ÁREA: Iniciação Científica

TÍTULO: Atividade in vitro do ertapenem, meropenem e polimixina B contra cepas de Pseudomonas aeruginosa multi droga resistentes (PAMDR) isoladas em Fortaleza-Ceará.

AUTORES: LIMA NETO, J.G (UECE, UFC) ; AMORIM, L.N (UFC) ; NASCIMETO, K.L (UECE) ; CUNHA, F.A (UFC) ; SOUSA, G.C. (UFC, CENTEC) ; SANTOS, R.S (UFC) ; SOARES, K.P (UECE) ; MENDES, L.G. (UFC, UECE) ; MENEZES, E.A (UFC)

RESUMO: Nos últimos anos, o número de infecções causadas por Pseudomonas aeruginosa tem aumentado significativamente, principalmente entre pacientes internados em unidades de terapia intensiva. As carbapenemas são uma das poucas alternativas terapêuticas, assim como a polimixina B, uma situação agravada nos últimos anos com a disseminação de cepas resistentes a essas drogas. Foram avaliadas a atividade in vitro do ertapenem, meropenem e polimixina B contra 8 cepas de P. aeruginosa. A resistência ao ertapenem observada foi de 100%, ao meropenem 62,5% e a polimixina 87,5%. Essas cepas isoladas são um grande problema de saúde pública.

PALAVRAS CHAVES: pseudomonas aeruginosa. carbapenemas. polimixina b.

INTRODUÇÃO: Pseudomonas aeruginosa é uma causa de infecções nosocomiais e é responsável por 10% de todas as infecções adquiridas no hospital. Infecções causadas por P. aeruginosa são graves e de difícil tratamento devido ao fato dessa bactéria ser extremamente resistente a diversos antimicrobianos disponíveis (1). A acumulação de resistência após a exposição a vários antibióticos e a resistência cruzada entre drogas pode resultar em P. aeruginosa multidroga resistente (PAMDR). Essas PAMDR podem ser transmitidas de paciente a paciente (10). As carbapenemas estão entre as drogas de escolha para o tratamento de infecções causadas por cepas PAMDR (7). As carbapenemas são estáveis a ação das betalactamases e das AmpC. Essas vantagens tornam as carbapenemas uma classe de antibióticos atrativa para futuros desenvolvimentos químicos-farmacêuticos. O ertapenem tem atividade similar ao meropenem contra bactérias Gram-positivas, enterobactérias, mas apresenta uma menor atividade contra P. aeruginosa e Acinetobacter spp. O ertapenem tem uma meia-vida de 4 a 4,5 h e permite a utilização de uma única dose diária, em contraste com o meropenem que tem de ser administrado 3 a 4 vezes ao dia (4,6). A polimixina B é um antibiótico decapeptídeo caracterizado por possuir um anel heptapeptídeo contendo quatro resíduos de ácido 2,4-diaminobutirico, os grupamentos aminos encontram-se carregados positivamente, seu mecanismo de ação, ainda não totalmente compreendido, consiste em se ligar a constituintes de membrana do microrganismo causando uma desestruturação e morte do microrganismo(3). O objetivo desse estudo foi avaliar e comparar a atividade in vitro do ertapenem, meropenem e polimixina B contra cepas de P. aeruginosa multiresistentes isoladas em Fortaleza-Ceará.

MATERIAL E MÉTODOS: Em nosso estudo foram avaliadas 8 cepas de PAMDR. As amostras foram oriundas do Hospital Geral de Fortaleza e foram identificadas pelos seguintes testes: coloração de Gram, oxidase, crescimento a 42°C e teste de motilidade. O MIC foi realizado utilizando à técnica de diluição em ágar. As concentrações das drogas variaram de 0,25 µg/mL a 64 µg/mL. Cepas susceptíveis para o ertapenem , meropenem e polimixina B apresentam MIC < 4 &#956;g/mL e cepas resistentes apresentam MIC > 16&#956;g/mL. Os antibióticos foram adquiridos com os representantes comerciais. Como controle foi utilizado a cepa de Klebsiella pneumoniae ATCC 13883 sensível ao meropenem, ertapenem e polimixina B(2).

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Todas as cepas apresentaram resistência ao ertapenem, 3 cepas (37,5%) apresentaram resistência em concentração maior ou igual a 64 µg/mL de ertapenem. Das cepas testadas 5 (62,5%) foram resistentes ao meropenem, 2 cepas (25%) apresentaram resistência à concentração maior ou igual a 64 µg/mL de meropenem. Das cepas avaliadas 7 (87,5%) apresentaram resistência a polimixina B. Os resultados demonstram claramente o problema da resistência bacteriana. A resistência ocorre devido à produção por parte da bactéria de enzimas hidrolíticas que destroem o antimicrobiano, tornando a bactéria de difícil controle. Em uma pesquisa realizada no Brasil em 2002, com bactérias isoladas de pacientes internados em UTI, foi possível constatar que a P. aeruginosa foi o patógeno mais prevalente, com 33% dos isolamentos(8). O meropenem foi testado contra 166 isolados de P. aeruginosa, 33,1% foram resistentes e 59,8% foram sensíveis e 7,1% apresentaram sensibilidade intermediária. P. aeruginosa tem se tornado um microrganismo problemático no Brasil devido a sua prevalência e padrão de resistência. Esse microrganismo desempenham importante papel em infecções hospitalares(8). Em um estudo realizado no Rio de Janeiro com 200 isolados de P. aeruginosa foi observado uma resistência de 35,5% ao meropenem e não foi observada resistência a polimixina B (9). Em um estudo conduzido com 130 cepas de P. aeruginosa foi observado uma resistência de 33% para o ertapenem (6). Em um estudo no Brasil em 2001 com 80 cepas de P. aeruginosa a resistência ao meropenem foi de 85% e não foi observada resistência a polimixina B (5).



CONCLUSÕES: Como pode ser visto em nosso estudo o ertapenem não apresentou nenhuma vantagem microbiológica em relação ao meropenem e a polimixina mostrou se inativa contra cepas de PAMDR. Esses resultados são problemáticos devido ao fato que o ertapenem somente recentemente começou a ser utilizado no Brasil e já ocorrem altos níveis de resistência.

AGRADECIMENTOS: A UFC por permitir a realização dessa pesquisa. Aos alunos do Curso de Química da UFC e UECE sem eles o Laboratorio de Microbiologia seria um lugar sem pessoas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: 1. CARMELI, Y., N. TROILLET, G. ELIOPOULOS, M. H. SAMORE. Emergence of antibiotic-resistant Pseudomonas aeruginosa: comparison of risks associated with different antipseudomonal agents. Antimicrob. Agents Chemother. 43:1379–1382. 1999.
2. CLINICAL AND LABORATORY STANDARDS INSTITUTE (CLSI). Performance standards for antimicrobial susceptibility testing, 9th: approved standard M100-S13.CLSI. Wayne-Pa, 2003.
3. DAUGELAVICIUS, R.; BAKIENE, E.; BAMFORD, D.H. Stages of Polymyxin B Interaction with the Escherichia coli Cell Envelope Antimicrob. Agent. Chemother, 44(11):2969-2972.2000.
4. FUCHS, P.C.; BARRY, A.L.; BROWN, S.D. In vitro activities of ertapenem (MK-0826) against clinical bacterial isolates from 11 North American Medical Centers. Antimicrob. Agent. Chemother, 45(6):1915-1918.2001.
5. GALES, A.C.; REIS, E.O.; JONES, R.N. Department Contemporary Assessment of Antimicrobial Susceptibility Testing Methods for Polymyxin B and Colistin: Review of Available Interpretative Criteria and Quality Control Guidelines. J. Clin. Microb, 39(1):183-190:2001.
6. LIVERMORE, D.M. et al. In vitro activities of ertapenem (MK-0826) against recent clinical bacteria collected in Europe and Australia. Antimicrob. Agent. Chemother, 45(6):1860-1867.2001.
7. LOLANS, K.; RICE, T.W.; MUNOZ-PRICE, L.S.; QUINN, J.P. Multicity outbreak of carbapenem-resistant Acinetobacter baumannii isolates producing the carbapenemase OXA-40. Antimicrob. Agent. Chemother, 50(9):2941-2945.2006.
8. MENDES, C.; OPLUSTIL,C.; SAKASAMI, E.; TURNER, P.; KIFFER, C. Antimicrobial susceptibility in intensive care units: Mystic Program. Brazil. 2002. Braz. J. Infec. Dis, 9(1):44-51.2005.
9. PELLEGRINO E. C. et al. Occurrence of a Multidrug-Resistant Pseudomonas aeruginosa Clone in Different Hospitals in Rio de Janeiro, Brazil. J. Clin. Microb, 40(7):2420-2424:2002.
10. SAIMAN, L., F. et al. Antibiotic susceptibility of multiply resistant Pseudomonas aeruginosa isolated from patients with cystic fibrosis, including candidates for transplantation. Clin. Infect. Dis. 23:532–537. 1996.