ÁREA: IC-Iniciação Científica

TÍTULO: CARACTERIZAÇÃO DA RICININA ISOLADA DE FRUTOS DA MAMONA (RICINNUS COMUNNIS), PARA UTILIZAÇÃO COMO PADRÃO ANALÍTICO

AUTORES: CARDOSO, D.V. V. (I.C); SÁ, M. C.(IC); RIBEIRO, D. R. M. (IC) ; AMARANTE JUNIOR, O.P.(P.Q); BRITO, N.M. (P.Q).

RESUMO: A torta de mamona, subproduto da extração do óleo das sementes de mamona, tem sido utilizada como adubo orgânico, pois é uma mistura ricamente nitrogenada, embora possa obter valor significativamente maior se utilizada como alimento animal (após ser moído e obtido o farelo), aproveitando o alto teor de proteínas. Porém, este uso não tem sido possível devido à presença de uma das substâncias tóxicas: ricinina. Isolou-se um composto das sementes de mamona a fim de utilizá-lo como padrão analítico e procedeu-se a caracterização do mesmo por UV, IV, RMN e CG-EM.

PALAVRAS CHAVES: mamona, ricinina, isolamento

INTRODUÇÃO: A mamona (Ricinus communis) ocorre em todas as regiões brasileiras e foi trazida pelos escravos (África) cuja finalidade era sua utilização na iluminação doméstica. Desenvolveu-se de forma comercial nas regiões brasileiras: Sul, Sudeste e Nordeste. O óleo desta oleaginosa tem sido usado com diversas finalidades na produção de sabões, manufatura de cosméticos, germicidas, lubrificantes de aeronaves militares, fabricação de corantes, desinfetantes, aderentes, além de diversos polímeros. A torta é o sólido residual obtido do processo de extração do óleo a partir das bagas (sementes sem casca). A toxicidade da torta de mamona é bastante conhecida, sendo os seus principais componentes tóxicos: ricina e ricinina. Atualmente, há um grande potencial para o uso industrial do óleo de rícino na produção de biodiesel.

MATERIAL E MÉTODOS: Procedeu-se a extração de ricinina das sementes de mamona com etanol (30 mL) a frio por cerca de 30 min, concentrou-se este extrato e os cristais obtidos foram submetidos a vários testes para confirmação de sua identidade. Foram utilizados os métodos Ultravioleta-Visível (UV-Vis), Infravermelho (IV), Ressonância Magnética Nuclear de próton (RMN-H1) e Cromatografia Gasosa acoplado ao detector de Espectrometria de Massas (CG-EM).

RESULTADOS E DISCUSSÃO: A caracterização do composto isolado dos frutos da mamona demonstrou que a substância se trata da ricinina, pela coincidência de algumas características nas diversas técnicas analíticas utilizadas.O espectro no ultravioleta visível apresentou picos característicos da ricinina com máximo de absorção em torno de 310 nm, coincidente com o comprimento de onda característico para a identificação de ricinina apresentado na literatura.
O espectro no infravermelho apresentou uma banda intensa de deformação axial (CΞN) em 2220 cm-1 atribuída ao grupamento nitrila, uma banda de deformação axial (C=O) em 1640 cm-1 atribuída à carbonila e outra em 1600 cm-1 atribuída à ligação (C = C) de aromáticos. As bandas entre 2800 e 3000 cm-1 foram atribuídas aos constituintes do óleo de mamona que permanecem em pequenas concentrações na torta. Estes resultados foram semelhantes ao obtido quando analisado o padrão do composto, confirmando assim sua identidade.
No espectro de RMN-H1 (CDCl3, 200 MHz), observaram-se sinais característicos referentes ao composto em estudo, assim como o fragmentograma, referente à análise por CG-EM, que também foi analisado e confirma a identidade do composto.




CONCLUSÕES: Todas as análises realizadas foram úteis para identificação e caracterização do composto em estudo. A reunião destes resultados permite assegurar que o composto extraído das sementes de mamona se refere ao alcalóide ricinina.
Este composto será utilizado como padrão no desenvolvimento de método analítico, por cromatografia líquida de alta eficiência, para a quantificação de ricinina em diversos tipos de amostra.


AGRADECIMENTOS:Ao CNPq pela bolsa concedida.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA:BRITO, N. M. Desintoxicação da torta de mamona para produção de ração animal. [tese de doutorado em Química Analítica]. São Carlos: IQSC, USP, 2005.
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DESPEYROUX, D.; WALKER, N.; PEARCE, M.; FISHER, M. ; McDONNELL, M.; BAILEY, S. C.; GRIFFITHS, G. D.; WATTS,P. Characterization of ricin heterogeneity by electrospray mass spectrometry, capillary electrophoresis, and resonant mirror Analytical Biochemistry, v. 279, p. 23-36, 2000.