Autores
Dionizio, T.P. (UFRJ)
Resumo
Este trabalho aborda a importância do jogo didático como alternativa pedagógica e meio facilitador da aprendizagem, pois mantem uma relação estreita com a construção do conhecimento e a forma lúdica como são apresentadas as informações funciona como elemento motivador e catalisador no processo ensino-aprendizagem. Isto posto, com o intuito de contribuir para o aprendizado dos alunos da rede pública, criou-se um jogo de tabuleiro abordando assuntos de química geral e foi aplicado em turmas de ensino médio de uma escola estadual. Os resultados demonstraram uma boa aceitação em relação ao método proposto, mostrando ser uma eficiente ferramenta para despertar e estimular o interesse dos alunos, melhorando e enriquecendo sua compreensão nos assuntos aplicados.
Palavras chaves
ensino de química; jogo didático; lúdico
Introdução
Um jogo, quando confeccionado com o intuito de atingir conteúdos específicos para serem utilizados no meio escolar, é denominado jogo educativo. Porém se ele não possuir objetivos pedagógicos claros e possuir uma acentuada vertente ao entretenimento, então é considerado entretenimento (SOARES, 2008). De acordo com Kishimoto (1996) o jogo possui duas funções: a lúdica e a educativa, que devem estar em equilíbrio. Se a função lúdica predominar, não passará de um jogo e se a função educativa for prevalecente, será somente um material didático. Para ser considerado lúdico, um material tem de apresentar dois elementos característicos: o prazer e o esforço espontâneo, além de integrarem as várias dimensões do aluno, como a afetividade, o trabalho em grupo e as relações com regras predefinidas. A atividade lúdica proporcionada pelos jogos pode ser o desencadeador de todo o processo de aprendizagem, sendo que o jogo desenvolve a imaginação e exige a tomada de iniciativa, desafiando a inteligência para encontrar soluções para determinados problemas ou situações. Nestes momentos de descontração e desinibição proporcionados pelos jogos, as pessoas se desbloqueiam e se aproximam mais, resultando numa maior integração entre os participantes e entre os conteúdos envolvidos. E a competição pode estimular os alunos a estudarem mais e adquirirem mais conhecimentos de uma forma diferenciada e prazerosa. Levando em conta a deficiência no Ensino de Química na educação básica, este trabalho visou a criação e aplicação de um jogo que fosse útil ao processo de ensino-aprendizagem, facilitando e complementando a aquisição do conhecimento dos estudantes e mostrando-lhes a importância da química.
Material e métodos
O jogo de tabuleiro denominado “La casa de Química” foi criado com os mais diversos assuntos de química (do 1º ao 3º ano do ensino médio). Seu objetivo é a montagem de um laboratório de química a partir das vidrarias básicas utilizando as fichas conquistadas no jogo para as compras. As cartas do jogo são diversas e as casas do tabuleiro podem ser: PERGUNTAS E RESPOSTAS (perguntas sobre conteúdos já vistos em aula com um tempo determinado para resposta); SORTE OU REVÉS (abordando normas e dicas de segurança num laboratório de química – cartas apenas informativas); SUPER TRUNFO (cartas comparativas de características dos elementos químicos); QUEM SOU EU? (cartas de adivinhas de elementos químicos, através de dicas ou versinhos); RODA A RODA (roleta com bônus ou punição em valores de fichas); FIQUE UMA VEZ SEM JOGAR; JOGUE NOVAMENTE. A medida que os alunos lançam o dado eles avançam no jogo e devem cumprir com a designação da casa onde parou. Vence o jogo o aluno/grupo que montar primeiro o seu laboratório.
Resultado e discussão
O jogo contribuiu positivamente para aquisição de conhecimento e ludicidade
na aula, promovendo novos saberes e alicerçando conhecimentos já existentes.
Os próprios alunos reconheceram que essa metodologia dinâmica de ensino pode
lhes propiciar uma melhor aprendizagem. A atividade foi também uma
estratégia de interação entre os alunos e teve um papel muito importante na
vida deles, pois promoveu a socialização e contribuiu para o desenvolvimento
do raciocínio, envolvendo-os com o conteúdo em estudo. É uma alternativa
criativa e divertida capaz de transformar socialmente estes alunos,
tornando-os indivíduos críticos e participativos. O jogo auxiliou na
construção de soluções sociais e individuais, estimulando o trabalho em
equipe, o compartilhamento de conhecimentos, as tomadas de decisões e o
respeito às regras. Reconhecer os conhecimentos prévios dos alunos é de
extrema importância, uma vez que é através destes, que as novas informações
apresentadas pelo jogo irão se ancorar, assumindo assim um significado para
o aluno. Os conhecimentos prévios dos alunos também facilitaram a
compreensão das regras do jogo, bem como ajudaram na dinâmica do mesmo, pois
foram poucas as dúvidas durante a realização da atividade. Além disso, a
temática sobre o laboratório foi interessante, pois estes alunos da rede
pública estadual não possuem contato e nem noção de equipamentos e vidrarias
utilizadas pelos químicos e tampouco conhecem as normas de segurança de um
laboratório. Através do jogo, os alunos puderam exercitar seus
conhecimentos, aprender outros que ainda não possuíam, conhecer algumas
vidrarias e saber identifica-las no decorrer do jogo.
Conclusões
Esta atividade contribuiu para facilitar a aprendizagem dos alunos, mas, sobretudo inseriu o ensino de química de forma divertida, prazerosa e agradável, na expectativa de tornar a química cada vez mais presente e atraente. Sua aplicação como recurso metodológico supriu algumas dificuldades encontradas na compreensão dos conteúdos já explorados em sala de aula e complementou a formação do conhecimento, apresentando-lhes algo além dos livros didáticos de ensino médio, o laboratório de química.
Agradecimentos
Ao Colégio Estadual Raymundo Corrêa.
Referências
KISHIMOTO, T. M. O jogo e a Educação Infantil. In: Jogo, Brinquedo, Brincadeira e Educação. São Paulo, Cortez Editora, 4ª Edição, 1996.
SOARES, M. H. F. B. Jogos e Atividades Lúdicas no Ensino de Química: Teoria, Métodos e Aplicações. In: XIV Encontro Nacional de Ensino de Química, Curitiba, 2008.