ÁREA: IC-Iniciação Científica

TÍTULO: NíVEIS NATURAIS DE ELEMENTOS-TRAçO SELECIONADOS EM SEDIMENTOS PROVENIENTES DA MARGEM CONTINENTAL NORTE DO BRASIL

AUTORES: CHAGAS, W.R.L.-DQ-CCNT-UFPA; SIQUEIRA, G.W.-DQ-CCNT-UFPA.; HOLANDA, N.S.-DQ-CCNT-UFPA; FONSECA, A. K. S.-DQ-CCNT-UFPA

RESUMO: Teores de Cr, Ni, Cu e Zn foram medidas em amostras de sedimentos da Margem Continental Norte do Brasil, entre o cabo Orange (AP) e foz do Pará, de maneira a determinar os níveis naturais desse elementos-traços visando corroborá-lo como matriz ambiental indicadora para o programa de gerenciamento costeiro da região norte. Os valores obtidos de Cr oscilaram entre 13 a 80 mg kg-1, para Ni o intervalo obtido foi de 3 a 34 mg kg-1, já para o Cu as concentrações variaram entre 3 a 47 mg kg-1, e finalmente para o Zn os teores oscilaram entre 10 a 135 mg kg-1. No trabalho atual concluiu-se, que não há evidências de atividades antropogênicas reconhecidamente de fontes de Cr, Ni, Cu e Zn para a região estudada, os resultados obtidos confirmaram o caráter ainda natural do ecossistema local.

PALAVRAS CHAVES: sedimentos, elementos-traço

INTRODUÇÃO: O litoral brasileiro estende-se por 7.700km de norte a sul entre 4ºN a 32ºS, exibindo inúmeros ecossistemas. A diversidade desses sistemas é altamente dependente das condições climáticas, morfológicas e dos processos hidrogeoquímicos (Siqueira, 2000 e 2003). Segundo Förstner & Wittmann (1983), processos como intemperismo, erosão e transporte dos elementos-traço no meio ambiente, têm sido alterados em larga escala pela atividade antropogênica, podendo apresentar efeito de acumulação biológica (bioacumulação e biomagnificação). Para Tavares & Carvalho (1992), a bioacumulação e biomagnificação podem ser responsáveis pelo aumento dos teores de elementos-traço a níveis altamente tóxicos para diferentes espécies da biota. Os elementos-traço de origem natural, de modo geral, ocorrem como componentes traços de minerais detríticos, já os de origem antropogênicaa, são transportados associados ao material em suspensão ou eventualmente sob a forma de colóides (Förstner & Wittmann, 1983; Salomons & Förstner, 1984). Esse trabalho tem por objetivo estudar a distribuição do Cr, Ni, Cu e Zn (fração residual), de maneira a conhecer os níveis desses elementos-traço sob condições naturais.

MATERIAL E MÉTODOS: Foram obtidas 20 amostras de sedimentos de fundo com auxílio de um amostrador do tipo “van Veen” na região de estudo (Fig. 1). No Laboratório de Química do DQ/CCEN/UFPA, procederam-se ao tratamento das mesmas, que consistiu na secagem das amostras em estufa a 40ºC por 48, após isso, as amostras foram submetidas à desagregação, pulverização, homogeneização e quarteamento. Posteriormente, as amostras foram peneiradas em malha de 0,063 mm, sendo obtida a fração menor para as determinações analíticas. As amostras foram pesadas e torno de 1,000g em béquer de teflon de 50 mL, onde foi adicionada aos sedimentos à mistura 5mL de ácido nítrico, 2mL de ácido perclórico e 20mL de ácido fluorídrico e levou-se a secura (180ºC) em chapa aquecedora por 6 horas. Repetiu-se o procedimento, e então se adicionou 10mL de ácido clorídrico 6M e submeteu-se as amostras à fervura para dissolução dos sais. Como produto final, as amostras foram diluídas a 100mL com água deionizada (Tessier, et. al. 1979).
Neste estudo utilizou-se a espectrometria de emissão atômica por plasma induzido (ICP) para as leituras das amostras. Foi utilizado como base de comparação de dados o folhelho geológico médio padrão.


RESULTADOS E DISCUSSÃO: A concentração média de Cr obtida foi de 66 mg kg-1, sendo que os seus teores oscilaram entre 13 a 80 mg kg-1 e ficou abaixo do valor citado por Bowen (1979) de 90 mg kg-1 de Cr para folhelho geológico médio padrão. O resultado aqui encontrado para esse elemento-traço na região estudada Cr encontra-se na faixa considerada normal em áreas não poluída.
Os teores de Ni obtidos variaram entre 3 a 34 mg kg-1 com média de 27 mg kg-1, observou-se que em todos os pontos de coleta as concentrações ficaram abaixo do valor editado por Bowen (1979) de 68 mg kg-1 para folhelho geológico médio padrão.
Com relação ao Cu, as concentrações obtidas oscilaram entre 3 a 47 mg kg-1 com média de 34 mg kg-1. Foi observado um acréscimo nos seus teores com relação ao Cu, entretanto, a média obtida está abaixo do valor Bowen (1979) de 39 mg kg-1 de Cu para folhelho geológico médio padrão.
A média obtida de Zn de 109 mg kg-1 no trabalho atual ficou abaixo do valor editado por Bowen (1979), de 120 mg kg-1 de Zn para folhelho geológico médio padrão. Os teores obtidos de Zn no trabalho atual oscilaram entre 10 a 135 mg kg-1.





CONCLUSÕES: De maneira geral, constatou-se que os sedimentos localizados na Margem Continental Norte do Brasil, entre o cabo Orange (AP) e foz do Rio Pará (PA) podem ser considerados como sítio de ocorrência natural dos elementos-traço aqui estudados, não havendo influência de fontes poluidoras na liberação destes para o sistema local. Este fato demonstra que na região possivelmente esses elementos-traço estão agregados às partículas cristalinas, sendo controlado pelos tipos de rocha preexistentes que são intemperizadas no continente.

AGRADECIMENTOS:PIBC/PROPESP/CNPq pela concessão de bolsa de iniciação científica ao primeiro autor e ao DQ/CCEN/ PROPESP/UFPA pelo apoio na divulgação dessa pesquisa.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA:BOWEN, H. J. M. 1979. Environmental Chemistry of the Elements. London, Academic Press, 273pp.
FÖRSTNER, U & WITTMANN, G. T. 1983. Metal Pollution in the Aquatic Environment. Berlin, Springer-Verlag, 486pp.
SALOMONS, W & FÖRSTNER, V., 1984. Metals in the Hidrocycle Berlin Springer-Verlag, 340pp
SIQUEIRA, G. W. 2000. Estudos dos teores e biodisponibilidade de metais pesados (Cr, Co, Ni, Zn, Cu, Fe e Mn), em sedimentos da Plataforma Continental do Amapá, entre os cabos Orange e Norte (AP). Dissertação de Mestrado. Universidade de São Paulo, Instituto Oceanográfico, 127pp.
SIQUEIRA, G. W. 2003. Estudo dos teores de metais pesados e outros elementos em sedimentos superficiais do sistema Estuarino de Santos (Baixada Santista - São Paulo) e Plataforma Continental do Amazonas (Margem Continental Norte). Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo, Instituto Oceanográfico, 386pp.
TAVARES, T.M.; CARVALHO, F.M. 1992. Avaliação de exposição de populações humanas a metais pesados no ambiente: exemplos do recôncavo baiano. Revista Química Nova, 15(2): 147-154.
TESSIER, A.; CAMPBELL, P.G.C.; BISSON, M. 1979. Sequential extraction procedure for the speciation of particulate trace metals. Anal. Chem., 51: 844-51.