ÁREA: Química Ambiental
TÍTULO: ESTUDO PRELIMINAR SOBRE A VARIAçãO DOS DADOS DE PH E CONDUTIVIDADE ELéTRICA NO FINAL DA ESTAçãO CHUVOSA DE 2006 EM CUIABá-MT.
AUTORES: MARQUES, R. - UFMT
MAGALHÃES, A. - UFMT
SILVA, E.C.S. - UFMT
ZAMPARONI, C.A.G.P. - UFMT
DUARTE, J.S. - UFMT
RESUMO: Os estudos sobre a acidez das chuvas se concentram em regiões mais industrializadas, onde a emissão de poluentes para a atmosfera é maior. Este estudo teve o objetivo de monitorar a variação dos dados de pH e condutividade elétrica no final da estação chuvosa de 2006 em Cuiabá-MT, cidade com clima tropical seco e úmido. O coletor estava situado no Campus da Universidade Federal de Mato Grosso, em área livre de obstáculos, onde foram coletadas 37 amostras entre 21/02/2006 e 22/04/2006. Os valores de pH variaram entre 4,50 e 6,79, onde 37,84% eram menor que 5,6, 37,84% entre 5,60 e 6,0, e 24,32% acima de 6,01. Os valores de condutividade elétrica variaram de 1,90 a 64,6 μS/cm-1. A falta de um monitoramento contínuo dificulta maiores conclusões sobre os dados.
PALAVRAS CHAVES: acidez de chuva, cuiabÁ-mt, poluiÇÃo atmosfÉrica
INTRODUÇÃO: Os estudos sobre a acidez das chuvas têm sido aprofundados principalmente em regiões mais industrializadas, onde se observa um efeito mais visível do resultado da interferência humana sobre o ambiente que acabam retornando para a própria sociedade. Em nível mundial observa-se que os estudos sobre a acidez das chuvas são realizados de maneira regional ou global, desenvolvidos por grupos que monitoram grandes áreas durante longos períodos, enquanto que no Brasil os estudos estão em uma escala mais local devido a eventuais trabalhos realizados de maneira independente e com curta duração de amostragem (LEAL et al., 2004). Naturalmente existe na atmosfera o ácido carbônico (H2CO3) que é fraco, e a chuva tem seu pH natural em torno de 5,6 (GOLDEMBERG et al., 2003), entretanto estudos demonstraram que já foram encontrados em áreas remotas chuvas com valores ácidos, indicando que naturalmente pode haver fatores que diminuem o pH das chuvas (GALLOWAY et al.,1982). O objetivo deste trabalho foi analisar a variação dos dados de pH e condutividade elétrica no final da estação chuvosa de 2006 em Cuiabá-MT, para analisar quais características podem ser encontradas neste estudo preliminar.
MATERIAL E MÉTODOS: Foi instalado um coletor de amostras no Campus da Universidade Federal de Mato Grosso (LW 56º 01’ 33” e LS 15º 36’ 40”) em área aberta, a 1,70 metros de altura livre de obstáculos que pudessem vir a contaminar as amostras. O coletor permanecia sempre aberto, e as coletas foram realizadas com intervalo de 12 horas para minimizar a influência da deposição seca. Em cada amostragem, o coletor era lavado e limpo com água ultrapura. Estudos indicam que as coletas realizadas com intervalos de 24 horas garantem a estabilidade dos íons (KARLSSOM et al., 2000). A amostragem foi realizada entre o dia 21/02/2006 até o dia 24/04/2007, totalizando 37 amostras. A abertura era constituída de um funil de polipropileno com diâmetro de 27 cm, conectado por um funil menor de polipropileno a um recipiente fechado com capacidade para armazenar até 12 litros (também constituído de polipropileno), evitando problemas para chuvas com grande pluviosidade. Para as leituras de pH utilizou-se um pH-metro portátil marca Quimis (modelo Q-405), e para as de condutividade elétrica utilizou-se um condutivímetro marca Tecnopon (modelo mCA – 150), ambos eram previamente calibrados.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: As amostras coletadas obtiveram resultados de pH que variaram entre 4,50 e 6,79, onde 37,84% eram menor que 5,6, 37,84% entre 5,60 e 6,0, e 24,32% acima de 6,01. Os valores de condutividade elétrica variaram de 1,90 a 64,6 μS/cm-1 (figura 1). O volume de chuva acumulado pelas amostras coletadas foi de 440,80 mm. Para o cálculo das médias, levou-se em conta o volume de precipitação, calculando-se assim a concentração média volumétrica (CMV), devido ao efeito de diluição atmosférica provocado pelo volume de cada evento chuvoso. A CMV mensal encontrada para pH foi de 4,80 no final de fevereiro, 5,14 para março e 5,72 para abril, enquanto que para a condutividade elétrica a CMV encontrada foi de 9,14 μS/cm-1 para o final de fevereiro, 7,25 μS/cm-1 para março e 4,35 μS/cm-1 para abril. Os resultados indicam uma tendência de elevação nos valores médios volumétricos de pH e de diminuição nos valores médios volumétricos de condutividade elétrica no final da estação chuvosa em Cuiabá (figura 2).
CONCLUSÕES: Os resultados indicam que 37,84% das chuvas apresentaram valores levemente ácidos, quando estudados os eventos no final da estação chuvosa. Também se verificou uma diminuição nos valores médios volumétricos de condutividade elétrica, o que indica que diminuiu o total de sais dissolvidos na água das chuvas. A elevação dos valores médios de pH indica que conforme aumenta o volume e a intensidade das chuvas, há uma limpeza na atmosfera. Para uma maior compreensão sobre os dados, faz-se necessário à análise dos íons presentes nestas amostras, o que não foi possível neste momento.
AGRADECIMENTOS:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA:GALLOWAY, J.N.; LIKENS, G.E.; KEENE, W.C.; MILLER, J.M. 1982. The composition of precipitation in remote areas of the world. Journal of Geophysical Research, 87(11), 8771-8786.
GOLDEMBERG, J.; VILLANUEVA, L. D. 2003. Energia, Meio ambiente & Desenvolvimento. Tradução de André Koch.2. ed. rev. São Paulo: Edusp, p.74-95.
KARLSSOM, V.; LAURÉM, M.; PELTONIEMI, S. 2000. Stability of major ions and sampling variability in daily bulk precipitation samples. Atmospheric Environment, 34, 4859-4865.
LEAL, T. F. M.; FONTENELE, A. P. G.; PEDROTTI, J. J.; FORNARO, A. 2004. Composição iônica majoritária de águas de chuva no centro da cidade de São Paulo. Quim. Nova, 27(6), 855-861.