ÁREA: Química dos Alimentos
TÍTULO: INVESTIGAÇÃO POR CLAE DO TEOR DE CAFEÍNA NO CAFÉ COMUM E NO DESCAFEINADO CONSUMIDOS EM FORTALEZA-CEARÁ
AUTORES: G.S. ESTUMANO1; R.N. SARAIVA1, M.V.S. FERNANDES1
1UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARá (GERSOCHIMIE@YAHOO.COM.BR) – CURSO DE PóS-GRADUAçãO EM QUíMICA INORGâNICA
RESUMO: RESUMO: Neste trabalho foram avaliados os teores de cafeína em cafés: 1-descafeinado e 2-comum, consumidos no comércio local da cidade de Fortaleza. As amostras foram analisadas com o objetivo de determinar o teor de cafeína nesses produtos avaliando principalmente a eficácia da descafeinação. A metodologia utilizada envolveu a preparação de curvas de calibração com uso de soluções padrões de cafeína e determinações por cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE, com detector de UV-vísivel a 214 e 270 nm). Para a separação da cafeína foi utilizada uma coluna C8 fase reversa e fase móvel isocrática composta de acetonitrila:água (20:80,v/v).Os valores obtidos situaram-se na faixa 0,086% a 0,260% para as bebidas preparadas com café descafeinado e de 0,634% a 0,675% nas de café comum.
PALAVRAS CHAVES: palavras-chave: cafeína, café descafeinado, clae
INTRODUÇÃO: 1 — INTRODUÇÃO: A principal ação da cafeína no organismo humano é caracterizada pela propriedade diurética., uma concentração elevada de cafeína pode afetar os rins, o fígado e o sistema nervoso (SALDANA et al., 2004). Entre as várias técnicas disponíveis para a análise de cafeína em alimentos, a cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE) tem sido a escolhida, as vantagens desta técnica são a sensibilidade, especificidade, rapidez e a não necessidade de intensa manipulação da amostra (CAMARGO et. al., 1998). Em vista do alto consumo de café no Brasil e, por conseguinte em Fortaleza, além de sua importância como fonte de cafeína na dieta, aliado ao fato de existirem pessoas alérgicas a essa substância, este estudo foi conduzido com o objetivo de investigar os teores de cafeína nos cafés comum e descafeinado consumidos pela população de Fortaleza e região metropolitana. A legislação específica (portaria nº 377, de 26 de abril de 1999, ANVISA) regulamenta o teor de cafeína para os cafés descafeinado e comum.
MATERIAL E MÉTODOS: 2 — MATERIAL E MÉTODOS: Os cafés foram preparados analiticamente na concentração usual (5 gramas de café/litro). Todas as soluções dos padrões bem como as das amostras foram analisadas por cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE). As condições experimentais foram mantidas inalteradas. Para as análises utilizou-se um cromatógrafo com bomba isocrática Shimadsu LC10 A, com injetor próprio, loop ajustado para 5 microlitros de amostra e detector de UV com análise em 214 nm e 270 nm. Para a separação da cafeína foi utilizada uma coluna C8 fase reversa (SUPELCO, 25 cm x 4.6 mm d.i., tamanho das partículas: 5 mm) e fase móvel isocrática composta de acetonitrila:água (20:80,v/v), a um fluxo de 1,0 ml/min. A identificação da cafeína nas amostras foi efetuada pela comparação do seu tempo de retenção com o do respectivo padrão. Para o cálculo da concentração, empregou-se o método da padronização externa em cinco pontos de concentração 10, 30, 50, 80 e 100 ppm. Alíquotas de cada amostra foram injetadas no sistema CLAE, fixando a concentração dos analitos dentro da faixa de concentração das curvas analíticas (BASSET et al, 1992, CIENFUEGOS, 2000 e NASCIMENTO et al., 2004).
RESULTADOS E DISCUSSÃO: 3 — RESULTADOS E DISCUSSÃO: Foram obtidos cromatogramas (gráficos da intensidade, em absorvãncia, versus tempo de retenção, em minutos) para as soluções padrões e amostras dos cafés e construídas curvas de calibração (concentração (Y) versus área do picos obtidos(X)), a partir dos resultados obtidos para as soluções padrões. A curva de calibração para leituras em 214 nm apresentou equação de reta y = 61843,9918 + 2871,74631X (com coeficiente de correlação de 0,9900) e para 270 nm y = 26009,05738 + 1231,77582 (com coeficiente de correlação de 0,9910). As curvas foram utilizadas para o cálculo das concentrações de cafeína nos cafés. Os valores percentuais (massa em grama de cafeína/100 gramas de amostra) nas amostras de café descafeinado situaram-se na faixa de 0,086% a 0,260% para as bebida preparada com café descafeinado e de 0,634% a 0,675% para o café comum. De acordo com a legislação específica (portaria nº 377, de 26 de abril de 1999, ANVISA) o teor máximo de cafeína nos cafés descafeinados deve ser de 0,1%, logo algumas bebidas descafeinadas apresentaram valores superiores ao permitido. As bebidas de café comum apresentaram valores dentro dos permitidos pela legislação.
CONCLUSÕES: 4 — CONCLUSÕES: Apesar de pensarmos em teores ínfimos de cafeína nas amostras de café descafeinado, a investigação permitiu detectar um valor considerável da substância em algumas amostras desse tipo de café, superior inclusive ao valor recomendado na legislação. Os consumidores alérgicos a este alcalóide poderão estar sendo prejudicados ao ingerir o referido café suposto “descafeinado”. Provavelmente a eficácia do processo de descafeinação empregado não se mostrou adequada para manter o nível de cafeína dentro do exigido pela legislação específica.
AGRADECIMENTOS:Aos professores Ícaro, Ronaldo e Sandro. Aos membros do laboratório de Bioinorgânica da UFC.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA:5 — REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANVISA, LEGISLAÇÃO SOBRE DESCAFEINAÇÃO, portaria nº 377, de 26 de abril de 1999.
BASSET, J. DENNEY, R. C.; JEFREY, G.H & MENDHAN, J; Análise Química Quantitativa, 5 ed., Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 1992
CAMARGO, M.C.R., TOLEDO, M.C.F. Teor de cafeína em cafés brasileiros. Cienc. Tecnol. Aliment., Campinas (18); 032-038, out-dez. 1998.
CIENFUEGOS, F. Análise Instrumental. 1 ed., Rio de Janeiro, Editora Intersciência, 2000
NASCIMENTO, R.P., AQUINO,.F.W.B., AMORIM, A.G.N., PRATA, L.F. Determinação de aditivos, aldeídos furânicos, açucares e cafeína em bebidas por cromatografia líquida de alta eficiência: validação de metodologias. Cienc. Tecnol. Aliment., Campinas(24); 032-038, jan-mar 2004.
SALDANA, M.D.A., MAZZAFERA, P., MOHAMED, R.S. Extração dos alcalóides: cafeína e trigonelina dos grãos de café com CO2 supercrítico. Universidade Estadual de Campinas, Depto. de Termofluidodinâmica, Faculdade de Engenharia Química, cx. Postal 6066, 13083-970, Campinas-SP, 2004.