ÁREA: IC-Iniciação Científica
TÍTULO: AVALIAÇÃO DO COMPORTAMENTO TÉRMICO DE COMPOSTOS DERIVADOS DE LIQUENS UTILIZANDO CALORIMETRIA EXPLORATÓRIA DIFERENCIAL (DSC) E TERMOGRAVIMETRIA (TG)
AUTORES: ARAÚJO, A.A.S.-UFS, XAVIER-FILHO, L.-ITP/UNIT, MATOS, C.R.S.-UFS, JESUS, D.C.-UFS, BOMFIM, R.R.-UFS, BEZERRA, M.S.-UFS, MATOS, J.R.-USP
RESUMO: O objetivo deste trabalho foi caracterizar termoanaliticamente compostos extraídos de variadas espécies de liquens (associação entre algas e fungos). Alguns desses compostos vêm sendo estudados durante os últimos anos devido à potencialidade de sua aplicação como fármacos para o tratamento de doenças como o câncer e a tuberculose. A partir da termogravimetria/termogravimetria derivada (TG/DTG) e calorimetria exploratória diferencial (DSC) foi avaliado o perfil termoanalítico dos seguintes compostos: ácido liquestérico, úsnico, agárico, vulpínico, fumarprotocetrárico, salazínico, shiquímico, atranorina, physcion e orcinol. Os dados obtidos revelaram que o ponto de fusão das espécies variou de 96 a 259°C e a temperatura onset(Tonset) entre 154 e 277°C.
PALAVRAS CHAVES: liquens, análise térmica, Ácidos liquênicos.
INTRODUÇÃO: Liquens são estruturas resultantes da associação entre um fungo (micobionte) e uma alga ou cianobactéria (fotobionte) (HONDA & VILEGAS, 1998). Na maioria dos textos básicos, a relação entre micobionte e fotobionte é definida como uma simbiose mutualista, onde ambos os organismos são beneficiados, entretanto, todas as evidências, inclusive experimental, apontam para um “parasitismo controlado” pelo fotobionte para obter seus nutrientes (EDWARDS et al., 2003). Cerca de quinhentos e cinqüenta produtos naturais, inclusive trezentos e cinqüenta metabólitos secundários, são conhecidos nos liquens. O fato desses ácidos se apresentarem de forma cristalina confere ao liquen sua capacidade de adaptação às adversidades, visto que esses cristais funcionam como fotorreceptores e/ou fotoindutores, selecionando o tipo de radiação que lhe é conveniente. São ainda, as substâncias liquênicas, as responsáveis pelas utilidades econômicas, e benefícios curativos advindos dos liquens, tanto para o homem como para os animais (VIJAYAKUMAR et al., 2000). Este trabalho teve como objetivo avaliar o comportamento térmico de alguns compostos (padrões) derivados de liquens que vem sendo estudados.
MATERIAL E MÉTODOS: Neste trabalho foram avaliados os seguintes compostos: ácido liquesterínico, salazínico, shiquímico, vulpiníco, fumarprotocetrárico, agárico, úsnico, atranorina, orcinol e physcion.As curvas DSC foram obtidas na faixa de temperatura entre 25 e 550°C, utilizando-se célula calorimétrica modelo DSC-50 marca Shimadzu, sob atmosfera dinâmica de N2 (50 mL/min), razão de aquecimento de 10°C/min, utilizando cápsula de Al parcialmente fechada contendo aproximadamente 2 mg de amostra. A célula DSC foi calibrada e/ou verificada antes dos ensaios no eixo de temperatura utilizando padrões de índio (Tfusão = 156,6°C) e zinco (Tfusão = 419,5°C) metálicos com pureza de 99,99%. Para o fluxo de calor empregou-se o ΔHfusão do índio metálico (28,7 J/g). As curvas TG/DTG foram obtidas na faixa de temperatura entre 25 e 800°C, utilizando-se termobalança modelo TGA-50 da marca Shimadzu, sob atmosfera dinâmica de N2 (50 mL/min), razão de aquecimento de 10°C/min, utilizando cadinho de Pt contendo massa de amostra em torno de 3 mg.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: As curvas DSC dos compsotos mostraram que a fusão dos compostos ocorre em temperaturas que variam entre 96°C (orcinol) e 259°C (ácido salazínico) (Fig. 1). Os seguintes compostos apresentaram fusão com decomposição: ácido agárico, fumarprotocetrárico, salazínico, shiquímico, physcion e atranorina. Os ácidos liquesterínico (Calor de fusão=126 J/g), vulpínico (Calor de fusão=79 J/g), úsnico (Calor de fusão=108 J/g) e orcinol (Calor de fusão=119 J/g) se mantêm estáveis após a fusão. Por intermédio das curvas TG pode-se observar que o orcinol foi a substância que apresentou a menor estabilidade térmica, se decompondo numa temperatura próxima a 154°C e o ácido salazínico foi aquele com maior estabilidade térmica, se decompondo próximo a 277°C.
CONCLUSÕES: Os métodos termoanalíticos têm se mostrado de grande importância para a caracterização e controle de qualidade de fármacos e medicamentos. Diversas vantagens destes métodos têm sido apontadas principalmente em virtude da pequena quantidade de amostra utilizada, a rapidez para obtenção de resultados e a possibilidade de obter diferentes informações sobre as propriedades físicas e químicas da amostra. Esse trabalho preliminar objetivou a avaliação do comportamento de alguns compostos liquênicos, que servirão como padrão para análise de compostos extraídos de liquens existentes em Sergipe.
AGRADECIMENTOS:Os autores agradecem a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Sergipe-FAP/SE e ao Conselho Nacional para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico- CNPq.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA:EDWARDS, H.G.M.; NEWTON, E.M.; WYNN-WILLIAMS, D.D. Molecular structural studies of lichen substances II: atranorinm, gyrophoric acid, fumarprotocetraric acid, rhizocarpic acid, calycin, pulvinic dilactone and usnic acid. J. Molecular Structure, 651-653, 27-37, 2003.
VIJAYAKUMAR, C.S.; VISWANATHAN, S.; REDDY, M.K.; PARVATHAVARTHINI, S.; KUNDU, A.B.; SUKUMAR, E. Anti-inflamatory activity of usnic acid. Fitoterapia, 71, 564-566, 2000.
HONDA, N.K.; VILEGAS, W. A química dos liquens. Química Nova, 21, 110-125, 1998.