ÁREA: IC-Iniciação Científica

TÍTULO: AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA FREÁTICA EM ÁREAS DE ANTIGOS LIXÕES NO MUNICÍCPIO DE VITÓRIA, ES.

AUTORES: CORREIA, C.L.T – UFES; ADDAD, J.E. - FAESA; ZAVOUDAKIS, E. – UFES; PEREIRA, J.R.P – UFES; SIQUEIRA, L. – FAESA.

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RESUMO: Neste trabalho são apresentados os resultados referentes à caracterização da qualidade da água freática de Vitória em áreas de antigos lixões, aterrados e urbanizados para fins residenciais. Foram coletados amostras de água em três pontos de cada área, com o objetivo de conhecer sua qualidade e avaliar os impactos sobre as mesmas.Os parâmetros analisados foram: pH, CE, DQO, NH4+ ,Cl- e coliformes termotolerantes. Os resultados indicaram relativa heterogeneidade entre as áreas, sendo a água freática de São Pedro a mais impactada. Pode-se concluir que caracterizações da qualidade da água freática são úteis para definir os impactos do adensamento, da vida urbana no meio ambiente e também servem de indicativo para avaliar contaminações advindas do mau uso e ocupação do solo.

PALAVRAS CHAVES: água freática, lixão, ocupação urbana.

INTRODUÇÃO: A água freática apresenta-se particularmente vulnerável aos efeitos das ações antrópicas.Devido à dificuldade em seu gerenciamento e preservação ela tem sofrido degradação antes mesmo de ser utilizada, que é uma das causas que contribuem para os crescentes custos de abastecimento d’água público e privado, da progressiva escassez de água e do aumento de risco à saúde em geral. O impacto da poluição e a eficácia das medidas para seu controle são avaliados por meio da caracterização e quantificação das cargas poluidoras coexistentes no corpo d’água (VON SPERLING, 1996). Estudos recentes constataram haver uma relação de interdependência entre a água subterrânea e a urbanização, interagindo uma com a outra em um modelo complexo, onde impactos primários na água subterrânea causados pela extração e pela disposição inadequada de resíduos e de efluentes desencadeiam restrições ou ameaças secundárias deste recurso para a urbe (FOSTER et al, 2001).
Neste contexto, o presente trabalho tem como objetivo caracterizar qualitativamente a água freática de três áreas distintas em Vitória de forma a possibilitar a comparação com o histórico de ocupação urbana a que foram submetidas


MATERIAL E MÉTODOS: A partir do levantamento de informações históricas foram selecionadas áreas em que se verificou a similaridade de ocupação de mangues por antigos lixões, com posterior aterramento e urbanização para fins de uso residencial: São Pedro, Maria Ortiz e Andorinhas.As amostras foram coletadas a partir de poços provisórios com o nível freático variando entre 1,0 m e 1,2 m. Todas as atividades que envolveram a coleta e a preservação das amostras seguiram o Guia de coleta e preservação de amostras de água (CETESB, 1997).Os métodos de análises físico-químicas e microbiológicas adotaram o Standard Methods (APHA et al., 1995).As análises físico-químicas e microbiológicas realizaram-se entre agosto e outubro de 2005, em época seca, ou seja, com menos interferência da recarga de águas pluviais no aqüífero freático.
Foram analisados os parâmetros: pH, CE, DQO, NH4+ , Cl- e coliformes termotolerantes. O pH foi medido imediatamente após a chegada das amostras no laboratório. Em cada ponto de amostragem foram coletadas três amostras distintas, resultando um total de nove amostras, todas realizados em duplicata, exceto os métodos diretos.



RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os valores de pH encontram-se dentro de limite para águas subterrâneas, que varia de 5,5 a 8,5.. Considerando-se o cálculo de STD (Sólidos Totais Dissolvidos) em função dos valores de condutividade elétrica, todos os pontos apresentaram valores superiores ao padrão de potabilidade da OMS, que é de 1000 mg/L. Essas águas apresentam-se salinizadas, seja por fonte antrópica ou intrusão salina.
Apesar da portaria MS nº 518/04 não prever valores limites para DQO, as áreas com excessivas cargas orgânicas degradáveis coincidem com as aquelas que apresentaram maiores valores para CE.
A presença de íons amônio pode ter decorrido pela poluição de origem doméstica ou industrial e todos os pontos apresentaram valores acima do permitido para consumo humano estabelecido pelo MS nº 518/04, que é de 1,5 mg/L. Os altos níveis de cloretos (acima de 250 mg/L) nos três bairros possivelmente têm correlação com a presença de esgotos sanitários ou de matéria orgânica na água e em muitos casos de poços perfurados na zona litorânea.
A presença de coliformes termotolerantes em Andorinhas e São Pedro é mais um indício de contaminação antropogênica, por deficiência de saneamento básico.







CONCLUSÕES: Os resultados demonstraram que a água freática de São Pedro apresentou-se como a mais impactada As coletas corresponderam à época seca do ano, onde se presumem concentrações mais altas dos parâmetros estudados. Análises adicionais estão sendo realizadas em época chuvosa com a finalidade de avaliar a diluição das concentrações no aqüífero freático em decorrência da infiltração. A consideração do parâmetro ‘água subterrânea’ na gestão do uso e ocupação do solo, comparativamente a padrões de qualidade, pode representar subsídios para sua preservação/conservação.

AGRADECIMENTOS:CNPq, CVRD, FACITEC, Archea, Laboratório de Saneamento da UFES e IEMA.



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: APHA, AWWA, WPCF. 1995. Standard methods for examination of water and wastewater.
CETESB. 1997.Guia de coleta e preservação de amostras de água. Disponível em:
http: //www.cetesb.sp.gov.br/Agua/rios/variaveis.asp#cromo>. Acesso em: 30 de março,
2006.
FOSTER, S.S.D.2001. The interdependence of groundwater and urbanisation in rapidly developing cities. Urban Water, UK, 3:185-192.
VON SPERLING, Marcos. 1996. Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de esgotos: Princípios do tratamento biológico de águas residuárias. 2. ed.Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental, Universidade Federal de Minas Gerais.