ÁREA: IC-Iniciação Científica
TÍTULO: ESTUDO QUÍMICO DA ESPÉCIE FÚNGICA NIMBYA ALTERNANTHERAE
AUTORES: GERALDO, G. C.1; CUSATI, R. C.1; DEMUNER, A. J.1; BARBOSA, L. C. A.1; BARRETO, R. W.2 (GUIGERALDO@YAHOO.COM.BR)
1 DEPARTAMENTO DE QUíMICA / UFV
2 DEPARTAMENTO DE FITOPATOLOGIA / UFV
RESUMO: Nimbya alternantherae é um fungo muito agressivo no ataque à planta daninha Alternanthera philoxeroides, gerando a suspeita da produção de fitotoxinas. Extratos deste fungo (em acetato de etila e etanol) foram estudados por espectroscopia no infravermelho e por CG-EM a fim de verificar sua composição básica. Na fase de isolamento dos compostos químicos deste fungo, obtiveram-se compostos como o gama-sitosterol e o éter monometílico do alternariol após purificação em coluna e por recristalização. Estes compostos foram identificados e caracterizados por espectrometria de massas.
PALAVRAS CHAVES: fitotoxinas, nimbya alternantherae, cg-em
INTRODUÇÃO: Microrganismos como fungos e bactérias têm se mostrado ricas e promissoras fontes de novos compostos com atividade fitotóxica e reguladora do crescimento de plantas (KIMURA et al., 2002; VYVYAN, 2002). A espécie fúngica Nimbya alternantherae é um fitopatógeno muito agressivo da planta daninha Alternanthera philoxeroides provocando uma rápida degradação do tecido vegetal. Este fato gerou a suspeita da produção de fitotoxinas pelo mesmo. Sendo este gênero ainda pouco estudado sob o ponto de vista químico, um grande interesse foi despertado para que o isolamento e a identificação destas fitotoxinas fosse feito. Em estudos já realizados, conseguiu-se o isolamento de um composto (6-(3’,3’-dimetilaliloxi)-4-metoxi-5-metilftalídeo)) que mostrou possuir grande atividade fitotóxica, causando 100% de inibição na síntese de ATP a uma concentração de 206 mmol/L do composto (VEIGA, 2004).
MATERIAL E MÉTODOS: O fungo N. alternantherae foi inoculado em arroz por um período de 40 dias à temperatura e umidade controlada. Após este tempo, o arroz colonizado foi submetido a uma extração, em aparelho tipo soxhlet, com acetato de etila e posteriormente com etanol obtendo-se dois extratos. Estes foram analisados por espectroscopia no infravermelho a fim de verificar os grupos funcionais dos compostos produzidos e em seguida foram submetidos a uma análise por CG-EM para verificação da composição básica. Conhecendo-se esta composição, iniciou-se a fase de fracionamento, isolamento e purificação do extrato em acetato de etila. O extrato bruto foi submetido a uma separação prévia por uma coluna filtrante utilizando solventes de polaridades diferentes (Hexano, Diclorometano, metanol e água) obtendo-se novos extratos. A fração metanólica foi submetida a uma separação por cromatografia em coluna, obtendo-se mais doze frações, sendo algumas ainda purificadas por recristalização e a separação por cromatografia em placa preparativa, de modo a obterem-se alguns compostos puros. Após a purificação, os isolados foram analisados por espectrometria de massas para devida identificação e caracterização.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os estudos por CG-EM dos extratos revelaram que o extrato etanólico é constituído basicamente por açúcares, onde a glicose é o componente mais abundante (50%) sendo seguido por outros açúcares como arabinose, manose, frutose e galactose. Neste extrato ainda encontra-se uma pequena quantidade de ácidos graxos e compostos aromáticos não identificados (10%). Já o extrato em acetato de etila é constituído por ácidos graxos (90%) onde o ácido (Z,Z)-octadeca-9,12-dienóico é o mais abundante (40,5%), seguido dos ácidos oléico e palmítico, além de esteróides e compostos aromáticos. No fracionamento do extrato em acetato de etila, foi possível caracterizar uma mistura de esteróides. Dentre esta, isolou-se o gama-sitosterol identificado por meio de espectroscopia na região do infravermelho (IV) e por CG-EM. Já em outra fração da coluna pôde-se isolar um composto aromático policíclico, o éter monometílico do alternariol, que é uma micotoxina muito conhecida e que pode estar relacionada com a fitotoxidade deste fungo. Novos fracionamentos serão feitos com a finalidade de se obter novos compostos além da realização de ensaios de atividade fitotoxidade dos extratos e dos compostos isolados.
CONCLUSÕES: Na identificação dos constituintes deste fungo, verifica-se que ele é composto por uma mistura de açúcares, esteróides, compostos aromáticos e ácidos graxos. A literatura relata que os compostos aromáticos são os maiores agentes fitotóxicos, porém trabalhos recentes mostraram que as misturas de ácidos graxos encontradas neste fungo são responsáveis por grande parte da fitotoxidade do mesmo, podendo-se inferir acerca da importância destes ácidos na composição do fungo. Posteriormente serão realizados testes biológicos para avaliar a fitotoxidade dos isolados do extrato em acetato de etila.
AGRADECIMENTOS:À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG) e ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA:KIMURA, Y.; SHIMADA, A.; KUSANO, M.; YOSHII, K.; MORITA, A.; NISHIBE, M.; FUJIOKA, S.; KAWANO, T. 2002. Myxostiolide, myxostiol and clavatoic acid, plant growth regulators from the fungus Myxotrichum stipitatum. J. Nat. Prod., 65: 621-623.
VEIGA, T. A. M. 2004. Isolamento e avaliação da fitotoxicidade de constituintes químicos de Nimbya alternantherae. Tese de Mestrado – Universidade Federal de Viçosa.
VYVYAN, J. R. 2002. Allelochemicals as leads for new herbicides and agrochemicals. Tetrahedron, 58: 1631-1646.