumannii, 89,5% foram sensíveis e 10,5% foram resistentes. A. baumannii e P.aeruginosa tem se tornado microrganismos problemáticos no Brasil devido a sua prevalência e padrão de resistência. Esses microrganismos desempenham importante papel em infecções hospitalares(5). Foram avaliadas o perfil de sensibilidade de 109 de cepas de Acinetobacter spp isoladas na Europa e Austrália frente ao ertapenem, 30% das cepas mostraram-se resistentes. O ertapenem apresenta atividade limitada contra cepas de Acinetobacter spp3. Em uma pesquisa com 463 cepas de Acinetobacter spp foi observado elevada resistência ao ertapenem6. Cepas de A. baumannii resistentes à carbapenemas tem sido isoladas em todo mundo.
CONCLUSÕES: Os mecanismos pelos quais o A. baumannii resiste a essas drogas são: a produção de metalo-β-lactamases, alteração nas proteínas de membrana e alteração da ligação de peéroteínas ligadoras de penicilinas(4). Como pode ser visto em nosso estudo o ertapenem não apresentou nenhuma vantagem microbiológica em relação ao meropenem, apresentando os mesmos níveis de resistência. Esses resultados são problemáticos devido ao fato que o ertapenem somente recentemente começou a ser utilizado no Brasil e já ocorrem altos níveis de resistência.
AGRADECIMENTOS: Ao Hospital Geral de Fortaleza por ter doado as amostras de A. baumanni e a Universidade Federal do Ceará por permitir a realização dessa pesquisa.E a Merck-Sha
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: 1. Clinical and Laboratory Standards Institute (CLSI). Performance standards for antimicrobial susceptibility testing, 9th: approved standard M100-S13.CLSI. Wayne-Pa, 2003.
2. Fuchs, P.C.; Barry, A.L.; Brown, S.D. In vitro activities of ertapenem (MK-0826) against clinical bacterial isolates from 11 North American Medical Centers. Antimicrob. Agent. Chemother, 45(6):1915-1918.2001.
3. Livermore, D.M. et al. In vitro activities of ertapenem (MK-0826) against recent clinical bacteria collected in Europe and Australia. Antimicrob. Agent. Chemother, 45(6):1860-1867.2001.
4. Lolans, K.; Rice, T.W.; Munoz-Price, L.S.; Quinn, J.P. Multicity outbreak of carbapenem-resistant Acinetobacter baumannii isolates producing the carbapenemase OXA-40. Antimicrob. Agent. Chemother, 50(9):2941-2945.2006.
5. Mendes, C.; Oplustil,C.; Sakasami, E.; Turner, P.; Kiffer, C. Antimicrobial susceptibility in intensive care units: Mystic Program. Brazil. 2002. Braz. J. Infec. Dis, 9(1):44-51.2005.
6. Motyl, M.; Mixson, L.; Friedland, I.R.; Woods, G.L. Ertapenem a parenteral, long-acting carbapenem. Clin. Microb. Newsl, 25(12):89-95:2003.