ÁREA: Química Ambiental

TÍTULO: FITOACUMULAÇÃO DE METAIS PESADOS POR CROTALARIA SP EM HORTAS E PASTAGESN DA PERIFERIA DE TERESINA

AUTORES: SILVA, F.C. S. - UFPI
ARAUJO, S.B. - UFPI

RESUMO: A avaliação do teor de metais pesados(MPs)em plantas acumuladoras,como as do gênero Crotalaria (Fabaceae),pode dar informações valiosas, tanto sobre os teores de MPs no solo,quanto sobre a toxicidade das plantas. No presente trabalho, são avaliados apenas os teores de MPs na planta e no solo,assim como as partes da planta onde a acumulação é maior.Para conseguí-lo,usou-se a espectometria de absorção atômica em chama, precedida de calcinação e abertura das cinzas com ácido nítrco.Para o solo, as soluções de trabalho foram obtidas por extração com DTPA.Valores típicos encontrados para Cd, Cr, Cu e Pb no solo são, em média, 0,002; 0,05; 1,95 e 1,60 mg/Kg, respectivamente.Nas plantas esses valores são: 0,42; 35,4; 13,2 e 38,0 mg/Kg.Conclusão: a planta é melhor acumuladora para Cr e Cd.


PALAVRAS CHAVES: fitoacumulação, crotalária, metal pesado

INTRODUÇÃO: O presene trabalho tem por objetivo avaliar a capacidade fitoacumuladora de metais pesados (MPs) por plantas do gênero Crotalaria, visando criar subsídios que possam auxiliar na explicação da alta toxicidade de algumas espécies. A planta, embora de origem africana ou asiática (dependendo da espécie), é hoje encontrada em todas as regiões do mundo onde as condições climáticas lhe são favoráveis. Em Teresina, é muito freqüente em pastagens de chácaras da periferia; por ser bastante palatável aos animais (principalmente ovinos e eqüinos),há sempre um risco real de intoxicação dos mesmos. Fato curioso é que a intoxicação não se dá por ingestão dos MPs propriamente ditos, embora se saiba que são tóxicos. Segundo NOBRE et al (2005) SOUZA et al (1997), a real causa de intoxicação devida ao consumo de Crotalaria sp por ovinos suínos e eqÜìdeos, são os alcalóides pirrolizidínicos produzidos pela planta em resposta ao "stress" provocado por altas concentrações de MPs em seus tecidos (WANG et al, 2005). Prova disto é que os MPs na planta estão localizada nas raizes, enquanto os alcalóides tóxicos localizam-se preferencialmente nas folhas e sementes, que são mais acessíveis aos animais.


MATERIAL E MÉTODOS: As amostras de planta foram coletada em uma chácara situada na Zona Sudeste de Teresina. Coletadas no pico da estiagem (setembro de 2005), a planta foi colhida inteira e, após ser limpa com abundante água de torneira e água destilada, foi posta ao ar e depois em estufa a 60-65 graus Célcius por, no mínimo, 70 horas e resfriadas a temperatura ambiente no interior de dessecador. A pulverização foi feita em um moinho “Pulverisette 14” com peneiras de malha 0,5 mm. Os pós obtidos foram estocados em frasco de vidro com tampas de plástico (BRASIL, 1999). As amostras de solo foram coletadas no mesmo dia e local das de planta, seguindo o procedimento recomendado pela EMBRAPA (BRASIL, 1999). O material foi seco em estufa a 42 graus Célcius durante cinco dias, triturado em graal de porcelana e passado em peneira de 0,25 mm. A extração dos metais foi feita com solução de EDTPA, conforme recomendações do Instituto Agronômico de Campinas(ABREU, 2001). Os metais(Cu,Cr,Cd e Pb)foram analisados no Laboratório de Análise de Combustíveis, LAPETRO/UFPI, empregando-se um espectrofotômetro de absorção atômica VARIAN FS–220, com chama de ar/acetileno.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os valores encontrados para Cd, Cr, Cu e Pb no solo são, em média, 0,002; 0,05; 1,95 e 1,60 mg/Kg, respectivamente. Nas amostras de plantas esses valores são: 0,42; 35,4; 13,2 e 38,0 mg/Kg. Os fatores de enriquecimento planta/solo calculados a partir destes dados fornecem, na mesma órdem, os seguintes valores: 210; 708; 6,80 e 23,7. Isto significa que a planta em apreço é altamente eficiente como acumuladora de crômio e cádmio; razoável para cobre e pouco eficiente para chumbo; apesar de ser uma planta de porte herbáceo a subarbustivo (40 - 250 cm de altura), tem um ciclo biológico (cerca de 90 dias) bastante favorável para ser utilizada em fitorremediação de solos contaminados por esses metais. Isto é, o replantio pode ser feito até três vezes por ano. Os teores de MPs encontrados no solo estão todos abaixo dos valores médios citados na literatura internacional, bem como dos valores considerados tóxicos para as plantas (ROOS,1994) citado por (FADIGAS et al., 2002).




CONCLUSÕES: Com base nos valores enncontrados para os fatores de enriquecimento do crômio e do cadmio, essas plantas são altamente danosas ao rebanho que forrageia o pasto onde elas são naturalmente invasoras (WANG, Y.P., 2005). Está bastante claro, pelos dados obtidos, que, mesmo em solos pobres desses metais, tais ervas conseguem acumular altos teores dos referidos MPs. Esta conclusão inferida dos dados experimentais é corroborada por casos de intoxicação observados, especialmente em ovinos (NOBRE et al, 2005) e relatados por seus proprietários, durante as visitas dos pesquisadores ao local.


AGRADECIMENTOS:Os aoutores agradecem ao PIBIC/CNPq/UFPI pela bolsa de IC e o apoio financeiro de F.C.S.S

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA:ABREU, C. A. de; ABREU, M. F. de ANDRADE, J. C. de. In: Análise Química para Avaliação de Fertilidade de solos Tropicais. Campinas – SP:; Raij et al. ed. Instituto Agronômico de Campinas, 2001. BRASIL. Empresa brasileira de pesquisa agropecuária (EMBRAPA), Manual de análises químicas de solos, plantas e fertilizantes. organizador Fábio César da Silva, 1ª ed. Brasília, 1999. FADIGAS, AMARAL-SOBRINHO, N. B. do MAZUR, N ; ANJOS, L. H. C. dos; FREIXO, A. A. Concentrações naturais de metais pesados em algumas classes de solos brasileiros.Bragantia vol.61 no.2 Campinas May/Aug. 2002.NOBRE, V. M. T.et al. Acute intoxication by Crotalaria retusa in sheep.Toxicon. v. 45, p. 347-352, jan. 2005. ROSS, S.M. Toxic metals in soil-plant systems. Chichester: John Willey & Sons, 1994. 469p. SOUZA, A. C. de., HATAYDE, M. R. ; BECHARA, G. H. Aspectos patológicos da intoxicação de suínos por sementes de Crotaria Spectabilis (Fabaceae). Pesquisa Veterinária Brasileira.vol17 n.1Rio de JaneiroJan/Mar. 1997. WANG, Y. P. et al. Human liver microsomal reduction of pirrolizidine alkaloid N-oxides to form the corresponding carcinogenic parent alkaloid. Toxicology letters, v. 155, n. 3, p. 411-420, mar. 2005.