ÁREA: IC-Iniciação Científica

TÍTULO: CO-COMPOSTAGEM DE LODO DE ETA E SUA VIABILIDADE AGRONÔNICA

AUTORES: CARVALHO, J. V. S.-UFV (JULIANAVANIR@YAHOO.COM.BR); PERES, B. H.-UFV; MENDONçA, E. S.-UFV;

RESUMO: ETAs são indústrias de tratamento de água, que geram resíduos (lodo de alumínio). O objetivo foi produzir um composto orgânico não-tóxico. A partir da caracterização do lodo foram montados três experimentos. Primeiro, formularam-se quatro compostos orgânicos utilizando bagaço de cana-de-açúcar, cinza de caldeira, e esterco de galinha, aos quais foram acrescentados lodo de alumínio. Segundo, foram montadas 24 colunas para ensaio de lixiviação. Terceiro, foram utilizados os compostos obtidos no primeiro e um tratamento com lodo de alumínio, aplicados no solo cultivado com milho. Não se verificou diferença no crescimento da cultura entre os compostos orgânicos com e sem lodo de alumínio, nem lixiviação de alumínio, de modo que o composto se mostrou eficiente na imobilização do alumínio.

PALAVRAS CHAVES: tratamento de água, toxidez de alumínio, poluição de aqüíferos

INTRODUÇÃO: ETAs são indústrias de tratamento de água, pois transformam água inadequada para o consumo humano em um produto que esteja de acordo com os padrões de potabilidade. Essas ETAs quando utilizam o tratamento convencional visam a remoção de cor e turbidez, utilizando, para isso, processos e operações com a introdução de produtos químicos, gerando resíduos, originados nos decantadores (lodo). A maioria das ETAs utilizam o sulfato de alumínio como coagulante, este tem a função de desestabilizar eletricamente o material orgânico coloidal pela presença de complexos de alumínio-MO e pelo contato com os hidróxidos formados (mecanismos de adsorção). O lodo formado no fundo destes decantadores é constituído de hidróxido de alumínio, partículas inorgânicas, colóides de cor e outros resíduos orgânicos, inclusive bactérias e outros organismos removidos no processo (RICHTER, 2001). Devido as suas características o lodo de ETA é também denominado lodo de alumínio. O objetivo deste trabalho foi produzir um composto orgânico que não seja tóxico a cultura de milho e que não lixivie metais, evitando a disposição inadequada do lodo de alumínio, gerando impactos ambientais negativos.

MATERIAL E MÉTODOS: Foi realizada a caracterização do lodo de alumínio, oriundo do decantador do SAAE-Viçosa, ETA-I e foram montados três experimentos. No primeiro, formulou-se quatro compostos orgânicos distintos, utilizando bagaço de cana-de-açúcar, cinza de caldeira, e esterco de galinha, na proporção 3:3:1, aos quais foram acrescentadas diferentes doses de lodo de alumínio. No início e ao final da compostagem foram analisados os teores de alumínio e metais pesados por ICP-AES (plasma). No segundo experimento foram montadas 24 colunas de lixiviação com os compostos orgânicos e dois tipos de solo. A cada cinco dias, oito lâminas d\'água (com velocidade de 5 mL/min) de volume correspondente ao valor de 0,8 vezes o volume de poros, foram aplicados às colunas, coletando o lixiviado para análise de teores totais dos metais por ICP-AES (plasma). No terceiro experimento foram utilizados os compostos obtidos no primeiro, nas doses de 0, 20, 40 e 80 t/ha e um tratamento com lodo de alumínio, aplicados no solo cultivado com milho, que foi amostrado após a aplicação dos tratamentos e aos 35 dias, onde ocorreu a coleta da parte aérea, determinando o peso fresco e seco, teores de Mn, Zn, Cr, Cu, Ni e Pb.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Nas figuras 1 e 2, são apresentados os resultados das análises de alumínio total e disponível, nos compostos orgânico à base de lodo de alumínio. Somente parte do alumínio está na forma disponível, ou seja, solúvel no extrator DTPA. Os valores de alumínio totais foram coerentes com os tratamentos, ou seja, para o tratamento com lodo a 10% observou-se maior teor de alumínio, enquanto que para o tratamento com 0% de lodo, obteve-se um composto com menor teor de alumínio total e zero de alumínio disponível. A compostagem contribui para a redução da disponibilidade do alumínio no composto. Em todas as análises dos lixiviados não foi detectada a presença de alumínio, cobre e chumbo. No experimento 3, as doses e os diferentes compostos propiciaram diferenças entre os tratamentos, principalmente em relação às análises químicas, mas não foram suficientes para expressarem diferenças significativas na produção da cultura do milho, obtendo valores semelhantes ao final dos trinta dias de experimento. Observou-se acúmulo de Zn em relação às doses de compostos, contudo não houve diferenças significativas entre os tipos de compostos. Os metais: cobre, cromo, níquel e chumbo não foram detectados.




CONCLUSÕES: O lodo de alumínio é altamente impactante se lançado em corpos d’água sem tratamento prévio. A compostagem não foi afetada pelo teor de alumínio, se mostrando eficiente na imobilização deste metal, de maneira que não foi observada sua lixiviação. Não foi observado, também, diferenças na produção da cultura de milho nos tratamentos com diferentes doses e compostos orgânicos, diferentes dos tratamentos com lodo de ETA “puro” e solo sem composto orgânico, onde a produção foi menor. A co-compostagem do lodo elimina o seu caráter poluidor, podendo ser utilizado sem prejuízos para o meio ambiente.

AGRADECIMENTOS:A FAPEMIG e ao Departamento de Solos – UFV pelo apoio financeiro.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA:RICHTER, C. A. Tratamento de lodos de estações de tratamento de água. São Paulo: Ed. Edgard Blücher Ltda. 2001. 1º Ed, 102.