ÁREA: Química Orgânica
TÍTULO: ESTUDO FITOQUÍMICO E BIOLÓGICO DE ESCHWEILERA SP
AUTORES: FREITAS, V. C. M. - UFPA, DA SILVA, C. E. - UFPA, FARO, J. J. DA S. – UFPA, GUEDES,R. I.C. – UFPA, SANTOS, L. DA S. – UFPA, GUILHON, G. M. S. P. – UFPA, ARRUDA, M. S. P. – UFPA, SOUZA FILHO, A. P. S. – EMBRAPA-PA, ARRUDA A. C. – UFPA.
1UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARá (ARRUDA@UFPA.BR); 2CENTRO DE PESQUISA AGROFLORESTAL DA AMAZôNIA ORIENTAL-CPATU, BELéM-PARá.
RESUMO: A espécie Eschweilera sp. foi coletada na região de Serra das Andorinhas – PA e suas partes foram secas e moídas e submetidas à extração a frio com etanol. Frente o bioensaio alelopático o extrato inibiu o crescimento de sementes de Senna obtusifolia e Mimosa pudica em 38,8% e 100%, respectivamente. O ensaio antibacteriano foi realizado frente 2 cepas, onde apenas o extrato bruto de folhas apresentou resultado expressivo. O bioensaio antifúngico foi realizado frente 5 cepas e os extratos brutos de folhas e de raiz mostraram-se ativas contra 4 cepas. O fracionamento cromatográfico do extrato bruto etanólico de folhas da espécie levou a identificação de α-amirina e β-amirina.
PALAVRAS CHAVES: eschweilera sp, fitoquímico, biológico.
INTRODUÇÃO: Dada as suas caraceterísticas climáticas, a Amazônia constitui-se território fértil para o desenvolvimento de microorganismos. As pesquisas para o desenvolvimento de novas substâncias, ambientalmente seguras, a serem utilizadas no combate a doenças e pragas, estão cada vez mais baseadas em produtos naturais.
Está amplamente divulgado que o uso de fertilizantes, fungicidas e bactericidas sintéticos oferece inúmeros danos ao meio ambiente. A área da química busca solucionar este problema estudando plantas onde, substâncias isoladas e identificadas poderão ser utilizadas no desenvolvimento de produtos, com características biológicas. Neste contexto a Amazônia, graças à sua biodiversidade, apresenta-se como fonte de recursos a fim de solucionar inúmeros problemas.
Pertencente à família Lecythidaceae, Eschweilera sp ocorre na região Amazônica, Espírito Santo, Minas Gerais e Bahia. É amplamente utilizada na indústria madereira em obras, cercas e como combustível doméstico.1
Relata-se neste trabalho, o estudo fitoquímico e os resultados dos testes de avaliação do potencial alelopático, antifúngico e antibacteriano realizados com extratos brutos etanólicos de Eschweilera sp.
MATERIAL E MÉTODOS: Os extratos brutos foram obtidos por percolação a frio com etanol, concentrados a pressão reduzida e particionados em coluna cromatográfica via úmida, com solventes em ordem crescente de polaridade. Cada amostra foi avaliada por cromatografia de camada delgada comparativa, resultando em 44 amostras. O teste antifúngico dos extratos brutos foi realizado em placas incubadas a 25º C por 48h, seguindo o método da concentração inibitória mínima, com discos de papel em meio de cultura batata-dextrose-ágar, contra 5 cepas em esfregaço. Os extratos foram solubilizados em dimetilsufóxido às concentrações de 1,0; 0,5; 0,25 e 0,125 mg/mL.O ensaio alelopático foi realizado em 5 dias, à 25°C e fotoperíodo de 12 horas, visando a inibição da germinação das sementes invasoras de pastagens Senna obtusifolia e Mimosa pudica, com os extratos brutos a 1% em metanol.O ensaio antibacteriano foi realizado, em incubação de 6 h, com extratos à 300µM em 1% dimetilsulfóxido em água, seguindo o método de susceptibilidade antimicrobiana de diluição em caldo para cálculo de concentração inibitória mínima via diluição em meio líquido (Mueller-Hinton) contra cepas de Escherichia coli e Staphiloccocus aureus.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Da fração Hexano-Acetato de etila 10% foram identificadas, em mistura, através de análises de RMN 1H e 13C e comparação com dados da literatura2 as substâncias α-amirina (S1) e β-amirina (S2). O espectro de RMN 13C apresentou sinais em δ 124,6 e 139,9; 121,9 e 145,0 próprios da α-amirina e β -amirina, respectivamente.
No ensaio antibacteriano apenas os extratos brutos de folhas de Eschweilera sp apresentaram atividade frente às cepas de Escherichia coli e Staphiloccocus aureus.
Frente o bioensaio alelopático o extrato inibiu o crescimento de sementes de Senna obtusifolia e Mimosa pudica em 38,8% e 100%, respectivamente.
No bioensaio antifúngico, os extratos de folhas e raiz de Eschweilera sp apresentaram significante atividade, conforme tabela 2.
CONCLUSÕES: Do estudo fitoquímico do extrato bruto etanólico de Eschweilera sp identificou-se os terpenos α e β-amirina. No ensaio antibacteriano apenas os extratos brutos de folhas de Eschweilera sp apresentaram atividade frente às cepas de Escherichia coli e Staphiloccocus aureus. No teste alelopático, o extrato inibiu o crescimento de sementes de mata-pasto e malícia em 38,8% e 100%, respectivamente. No ensaio antifúngico, os extratos de folhas e raiz de Eschweilera sp apresentaram significante atividade. Os resultados revelam o grande potencial biológico e econômico das espécies estudadas.
AGRADECIMENTOS:Ao CNPq pelo apoio financeiro, à EMBRAPA e à UFPA pela infra-estrutura para a realização do trabalho.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA:1 Homma, A.K.O. Amazônia: desenvolvimento econômico e questão ambiental. In: Vilela, E.F.; Santos, L.C. eds. Agricultura e meio ambiente. Viçosa: UFV/NEPEMA, 1994.
2 Mahato, S. B. and Kundu A. P. Phytochemistry. 37 (1994), pp. 1522 e 1540.