ÁREA: Alimentos
TÍTULO: CORRELAÇÃO ENTRE A ATIVIDADE ANTIOXIDANTE E OS CONTEÚDOS DE VITAMINA C E FENÓLICOS TOTAIS EM FRUTAS TROPICAIS DO NORDESTE BRASILEIRO
AUTORES: SOUSA, P. H. M. (UFC) ; ALMEIDA, M. M. B. (UFC) ; FERNANDES, A.G. (UFC) ; MAIA, G. A. (UFC) ; MAGALHÃES, A. C. (UFC) ; LEMOS, T. L. G. (UFC)
RESUMO: O presente estudo comparou o conteúdo de vitamina C e fenólicos totais com a capacidade antioxidante de 6 frutas tropicais do nordeste brasileiro. A capacidade antioxidante foi avaliada pelo método do ABTS e expressos como valores de Capacidade Antioxidante Equivalente ao Trolox (TEAC) e Capacidade Antioxidante Equivalente a Vitamina C (VCEAC). Os resultados mostraram que dentre as frutas estudadas, a ata apresentou o maior conteúdo de vitamina C; enquanto o mamão e a graviola apresentaram as maiores quantidades de fenólicos totais. O mamão também apresentou o maior conteúdo de antioxidantes. Verificou-se uma correlação positiva entre os conteúdos de fenólicos totais e a capacidade antioxidante das frutas avaliadas, não sendo observada esta correlação em relação ao teor de vitamina C.
PALAVRAS CHAVES: atividade antioxidante, frutas tropicais, fenólicos totais
INTRODUÇÃO: As frutas têm sido recomendadas por sua riqueza em componentes como vitamina C, carotenóides, substâncias fenólicas e minerais, que pela ação antioxidante previnem danos causados pelos radicais livres (LIN e MORRISON, 2002).
Estudos têm revelado propriedades funcionais fisiológicas importantes dos componentes fenólicos, na proteção dos órgãos e tecidos contra o estresse oxidativo e contra a carcinogênese. Os compostos fenólicos são responsáveis pela atividade antioxidante de diversos vegetais. Dentre os compostos fenólicos com propriedade antioxidante, destacam-se os flavonóides (FRANCIS, 1989).
A vitamina C tem múltiplas funções no organismo, sendo necessária para a produção e manutenção do colágeno; é responsável pela cicatrização de feridas, fraturas e sangramentos gengivais; reduz a suscetibilidade à infecção, desempenha papel na formação de dentes e ossos, aumenta a absorção de ferro e previne o escorbuto (COMBS JR., 2003).
Vários métodos foram desenvolvidos para medir a capacidade antioxidante de alimentos. Estes métodos estão tipicamente baseados na inibição da acumulação de produtos oxidados. A geração de espécies radicais livres é inibida pela adição de antioxidantes (SOLER-RIVAS et al., 2000).
Pelo fato das frutas serem indicadas como fonte de antioxidantes, este trabalho objetivou determinar a capacidade antioxidante in vitro pelo método do ABTS (ácido 2,2’-azino-bis(3-etilbenzotiozolino)-6-sulfônico) de 6 frutas tropicais do Nordeste Brasileiro e compará-la com o conteúdo de fenóis totais e ácido ascórbico. As frutas selecionadas foram: Ananas comosus (L.) Merr. (abacaxi), Annona squamosa L. (ata), Annona muricata L. (graviola), Carica papaya L. (mamão), Manilkara zapota (L.) P. Rayen (sapoti) e Spondias tuberosa Arruda Camara (umbu).
MATERIAL E MÉTODOS: As frutas frescas foram coletadas nas proximidades da cidade de Fortaleza, Ceará e as espécies taxonomicamente identificadas.
A parte comestível de cada fruta foi homogeneizada e centrifugada por 15 min (15000 rpm). O sobrenadante foi recolhido, filtrado e analisado o potencial antioxidante pelo método ABTS (RE et al., 1999). O radical ABTS foi gerado através da reação de 5 mL de solução aquosa de ABTS (7 mM) e 88 µL de solução de persulfato de potássio a 140 mM (2,45 mM concentração final). A mistura permaneceu no escuro por 14 h e só depois foi diluída com etanol para obter absorbância de 0,7 ± 0,02 a 734 nm usando espetrofotômetro UV-vis (Micronal, modelo B582). Os extratos das frutas (30 µL) ou o antioxidante tomada como referência, Trolox reagiram com 3 mL da solução resultante do radical ABTS sem a presença da luz. O decréscimo da absorbância a 734 nm foi medida depois de 6 min. A curva padrão foi linear entre 500-1500 µM de Trolox e 0-20 mg de ácido ascórbico /100mL Os resultados foram expressos como Capacidade Antioxidante Equivalente ao Trolox (TEAC) em µM/g de amostra fresca e Capacidade Antioxidante Equivalente a Vitamina C (VCEAC).
O conteúdo de fenólicos totais foi determinado segundo o método colorimétrico de Folin-Denis (BRASIL, 2005a) e os resultados expressos como miligrama equivalente de ácido gálico (EAG) por 100g de amostra fresca.
O teor de vitamina C foi determinado usando o método titulométrico de 2,6-diclorofenol-indofenol de acordo com procedimento descrito em BRASIL (2005a) e expressa como mg de ácido ascórbico por 100 g de massa fresca.
Os coeficientes de correlação foram determinados entre o conteúdo de vitamina C e fenólicos totais com a concentração de antioxidantes, utilizando-se o programa estatístico SAEG versão 9.1 (2007).
RESULTADOS E DISCUSSÃO: O conteúdo de fenólicos totais, vitamina C e atividade antioxidante estão apresentados na Tabela 1. O conteúdo de fenólicos totais variou de 13,5 a 81,7 mg de EAG/100 g de amostra fresca, sendo o maior conteúdo encontrado na ata, seguido por graviola, mamão e umbu.
O teor de vitamina C variou de 3,3 a 29,6 mg de ácido ascórbico/100g de peso fresco, valores relativamente baixo como fonte de vitamina C, considerando-se que a Ingestão Diária Recomendada (IDR) para um adulto é de 45 mg (BRASIL, 2005b).
Em relação aos conteúdos de antioxidantes expressos em TEAC, o mamão apresentou maior conteúdo (7,60 µM/g ), enquanto o sapoti apresentou o menor valor (0,99µM/g).
Esses valores de antioxidantes e fenólicos totais estavam dentro da faixa de outro estudo com polpas de outras frutas congeladas (2,0 - 67,6 µM/g amostra) e fenólicos totais (20,0 - 580,1 mg de EAG/100g ) (KUSKOSKI et al., 2005).
Tabela 1.
A correlação de Pearson foi significativa entre a capacidade antioxidante (TEAC) e o conteúdo de fenólicos totais ao nível de 5% de probabilidade, apresentando correlação positiva (r = 0,7126), porém, não se verificou correlação entre o conteúdo de vitamina C e a capacidade antioxidante das frutas avaliadas (p > 0,05). Esses resultados também foram observados por KUSKOSKI et al. (2005), que verificaram correlação positiva para componentes fenólicos e a capacidade antioxidante em polpas de frutas; enquanto HASSIMOTO et al. (2005) não encontrou correlação entre o conteúdo de vitamina C e a capacidade antioxidante em frutas.
CONCLUSÕES: Dentre as frutas estudadas, a ata apresentou o maior conteúdo de vitamina C, seguida por abacaxi e umbu. O mamão e a graviola apresentaram as maiores quantidades de fenólicos totais nas frutas estudadas.
Verificou-se ainda que o mamão apresentou o maior conteúdo de antioxidantes entre as frutas.
Observou-se uma correlação positiva entre os conteúdos de fenólicos totais e a capacidade antioxidante das frutas avaliadas; enquanto não foi observada esta correlação em relação ao teor de vitamina C.
AGRADECIMENTOS: Aos órgãos de fomento CNPq, CAPES e FUNCAP.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BRASIL, Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. 2005. Métodos Físico-Químicos para Análise de Alimentos / Ministério da Saúde, Agência Nacional de Vigilância Sanitária / Instituto Adolfo Lutz – Brasília: Ministério da Saúde, 1018p. a
BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Brasília, 23 de setembro de 2005. Ministério da Saúde. Resolução RDC nº 269, de 22 de setembro de 2005. Aprova o regulamento técnico sobre a Ingestão Diária Recomendada (IDR) de proteína, vitaminas e minerais. Diário Oficial da União, Poder Executivo. b
COMBS, JR. 2003. Vitaminas. In: Mahan, LK, Escott-Sutmp, S. Krause: Alimentos, nutrição e dietoterapia. 10ª ed. São Paulo, Editora Roca, p. 65-105.
FRANCIS, F.J. 1989. Food colorants: anthocyanins. Critical Reviews in Food Science and Nutrition, Boca Raton, v. 28, p.273-314.
HASSIMOTTO, N. M. A.; GENOVESE, M. I. S.; LAJOLO, F. M. 2005. Antioxidant Activity of Dietary Fruits, Vegetables, and Commercial Frozen Fruit Pulps. Journal of Agriculture and Food Chemistry, 53: 2928-2935.
KUSKOSKI, E. M.; ASUERO, A. G.; TRONCOSO, A. M.; MANCINI-FILHO, J; FETT, R. 2005. Aplicación de diversos métodos químicos para determinar actividad antioxidante en pulpa de frutos. Ciência e Tecnologia de Alimentos, 25: 726-732.
LIN, B.H.; MORRISON, R.M. 2002. Higher fruit consumption linked with lower body mass index. Food Review, 25: 28-32.
RE, R.; PELLEGRINI, N.; PROTEGGENTE, A.; PANNALA, A.; YANG, M.; RICE-EVANS, C. 1999. Antioxidant activity applying an improved ABTS radical cation decolorization assay. Free Radical Biology & Medicine, 26: 1231–1237.
SAEG - Sistema para Análises Estatísticas. 2007. Versão 9.1: Fundação Arthur Bernardes - UFV- Viçosa.
SOLER-RIVAS, C., ESPÍN, J. C.; WICHERS, H. J. 2000. An easy and fast test to compare total free radical scavenger capacity of foodstuffs. Phytochemical Analysis, 11: 330-338.