ÁREA: Química Orgânica
TÍTULO: AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ESQUISTOSSOMICIDA IN VITRO E IN VIVO DE UM DERIVADO ARILAZO-IMIDAZOLIDÍNICO (LSPF/PT05)
AUTORES: SILVA, A.C.A. (UFPE) ; NEVES, J.K.L.A (UFPE) ; SOARES, A.L.M (UFPE) ; ESPÍNDOLA, M.S (UFPE) ; ALBUQUERQUE, M.C.P.A (UFPE) ; IRMÃO, J.I (UFPE) ; LIMA, M. C. A (UFPE) ; GALDINO,S. L (UFPE) ; PITTA, I.R. (UFPE)
RESUMO: O presente trabalho objetivou avaliar a atividade esquistossomicida in vitro e in vivo do derivado arilazo-imidazolidínico, 5-arilazo-3-benzil-4-tioxo-imidazolidin-2-ona(LPSF/PT05). Nas concentrações de 20, 40 e 60 µg/mL, mostrou-se ativo sobre vermes adultos machos, com 100 % de mortalidade após 24 horas de contato. A atividade in vivo foi avaliada mediante a leitura do oograma dos camundongos infectados e tratados, bem como a redução no número de vermes pelo mesmo derivado administrado por via oral, usando tween 80 e solução salina como veículo.
PALAVRAS CHAVES: schistosoma mansoni, atividade in vitro, atividade in vivo.
INTRODUÇÃO: A esquistossomose é uma doença de múltiplos mecanismos desencadeando lesões diretamente ligadas à presença local da forma evolutiva do Schistosoma (cercária, esquistossômulos, vermes adultos e ovos), alteração da reação imunológica, lesões à distância mediada por imunocomplexos e repercussões geral sobre o organismo (REY, 2001). O tratamento quimioterápico constitui a principal ferramenta no controle das doenças parasitárias, uma vez que as formas eficazes e definitivas de combate as parasitoses, sobretudo aquelas que têm o solo como ambiente de passagem obrigatório para evolução do parasito, estão ausentes ou apresenta-se de forma precária, como podemos citar o saneamento básico e a educação sanitária. Para o tratamento quimioterápico da esquistossomose temos apenas um único fármaco, o praziquantel, ativo contra as principais espécies de Schistosoma que acomete o homem. Porém torna-se imperiosa a necessidade de novos fármacos no mercado com a respectiva atividade, uma vez que já se observa o surgimento de cepas resistentes ao praziquantel (STELMA et al., 1995).
MATERIAL E MÉTODOS: A manutenção do S. mansoni foi feita em modelo Biomphalaria glabrata e camundongos. A obtenção de vermes adultos se deu através da perfusão do sistema porta-hepático dos camundongos após 45-50 dias da infecção. Os vermes foram expulsos e coletados em placas de Petri contendo meio de cultura RPMI 1640. Após remoção dos vermes do hospedeiro definitivo, os mesmos foram transferidos para meio RPMI-1640 acrescido de HEPES 20mM pH = 7,5 e suplementado com penicilina (100 UI/mL), estreptomicina (100 µg/mL) e soro fetal bovino a 10%. Em placa de cultura de tecido, contendo 2 mL em cada poço, este recebeu dois vermes, e em seguida foram incubados a 37ºC, em atmosfera úmida contendo 5 % de CO2. Após um período de 2 horas de adaptação ao meio, os derivados arilazo-imidazolidínicos foram adicionados em concentrações variando de 10 a 60 µg/mL. Foram realizadas duplicatas para cada concentração utilizada. Os parasitos foram mantidos durante 08 dias sendo monitorados a cada 24 horas para avaliação do seu estado geral: atividade motora, alterações no tegumento, taxa de mortalidade e pareamento. A avaliação da suscetibilidade in vivo do S. mansoni está de acordo com os trabalhos desenvolvidos por Pellegrino e Faria (1965), Katz e Pellegrino (1973). O derivado arilazo-imidazolidínico testado, foi solubilizado com tween 80 e solução salina a 0,9% as doses variaram entre 25 e 100 mg/kg de peso corporal, o grupo controle recebeu o veiculo, a administração foi feita por via oral, durante 5 dias. A suscetibilidade do S. mansoni ao derivado arilazo-imidazolidínico foi avaliada através do oograma, da contagem de vermes adultos que foram recuperados durante a perfusão, tanto do fígado, como do mesentério dos camundongos infectados, e da redução da oviposição analisada pelo método de Kato-Katz.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: O derivado LPSF/PT5 se mostrou mais ativo sobre vermes adultos machos, com 100 % de mortalidade após 24 horas de contato quando se utilizou as doses de 20, 40 e 60 µg/mL. Com os vermes adultos fêmeas foi observada uma relação direta entre a dose empregada e o efeito observado no período de 24 horas, havendo, portanto um efeito dependente da dose. O efeito máximo alcançado com as doses de 20 µg/mL e 40 µg/mL do derivado LPSF/PT5 se deu com 96 horas e 72 horas respectivamente. Foi observada também uma diminuição da atividade motora dos vermes observada após as primeiras horas de contato. Adicionalmente, também foram observadas alterações na superfície tegumentar dos vermes com formação de bolhas e peeling sugerindo significativo dano celular. Na atividade in vivo do derivado arilazo-imidazolidinico (LPSF/PT05), não foi observada nenhuma alteração no oograma, a redução do número de vermes fora insignificante, onde só observou uma redução mínima de 9,85 % na dose de 100 mg/kg de peso, como já esperado não observou também alteração na redução de número de ovos, no Kato-Katz.
CONCLUSÕES: A atividade in vivo do derivado arilazo-imidazolidínico testado não fora correspondente a atividade in vitro. Acredita-se que em decorrência da difícil solubilidade do composto no veículo administrado, tenha ocorrido baixa absorção e, dessa forma ausência de atividade biológica.
AGRADECIMENTOS: CAPES-PIBIC/CNPq/UFPE.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: Rey, L. Parasitologia 3ªed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan S.A. 2001.
Oliver, L., Stirewalt, M.A. An efficient method for exposure of mice to cercariae of Schistosoma mansoni. The Journal of Parasitology v.38 p.19-23, 1952.
Standen, D. (1952) The effect of temperature light and salinity upon the hatching of the ova of Schistosoma mansoni. Transactions of the Royal Society of Tropical Medicine and Hygiene. 45: 225-241.
Duvall RH, Dewitt W.B. An improved perfusion technique for recovering adult schistosomes from laboratory animals. The American Journal of Tropical Medicine and Hygiene v.16 p.483-486 ,1967
Stelma, F.F., Talla, I. Sow, S. (1995) Efficacy and side effects of praziquantel in an epidemic focus of Schistosoma mansoni. American Journal of Tropical Medicine and Hygiene. 53: 167-170.
Katz, N., Pellegrino, J Estudos de alguns aspectos da esquistossomose mansoni em macacos Cebus pelo método quantitativo. Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo.v.16 p.245-252, 1973.
Pellegrino, J., Faria, J. The oograma method for the screening of drugs in S. mansoni. The American Journal of Tropical Medicine and Hygiene.v.14, p.363-369, 1965.