ÁREA: Química Analítica
TÍTULO: DETERMINAÇÃO ELETROQUÍMICA DA ATIVIDADE ANTIOXIDANTE TOTAL DO SUCO DE LARANJA LONGA VIDA USANDO O “FRAP ASSAY” MODIFICADO
AUTORES: RAFAEL DE QUEIROZ FERREIRA - IQSC/USP; LUIS ALBERTO AVACA - IQSC/USP
INSTITUTO DE QUíMICA DE SãO CARLOS, UNIVERSIDADE DE SãO PAULO, AV. TRABALHADOR SãO CARLENSE, 400, CEP. 13566-590, SãO CARLOS – SP. CX. POSTAL 780. (RAFAELQF@IQSC.USP.BR)
RESUMO: O suco de laranja, definido como suco não fermentado obtido de laranjas maduras da espécie citrus sinensis, apresenta diversos compostos com propriedades antioxidantes em sua composição. Dentre estes, o ácido ascórbico (AA) é o composto solúvel que mais se destaca, devido a sua atividade antioxidante majoritária (87%). Para aumentar a vida útil do suco de laranja é necessário realizar um processamento térmico que pode alterar sua constituição básica e refletir em sua atividade antioxidante. Dessa forma, o presente trabalho visa determinar a atividade antioxidante total do suco de laranja longa vida, usando o “FRAP assay” modificado com detecção eletroquímica (cronoamperometria) e compará-la com o suco de laranja natural.
PALAVRAS CHAVES: suco de laranja, frap, cronoamperometria
INTRODUÇÃO: O suco de laranja constitui um produto complexo, formado por uma mistura aquosa de vários componentes orgânicos voláteis e instáveis, responsáveis pelo seu sabor e aroma, além de açúcares, ácidos, sais minerais, vitaminas e pigmentos. É um líquido límpido ou turvo, extraído do fruto da laranjeira - citrus sinensis, através de processo tecnológico adequado, não-fermentado, submetido a um tratamento que assegura sua apresentação e comercialização até o momento do consumo.
Dentre os compostos antioxidantes solúveis presentes no suco de laranja, o ácido L-ascórbico (AA) apresenta a maior atividade antioxidante (87% da atividade antioxidante total – AAT). Em geral, a concentração de AA no suco de laranja é de 33 a 70 mg/100mL, correspondendo a 25% do teor encontrado no fruto. Para aumentar a vida útil do suco de laranja é necessário realizar um processamento térmico que pode alterar sua constituição básica e refletir em sua atividade antioxidante.
Dessa forma, o presente trabalho visa determinar a AAT do suco de laranja longa vida, usando uma metodologia eletroquímica desenvolvida a partir do poder antioxidante de redução do ferro (FRAP) é compará-la com o suco de laranja natural.
MATERIAL E MÉTODOS: Para a realização dos ensaios foram usados 454 μL de solução aquosa de AA 1,702 x 10-3 mol L-1 e 454 μL de suco de laranja longa vida das marcas: Ades, Frug, Mais e Sufresh. Como oxidante, foi usado 15 mL de solução de K3[Fe(CN)6] 5,15 x 10-4 mol L-1 em tampão acetato 3 x 10-1 mol L-1 (pH 3,6). Desta forma, a concentração final da amostra na célula apresentou um fator de diluição de 1/34 e o oxidante apresentou uma concentração final de 5 x 10-4 mol L-1.
A metodologia proposta consiste em monitorar a concentração das espécies Fe+3 na forma do complexo K3[Fe(CN)6], antes e após (4min.) à adição da amostra, por meio da cronoamperometria e da equação de Cottrell (Equação 1). Para isso, foi medido e aplicado durante 2 seg. o potencial de circuito aberto do sistema. Em seguida, foi aplicado um salto de potencial de redução fixo de 0 V durante o restante do ensaio (~10 seg.) e registrada a variação da corrente com o tempo.
Nos ensaios empregou-se uma célula de compartimento único e um potenciostato PGSTAT30 da AUTOLAB. Como eletrodos foram usados: diamante dopado com boro (trabalho); Ag/AgCl - KCl 3,0 mol L-1 (referência) e placa de platina (auxiliar).
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Inicialmente foi traçada uma curva padrão para as espécies Fe+3 a partir dos coeficientes angulares de Cottrell (K) versus a concentração do oxidante, com concentração variando entre 0 e 5 x 10-4 mol L-1 (Figura 1) e obtida a equação da reta (Y = -0,3229 + 0,0468).
Em seguida foram avaliados os perfis voltamétricos das amostras antioxidantes empregando a voltametria cíclica. Na Figura 2, podemos observar que as quatro amostras de suco de laranja longa vida apresentam o mesmo perfil voltamétrico, variando apenas a intensidade da corrente de pico anódica, devido a uma variação na concentração de AA das amostras.
O próximo passo foi determinar a atividade antioxidante das amostras empregando o FRAP assay modificado. A Figura 3 apresenta os cronoamperogramas e a dependência da I com t-1/2 a partir da equação de Cottrell.
Os valores de K foram determinados após a adição da amostra à solução de K3[Fe(CN)6] 5,15 x 10-4 mol L-1 e os valores de FRAP foram calculados por meio da equação da reta. A Tabela 1 apresenta os principais resultados obtidos para o ensaio, além dos valores obtidos por Ferreira e Avaca (2006), para o suco de laranja natural.
CONCLUSÕES: Os valores de FRAP, obtidos para os sucos longa vida, são representativos em relação à concentração de AA descrita pelo fabricante, embora isto não seja um indicativo de que nenhuma transformação ocorreu durante o seu processamento, já que AA é adicionado ao suco como conservante. Eles também são representativos com relação ao suco de laranja natural (tipo pêra rio), ainda que na maioria das vezes se utilize mais de uma cultura na produção de sucos industrializados. Desta forma, a metodologia se mostrou eficiente e prática para a determinação da atividade antioxidante do suco de laranja.
AGRADECIMENTOS:Os autores agradecem à CAPES e ao CNPq pelo auxílio financeiro.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA:FERREIRA, R. Q.; AVACA, L. A. Determinação eletroquímica da atividade antioxidante do ácido ascórbico no suco de laranja usando “FRAP assay” modificado. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE QUÍMICA, 29., 2006, Águas de Lindóia. Livro de resumos. São Paulo: Sociedade Brasileira de Química, 2006. ref. EQ-107.