ÁREA: Química dos Alimentos

TÍTULO: AVALIAÇÃO DO TEOR DE MICROMINERAIS EM FRUTAS TROPICAIS DO ESTADO DO CEARÁ

AUTORES: ALMEIDA, M.M.B.-UFC; SOUSA, P.H.M.-UFV; FONSECA, M.L.-UFC; MAGALHÃES, C.E.C.-UECE; LOPES, M.F.G.-UFC; MAGALHÃES, A.C.-UFC; LEMOS, T.L.G.-UFC.

RESUMO: Esse trabalho objetivou quantificar Co, Fe, Ni e Se em 11 frutas tropicais do Ceará: ata, abacaxi, cajá-umbu, graviola, jaca, mamão, mangaba, murici, sapoti, siriguela e tamarindo. As frutas foram adquiridas em mercado local, lavadas, extraídas as polpas, dessecadas, mineralizadas em HNO3/HClO4 2:1 e analisadas por absorção atômica. O tamarindo apresentou os maiores teores de minerais, suprindo 12% da IDR para o Fe e quase 10% da IDR para o Se, com a ingestão de 100g da parte comestível da fruta. Tamarindo e abacaxi foram as maiores fontes de Ni, enquanto que os maiores teores de Co encontraram-se no tamarindo, sapoti e murici. Destaca-se mangaba e murici como fonte de Fe e Se, respectivamente. Portanto, em vista dos resultados obtidos, sugere-se o consumo das frutas tropicais analisadas.

PALAVRAS CHAVES: frutas tropicais, microminerais, ingestão diária recomendada.

INTRODUÇÃO: : Muitos problemas de saúde estão relacionados às dietas. Estudos comprovam que os nutrientes abundantes em frutas e legumes como minerais, vitaminas, antioxidantes e ácido fólico, podem diminuir o risco de doenças cardiovasculares, câncer, etc. O Brasil é um grande produtor de frutos tropicais e, no entanto, existem poucos relatados na literatura sobre o conhecimento químico destas. Esse trabalho objetivou estudar o teor dos microminerais Co, Fe, Ni e Se em 11 frutas tropicais: Achras sapota L.(sapoti), Ananas comosus L. Meril (abacaxi), Annona muricata L.(graviola), Annona squamosa L.(ata), Artocarpus integrifolia L.(jaca), Byrsanima crossifolia L. Rich (murici), Carica papaya (mamão), Hancornia speciosa (mangaba), Spondias aff. tuberosa (cajá-umbu), Spondias purpúrea L .(siriguela) e Tamarindus indica L. (tamarindo). O Co é parte integrante da vitamina B12. O Fe é essencial para a síntese da hemoglobina. O Ni é componente das enzimas urease e hidrogenase. O Se age na manutenção de defesas contra infecção (BERDANIER, 1998). Os antioxidantes neutralizam a ação dos radicais livres. Dentre os componentes não-enzimáticos da defesa antioxidante destacam-se Se e Fe (PAPAS, 1999).

MATERIAL E MÉTODOS: As amostras das frutas, cultivadas no Ceará, foram adquiridas em mercado local, lavadas com água corrente, extraídas as polpas, dessecadas (105°C) até peso constante e mineralizadas em solução digestora HNO3/HClO4 2:1 (via úmida) durante 6 horas. Em seguida, essas amostras foram filtradas, diluídas e analisadas por espectrofotometria de absorção atômica. Para a análise de Fe usou-se um espectrômetro de absorção atômica INTRALAB. Na quantificação de Co, Se e Ni utilizou-se um espectrômetro VARIAN, Modelo SpectrAA 220, com sistema de correção de fundo por efeito Zeeman longituginal, equipado com forno de grafite como atomizador e lâmpada de catodo oco como fonte de radiação, seguindo o programa de aquecimento do tubo recomendado pelo fabricante. Todas as análises foram realizadas em triplicatas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os resultados de umidade variaram de 31,64% - 91,61%. O teor de Co (mg/100g) oscilou entre 8,54 (mamão) a 53,99 (tamarindo). Os resultados de Fe (mg/100g) indicaram maior e menor teor para tamarindo (1,69) e mamão (0,25), respectivamente. O conteúdo de Ni (mg/100g) variou de 6,61 (mamão) a 75,76 (tamarindo) e de Se (µg/100g) oscilou entre 0,11 (cajá) e 3,13 (tamarindo). As ingestões diárias recomendadas (IDR) para um homem adulto são de 14 mg/dia para Fe e 34 µg/dia para Se (FAO/WHO, 2001). O tamarindo apresentou os maiores teores de minerais, suprindo 12% da IDR para o Fe e 10% para o Se, com a ingestão de 100g da parte comestível da fruta. A mangaba também apresentou boa quantidade de Fe e o murici de Se, suprindo 7% da IDR para os dois. Tamarindo e abacaxi foram as maiores fontes de Ni, enquanto que os maiores valores de Co encontraram-se no tamarindo, sapoti e murici. Esses resultados são compatíveis com o estudo de frutas da Colômbia, que apresentou valores para Fe (mg/100g) de 0,37 (mamão) a 1,30 (ata). O teor de Ni variou de não determinado a 0,11 mg/100g. O Co não foi determinado em abacaxi, graviola, ata e mamão e o Se foi encontrado apenas em ata (LATERME et al., 2006).





CONCLUSÕES: Comparando-se os dados obtidos e o consumo diário recomendado para os minerais Fe e Se, pode-se indicar o tamarindo e a mangaba como boas fontes de Fe, enquanto que como fonte de Se, recomenda-se o tamarindo e o murici. Para os demais minerais não existem valores de IDR registrados na literatura, o que nos leva a concluir que, dentre as frutas estudadas, a que apresentou os conteúdos mais elevados de Ni e Co foi o tamarindo. Portanto, sugere-se o consumo das frutas tropicais analisadas, destacando-se o tamarindo por ser a fonte mais rica em todos os nutrientes investigados.

AGRADECIMENTOS:Os autores agradecem aos órgãos de fomento CNPq, CAPES e FUNCAP pelo apoio financeiro recebido.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA:BERDANIER, C.D. 1998. Advanced Nutrition Micronutrients. CRC Press: Boca Raton, FL. 236p., hardcover.
FAO/WHO.2001. Human Vitamin and Mineral Requirements. In: Report 7ª Joint FAO/WHO Expert Consultation. Bangkok. Thailand. 286p.
LETERME, P.; BULDGEN, A.; ESTRADA, F.; LONDOÑO, A.M. 2006. Mineral content of tropical fruits and unconventional foods of the Andes and the rain forest of Colombia. Food Chemistry, 95(4): 644-652.
PAPAS, A.M. 1999. Diet and antioxidant status. Food Chemistry Toxicol, 37: 999-1007.