ÁREA: Físico-Química

TÍTULO: PARÂMETROS FÍSICO-QUÍMICOS DO MEDICAMENTO AAS POR ANÁLISE TÉRMICA

AUTORES: ARCANJO, D. D. R.-UFPI; SOUZA, C. M. L.-UFPI; SANTOS, R. S. –UFPI (CLEIDE@UFPI.BR)

RESUMO: As técnicas de análise térmica podem ser utilizadas na indústria farmacêutica para avaliar a estabilidade térmica de medicamentos. O objetivo deste trabalho é desenvolver uma metodologia para o controle de qualidade de medicamentos genéricos, a partir dos dados da análise térmica. Amostras de ácido acetilsalicílico (AAS) e celulose microcristalina foram avaliadas por Termogravimetria (TG) e por calorimetria exploratória diferencial (DSC). A curva TG para o AAS sugere liberação dos ácidos: acético e salicílico. A curva DSC mostra três eventos associados à eliminação dos ácidos e a formação de um dímero do AAS. Os dados térmicos comprovam que TG e DSC são úteis na avaliação da estabilidade térmica, processos de decomposição e avaliação das propriedades físico-químicas de drogas e excipientes

PALAVRAS CHAVES: ácido acetilsalicílico; parâmetros físico-químicos; análise térmica

INTRODUÇÃO: O ácido acetilsalicílico (AAS) é um analgésico antipirético, de escolha no tratamento de cefaléias, nevralgias, mialgias e outras dores. AAS pode ser sintetizado mediante reação entre o ácido salicílico e anidrido acético, usando-se ácido sulfúrico como catalisador para romper a ponte de hidrogênio intramolecular formada no ácido salicílico (KOROKOLVAS et al., 1988)
Técnicas de análise térmica podem ser usadas no desenvolvimento e controle de qualidade de medicamentos, avaliando estabilidade térmica, polimorfismo, umidade, pureza, além de estudos de compatibilidade entre o princípio ativo e os excipientes (CLAS et al., 1999; METTLER-TOLEDO 2001). Pesquisadores relataram estudos sobre o comportamento térmico do AAS, mas nenhum deles voltados para a otimização de formulações farmacêuticas, e/ou a determinação de qualidade de medicamentos contendo a substância (SILVA et al., 2004; RIBEIRO et al. 1996)
O objetivo do presente trabalho é desenvolver uma metodologia para o controle de qualidade de medicamentos, a partir dos dados da análise térmica, visando à adequação dessas técnicas a trabalhos em laboratórios farmacêuticos e avaliar possíveis interações com as substâncias excipientes

MATERIAL E MÉTODOS: Nesta primeira etapa do trabalho, avaliaou-se o ácido acetilsalicílico, que é o princípio ativo do medicamento; e a celulose microcristalina, excipiente que é utilizado por sua propriedade desintegrante. As medidas termoanalíticas foram realizadas em atmosfera de nitrogênio com fluxos de 50 cm3/min, para os experimentos de DSC, e 80 cm3/min, para os experimentos TG. As curvas TG e DSC foram obtidas sob razão de aquecimento de 10 °C/min, com varredura de temperatura na faixa de 30 °C até 900 °C para TG e de 30 °C até 500 °C para DSC.
Paras curvas TG procedeu-se o cálculo da variação da massa perdida, ou ganha, durante o aquecimento. Através das curvas DSC foram avaliados os processos de evaporação e temperaturas de fusão seguindo as normas específicas (HATAKEYAMA and QUINN, 1994).
Os dados obtidos nos experimentos de análise térmica foram analisados inicialmente realizados utilizando o programa de análise "Analyst", que acompanha os módulos de DSC e TG.
Os dados obtidos das curvas TG e DSC para os constituintes estudados foram avaliados isoladamente quanto à presença de transições, estabilidade térmica, decomposição térmica, etc., e comparados com dados da literatura.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: A Fig. 1 apresentas curva TG obtida para o AAS mostra perdas de massas em duas etapas. A primeira etapa mostra uma perda de aproximadamente 51%, e a segunda, mostra uma perda de massa de 48%, e vai até 338 °C. A primeira etapa sugere a perda de ácido acético e na segunda, a decomposição do ácido salicílico. Estudos por IV e RMN 13C relatam que ocorre a formação de um dímero do AAS durante a queima
A curva DSC na FIg. 2 mostra um pico endotérmico em 141 °C, seguido de um segundo pico endotérmico em 185 °C, referente à fusão do AAS, seguida de picos endotérmicos que sugerem a eliminação dos ácidos: acético e salicílico. Estes de processos de evaporação dos ácidos correspondem no TG à primeira etapa da perda de massa. O terceiro pico endotérmico que aparece em 378 °C sugere à decomposição do dímero de AAS formado.
A curva TG obtida para a Celulose Microcristalina mostra perda de massa em duas etapas. A primeira com início por volta de 38 °C, indicando perda de 2% em massa, referente à umidade. A segunda etapa por volta de 260 °C, e refere-se à decomposição do material já desprovido de umidade, com perda de aproximadamente 90% de massa, e vai até cerca de 400 °C (UESU et al., 2000).




CONCLUSÕES: As perdas de massas mostradas na curva TG para a AAS estão associada a reação de hidrólise, com liberação de ácidos acético salicílico durante a queima. A curva DSC mostra um pico fino endotérmico que se refere à fusão do AAS, seguido de picos endotérmicos que sugerem a eliminação dos ácidos: acético e salicílico. Um terceiro pico sugere à decomposição do dímero de AAS formado. Os dados térmicos evidenciaram que TG e DSC são técnicas úteis na avaliação da estabilidade térmica, processos de decomposição e avaliação das propriedades físico-químicas de drogas e excipientes.

AGRADECIMENTOS:Os autores agradecem a CAPES a ao CNPq pelo apoio financeiro e a UFPI pelo apoio técnico.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA:CLAS, S.; DALTON, C. R.; HANCOCK, B. C. 1999. Differential scanning calorimetry: applications in drug development. Pharmaceutical Science & Technology Today, 2: 311-319.
HATAKEYAMA, T.; QUINN, F. X. Thermal Analysis: fundamentals and applications to polymer science. John Wiley & Sons Ltd, England, 1994.
KOROLKOVAS, A.; BURCKHALTER, J. H. Química Farmacêutica. Guanabara Koogan, 1988.
METLER-TOLEDO. Aplicações Reunidas TA – Produtos Farmacêuticos, 2001.
RIBEIRO, Y. A.; CAIRES, A. C. F.; BORALLE, N.; IONASHIRO, M. 1996. Thermal decomposition of acetylsalicylic acid (aspirin). Thermochimica Acta, 279, 177-181.
SILVA, E. M. A.; MELO, D. M. A.; MOURA, M. F. V.; FARIAS, R. F. 2004. An investigation about the solid state thermal degradation of acetylsalicylic acid: polymer formation. Thermochimica Acta, 414, 101-104.
UESU, N. Y.; PINEDA, E. A. G.; HECHENLEITNER, A. A. W. 2000. Microcrystalline cellulose from soybean husk: effects of solvent treatments on its properties as acetylsalicylic acid carrier. International Journal of Pharmaceutics, 206, 85-96.