ÁREA: Química Orgânica

TÍTULO: CONSTITUINTES VOLÁTEIS DA PRÓPOLIS VERMELHA DE PERNAMBUCO

AUTORES: DE DEUS, A. S. O.1; FEITOSA, E. S. L.1; CALAND NETO, L. B.1; ARCANJO, D. D. R. 1; CITÓ, A. M. G. L.1; NUNES, L. C. C.1; ROLIM NETO, P. J.2; LOPES, J. A. D.1 .
1UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (GRACITO@UFPI.BR)
2UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO


RESUMO: A propolis vermelha é um tipo de própolis pouco estudada. Os constituintes voláteis obtidos por headspace dinâmico de uma amostra de própolis, coletada em março de 2006 em uma região de mangue próximo a cidade de Goiana-PE, foram analisados por CG-EM, que mostrou uma composição química bem variada, apresentando como constituintes majoritários o trans-anetol e alfa-copaeno.

PALAVRAS CHAVES: própolis vermelha; voláteis; headspace dinâmico.

INTRODUÇÃO: A própolis é uma substância resinosa de coloração variada, consistência viscosa e aroma agradável que é elaborada pelas abelhas sendo utilizadas por elas no reparo de danos na colméia, bem como na manutenção de condições assépticas para o ambiente interno (MARCUCCI, 1995; BANKOVA, 1995). Quando insetos invadem a colméia e são mortos pelas abelhas, estas utilizam a própolis para mumificá-los e assim prevenir suas decomposições, garantindo, portanto as condições de assepsia.
As abelhas coletam a própolis de várias partes das plantas, e sua composição química é muito complexa (há relatos de mais de 300 constituintes identificados). Devido às suas propriedades biológicas, ela tem amplas atividades terapêuticas, tais como: antimicrobiana, antiinflamatória, antioxidante e citotóxica, entre outras (BANKOVA, 1989). Em geral a própolis é composta de 50 % de bálsamo e resinas, 30 % de cera, 10 % de óleos essenciais e aromáticos, 5 % de pólen e 5 % de outras substâncias. Apesar da baixa concentração de compostos voláteis, o seu aroma e sua atividade biológica são parâmetros utilizados para caracterização da própolis (BANKOVA, 2000; MARCUCCI, 1996; PEREIRA, 2002).


MATERIAL E MÉTODOS: A amostra de própolis foi coletada em março de 2006, em um apiário localizado em mangues próximos a cidade de Goiana-PE. 7,5 g da amostra foi submetida a técnica de headspace dinâmico por 2 horas e meia, utilizando-se como armadilha para a captura dos voláteis o Porapak-Q. Os constituintes voláteis foram dessorvidos do polímero pela adição de diclorometano, que em seguida foi eliminado por um jato de nitrogênio e os constituintes voláteis foram submetidos a técnica de cromatografia gasosa acoplada a espectrometria de massa. A análise dos constituintes foi realizada num cromatógrafo SHIMADZU GC-17A acoplado a um espectrômetro de massas GCMS-QP505A equipado com coluna capilar DB5 (95 % polidimetilsiloxano e 5 % difenil). Utilizou-se a seguinte programação: injetor: 150 °C, detector: 280 °C, coluna: 75 ºC (8 min), 6 °C.min-1, 200 ºC (4 min), 10 ºC.min-1, 250 ºC (15 min). Os constituintes voláteis foram identificados por comparação dos espectros de massas obtidos com os registros da biblioteca computacional Wiley229(similaridade proposta) e dos índices de retenção relativos (Índices de Kovats) com dados da literatura especializada (ADAMS, 1995).

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os resultados quantitativos e qualitativos da análise dos voláteis da amostra de própolis vermelha de Pernambuco estudada estão descritos na Tabela 1.
Pelos resultados obtidos observa-se a presença de muitos compostos aromáticos, sesquiterpenos, aldeídos e cetonas alifáticas e poucos hidrocarbonetos de cadeia normal. Estranhamente não foi identificado nenhum monoterpeno como constituinte desse óleo essencial utilizando-se essa técnica de extração.
O composto 6-metil-5-hepten-2-ona encontrado em abundância nesta análise, também foi encontrado em óleos essenciais de méis de laranja.





CONCLUSÕES: A composição química dos voláteis da própolis em estudo mostrou-se bastante variada, destacando-se como constituintes majoritários trans-anetol, -copaeno e 4-hidroxi-4-metil-2-pentanona. A predominância do trans-anetol é um forte indicativo para utilização dessa própolis vermelha em produtos dentrifícios (BUDAVARI et al., 1989).

AGRADECIMENTOS:A UFPI e ao LAPETRO pelo suporte técnico e ao CNPq pela bolsa de IC.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA:ADAMS, R.P. 1995. Identification of Essential Oil Components by Gas Chromatography/Mass Espectroscopy, 2nd. ed., Allured Publishing Corporation: Illinois, 1995.

BANKOVA, V. S.; DE CASTRO, S. L.; MARCUCCI, M. C. 2000. Própolis: advances in chemistry and plant origin. Apidologie, 31: 3-15

BANKOVA, V.; CHRISTOV, R.; KUJUMGIEV, A.; MARCUCCI, M. C.; POPOV, S. Chemical composition and antibacterial activity of Brazilian propolis. Z. Naturforsch, Tübigen, v. 50c, p. 1-6, 1995.

BANKOVA, V.S.; POPOV, S.S.; MAREKOV, N.L. 1989. Isopentenil cinnamates from poplar buds and propolis. Phytochemistry, 28: 871-873

BUDAVARI, S.; O’NEIL, M. J.; SMITH, A.; HECKELMAN, P. E.The Merck Index. 11th edition. Merck & Co., Inc., 1989.

MARCUCCI, M. C. Propriedades biológicas e terapêuticas dos constituintes químicos de própolis. Quím. Nova. São Paulo, v. 19, n. 5, p. 529-536, 1996.

MARCUCCI, M. C. Propolis: Chemical composition, biological properties and therapeutic activity. Apidologie, Paris, v. 26, p. 1-17, 1995.

PEREIRA, A.S.; SEIXAS, F.R.M.S.; AQUINO NETO, F.R. 2002. Própolis: 100 anos de pesquisa e suas perspectivas futuras. Química Nova, 25: 321-326