ÁREA: Química Analítica
TÍTULO: ESTUDO DA LIXIVIAÇÃO DO PESTICIDA 2,4-D EM LATOSSOLO AMARELO DA REGIÃO DE PRIMAVERA DO LESTE, MATO GROSSO
AUTORES: T. F. ZYS - UFMT; E. F. G. C. DORES - UFMT; M. A. GOULART - UFMT;
RESUMO: Para aumentar a produção da cultura de algodão são usados diversos pesticidas, para combater as diversas pragas agrícolas, que podem permanecer no ambiente, contaminando o solo e a água de rios, lagos e lençóis freáticos. Assim, esse estudo teve como objetivo avaliar o potencial de contaminação das águas subterrâneas pelo biocida 2,4-D. Foram realizadas simulações de chuvas em laboratório sobre colunas de solo indeformadas de 50 cm de altura coletadas em campo, com o intuito de se estudar a lixiviação deste pesticida, e seu potencial de contaminação das águas subterrâneas. Foram analisadas amostras da água percolada pela coluna e das camadas do solo de 10 em 10 cm, sesendo os resíduos do pesticida quantificados por cromatografia líquida de alta eficiência com detector de arranjo de diodos.
PALAVRAS CHAVES: lixiviação pesticida
INTRODUÇÃO: Tendo em vista uma produção maior e, conseqüentemente maiores lucros, os agricultores fazem uso de pesticidas no combate a insetos e na competição de culturas. Essas substâncias podem ser tóxicas tanto para o ser humano como para o meio ambiente. O grau de toxidade é muito variado entre as substâncias, assim como suas formas de exposição. Tratando-se de exposição via oral a seres humanos, as principais formas seriam a alimentação e o consumo de águas. Essas águas para consumo podem ser retiradas de fontes subterrâneas que podem estar contaminadas devido ao processo de lixiviação, que corresponde ao transporte vertical dos pesticidas no perfil do solo, juntamente com a água que desce pelos poros(CASTILLO et al, 2003). Uma das formas de avaliar esse processo é através de simulação, em condições de laboratório, da lixiviação dos pesticidas através de colunas de solo. Apesar de apresentar limitações por não reproduzir as condições de campo, é um método de mais baixo custo do que os experimentos em campo. Sendo assim, o objetivo geral deste trabalho foi estudar a lixiviação do herbicida 2,4-D, gerando informações que permitam avaliar seu potencial de contaminação de águas subterrâneas.
MATERIAL E MÉTODOS: O ensaio da lixiviação foi realizado utilizando seis colunas indeformadas de Latossolo Amarelo de 50 cm de altura e 15 cm de diâmetro coletadas na região de Primavera do Leste, Mato Grosso. As colunas foram mantidas na capacidade de campo e no topo de cada coluna, foi aplicado 2,4-D na dosagem aplicada na lavoura. Foram realizados duas simulações de chuvas de 200 mm por 24 horas, com um intervalo de 24 horas entre elas. Foram coletas as águas percoladas da primeira simulação de 24 horas e da segunda simulação de 12 em 12 horas. Após a coleta das águas, as colunas foram seccionadas em camadas de 10 cm, para análise de resíduos do 2,4-D no solo. A extração do biocida da água foi realizada concentrando-a em coluna de extração em fase sólida de C-18 e posterior eluição com metanol. O método de extração do solo consistiu na agitação desse com diclorometano e posterior concentração sob corrente de nitrogênio, sendo o extrato retomado em metanol. As análises dos extratos foram feitas em cromatógrafo líquido de alta eficiência com detector UV de arranjo de diodos (CLAE/DAD) (JÚNIOR, 2005).
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Nas amostras de água percolada nas colunas, 2,4-D foi detectado, em uma delas, com concentração de 2380 ng/L após a primeira simulação de chuva, em uma com concentração de 290 ng/L após as últimas 12 horas de chuva e em outra na concentração de 60 ng/L após as primeiras 12 horas da segunda simulação de chuva, não tendo sido detectado nas demais amostras de água (limite de detecção: 0,10 μg L-1).
Nas camadas de solo, as concentrações médias (n=6) de 2,4-D foram (desvio padrão entre parêntesis): 0,0383(32,9) mg/kg na camada de 0-10 cm; 0,1085(61,6) mg/kg de 10-20 cm; 0,1167(99,7) mg/kg de 20-30 cm; 0,0177(43,5) mg/kg de 30-40 cm, não tendo sido detectado (limite de detecção = 44,5 mg/kg) na camada de 40-50 cm. Uma vez que o 2,4-D não foi detectado na última camada de solo, atribui-se sua presença na água percolada à contaminação anterior do solo, coletado em área de cultura de algodão.
Estes resultados indicam que o 2,4-D tem mobilidade média no solo, uma vez que foi detectado até a camada de 30-40 cm de solo das colunas. A variabilidade entre as quantidades de 2,4-D detectadas nas diferentes colunas de solo está relacionada à variabilidade das propriedades do solo em campo.
CONCLUSÕES: Pode-se concluir que o biocida 2,4-D (ácido 2,4-diclorofenoxiacético) apresenta risco médio de contaminação das águas subterrâneas, tendo em vista os resultados obtidos e o seu curto tempo de meia vida (3,7 dias) que foi determinado, em laboratório, em solo úmido. É preciso alertar que há ainda o risco de contaminação das águas superficiais que pode ocorrer pelo escoamento das águas de chuva, que carregam o pesticida que estiver na camada superficial do solo.
AGRADECIMENTOS:Agradeço ao LARB, CNPq pela bolsa e à AMPA por procpiciar o desenvolvimento deste estudo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA:JÚNIOR, O. P. de A., SANTOS, T. C. R. dos, NUNES, G. S., RIBEIRO, M. L. Breve revisão de métodos de determinação de resíduos do herbicida ácido 2,4-diclorofenoxiacético (2,4-D). Disponível em: . Acesso em: 31 de agosto de 2005.
CASTILLO, A. E.; DELFINO, M.; SUBOVSKY, M. J.; RODRIGUEZ, S. C.; FRENANDEZ, N.; ROJAS, J. Mobilidad de carbofuran (2,3-dihidro-2,2-dimetilbenzofuran-7-metilcarbamato) en columnas de suelo. Universidad Nacional Del Nordeste, Comunicaciones Científicas y Tecnológicas, 2003. Resumen: A-016.