ÁREA: IC-Iniciação Científica
TÍTULO: ESTUDO QUíMICO E BIOPROSPECçãO DE PERSEA AMERICANA
AUTORES: LIMA, K. S. B. DE - UECE; LIMA, Y. C. DE - UECE; SOUSA, T. S. – UECE; BERTINI, L. M. – UECE; MORAIS, S. M. – UECE.
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARá
RESUMO: A procura de novos produtos de origem natural que possam ser utilizados para a melhoria da saúde humana vem crescendo a cada dia. A Persea americana é utilizada na medicina tradicional no tratamento de várias doenças. O extrato etanólico foi fracionado com solventes orgânicos. Testes fitoquímicos foram realizados nas amostras. O extrato bruto e as frações foram submetidos aos seguintes testes: larvicida (Aedes aegypti), toxicidade (Artemia salina), antibacteriana e antioxidante (DPPH). Na atividade larvicida e na toxicidade o extrato etanólico apresentou uma concentração responsável por 50% da mortalidade (CL50) de 70,03mg/L e de 5mg/L, respectivamente e a fração que mostrou melhor ação larvicida foi a clorofórmica apresentando uma CL50 de 17,40mg/L e na toxicidade de 37,12mg/L.
PALAVRAS CHAVES: persea americana, antioxidante, larvicida
INTRODUÇÃO: Persea americana, conhecida popularmente como abacate, é uma árvore de grande porte pertencente à família Lauraceae, nativa da América Central e México, geralmente presente em climas tropicais ou subtropicais. Na medicina tradicional seu caule, frutas e folhas são usados para o tratamento de várias enfermidades, tais como hemorragias, hipertensão, dores no estômago, bronquite, diarréia e diabetes. Os metabólitos secundários são compostos presentes em plantas responsáveis pelas propriedades terapêuticas. Estes metabólitos conferem às plantas uma função de defesa química contra microrganismos, insetos e predadores. A pesquisa de produtos naturais bioativos contribui para o avanço na descoberta de fitoterápicos.
MATERIAL E MÉTODOS: As folhas de P. americana foram coletadas no Campus do Itaperi (UECE), preparado o extrato etanólico, evaporado e fracionado com solventes orgânicos (hexano, clorofórmio, acetato de etila e metanol). Testes fitoquímicos foram feitos nas amostras. Os extratos obtidos foram submetidos a ensaios biológicos contra as larvas do Aedes aegypti e frente a Artemia salina Leach. Foram utilizadas 50 larvas de 30 estágio de A. aegypti, cedidas pelo NUEND, em várias concentrações. No bioensaio de toxicidade (A. salina) foram realizadas diluições sucessivas para determinação da CL50. A atividade antimicrobiana foi testada pelo método cavidade placa utilizando o meio Agar Müeller Hinton. As bactérias utilizadas foram: Staphylococcus aureus, Salmonella typhimurium e Streptococcus β-hemolítico. As amostras foram testadas nas concentrações de 80mg/mL. A região de inibição foi medida e comparada com as de antibióticos. A leitura dos ensaios biológicos foi realizada com 24hs. Atividade antioxidante dos extratos foi determinada pelo método DPPH. O índice de varredura (IV) foi calculado e relacionado com as absorvâncias para o cálculo do IV50. Todos os experimentos foram realizados em triplicata.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: O teste fitoquímico detectou no extrato etanólico a presença de taninos catéquicos, esteróides livres e saponinas. Nas frações foram detectadas as seguintes classes de compostos: hexânica e clorofórmica - esteróides livres e saponinas; acetato de etila - taninos catéquicos, saponinas e esteróides livres e na metanólica - taninos catéquicos. O extrato bruto apresentou na atividade larvicida uma CL50 de 70,03mg/L e na toxicidade uma CL50 de 5mg/L. As frações hexânica e metanólica não foram ativas frente às larvas e apresentaram uma toxicidade acima de 200mg/L. Já a clorofórmica e acetato de etila apresentaram CL50 igual a 17,40mg/L e 42,03mg/L e toxicidade 37,12mg/L e 46,73mg/L, respectivamente. O IV50 das atividades antioxidantes foram: etanólico 0,39mg/mL; metanólico 0,55mg/mL; acetato de etila 0,54mg/mL; clorofórmio 4,7mg/mL; hexânico 2,07mg/mL e quercetina 0.23mg/mL. Na atividade antimicrobiana os extratos se mostraram ativos frente a todos os microrganismos testados, exceto a fração hexânica. A fração acetato de etila apresentou halos de inibição significativos, variando entre 12-14 mm. Os demais extratos não apresentaram atividade relevante, obtendo halos inferiores a 12mm.
CONCLUSÕES: As amostras que apresentaram uma CL50 na toxicidade inferior à 100mg/L mostraram-se ativas como larvicida frente ao A. aegypti. Na atividade antioxidante, os mais ativos foram as amostras mais polares (extrato bruto, acetato de etila e metanólica) o que se deve provavelmente à presença de taninos catéquicos e os valores obtidos foram próximos ao padrão. Na atividade antimicrobiana, os resultados obtidos foram medianos com destaque na fração acetato de etila. Em geral, a bioprospecção de P. americana foi promissora e será estendida até o isolamento dos compostos bioativos.
AGRADECIMENTOS:Ao CNPq, NUEND e a UECE
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA:
Matos, F. J. A. Introdução à fitoquímica experimental. Edições da Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, CE, 1997.
Siqueira, J. M. de; Ziminiani, M. G.; Resende, U. M.; Boaventura, M. A. D. Estudos fitoquímicos das cascas do caule de Duguetia glabriiuscula – Annonaceae biomonitorada pelo ensaio de toxicidade frente a Artemia salina Leach. Quim. Nova, vol. 24, No. 2, 185-187, 2001.
Thorp, M. A.; Kruger, J.; Oliver, T. S. The antibacterial activity of acetic acid and Burrow’s solution as topical otological preparations. J. Laryngol Octology, v. 112, p. 925-928, 1998.
Silva, H. H. G. da; Silva, I. G. da; Santos, R. M. G. dos; Rodrigues Filho, E.; Elias, C. N. Atividade larvicida de taninos isolados de Magonia pubescens St. Hil. (Sapindaceae) sobre Aedes aegypti (Diptera, Culicidae). Rev. Soc. Bras. Med. Trop., vol.37, No.5, p.396-399, 2004.
Yepez, B.; Espinosa, M.; López, S.; Bolaños, G. Producing antioxidant fractions from herbaceous matrices by supercritical fluid extraction. Fluid Phase Equilibria, 194-197, 879-884, 2002.