ISBN 978-85-85905-10-1
Área
Ambiental
Autores
Ricardo, A. (UFRJ) ; Avellar, G. (UERJ) ; Queiroz, J. (CETEM) ; Ribrieo, R. (CETEM)
Resumo
Algumas construções históricas do Rio de Janeiro como Igreja da Candelária, Centro Cultural do Banco do Brasil, Centro Cultural do Correios, Centro Cultural da Justiça Eleitoral, Igreja Santa Cruz dos Militares e Igreja da Ordem 3ª do Carmo,são revestidas principalmente por gnaisse facoidal e leptinito. Tais prédios sofrem a influência natural do intemperismo físico e químico nas rochas, porém, estão em um grande centro urbano e tais agentes são agravados pela poluição e atividade humana. Este estudo objetiva reconhecer a distribuição das alterações nessas rochas ao identificar suas causas. Para isso, fez-se registro fotográfico, medições de salinidade e temperatura e análise química com FRX. Os resultados mostram perda massa e cor, fungos e que o ambiente exerce a maior influência.
Palavras chaves
Rochas Ornamentais; Prédios Históricos; Degradação
Introdução
O Rio de Janeiro apresenta importantes prédios históricos que foram construídos durante o período colonial. Tais fachadas compõem-se principalmente em gnaisse facoidal e leptinito, típicas da geologia local. O gnaisse facoidal é uma rocha de granulometria grossa, composta por feldspatos sigmoidais de tamanho centimétrico, além de quartzo, biotita e outros máficos, que se agrupam em bandas que contornam os feldspatos. Já o leptinito é uma rocha leucocrática composta por plagioclásio, quartzo, granada e biotita, de granulometria fina a média e textura maciça. É possível observar o uso dessas rochas ao percorrer o trajeto no centro da cidade do Rio de Janeiro, desde a Avenida Presidente Vargas seguindo pela Rua Primeiro de Março (antiga rua Direita). Verifica-se também que a maioria dessas construções encontra-se muitas vezes um em estado avançado de degradação, que pode ser decorrente à localização, na região portuária da cidade, sob a influência de diversos agentes de intemperismo, como a poluição e a alta umidade, potencializados pela exposição à salinidade, além do crescimento de microorganismos e da atividade humana. Por meio desse estudo, comprova-se a importância da caracterização tecnológica como uma ferramenta aplicável aos estudos de alterabilidade das rochas, bem como no auxílio à restaurações, não só dos prédios aqui estudados, mas também de outros monumentos pétreos construídos, contribuindo assim, para a proteção, divulgação e valoração da geodiversidade. A partir dos resultados, o presente trabalho apresenta discussões sobre as possibilidades de um melhor emprego das técnicas de preservação e tratamento mais eficaz contra as patologias encontradas nos materiais rochosos.
Material e métodos
A execução deste trabalho deu-se através de pesquisas bibliográficas sobre o tema e o histórico dos seguintes monumentos: Igreja Nossa Senhora da Candelária, Centro Cultural Banco do Brasil, Centro Cultural da Justiça Eleitoral, Igreja de Santa Cruz dos Militares e a Igreja da Ordem Terceira do Carmo. Também foi feita a identificação das patologias e seu registro fotográfico levando em consideração a localização em relação à Baia de Guanabara e às ruas, potenciais fontes de poluição. Foram coletadas amostras utilizando frascos plásticos estéreis com tampas à prova de vazamento, com o auxílio de uma pisseta contendo água destilada para lavar uma pequena porção da fachada. O líquido coletado foi armazenado e identificados para posterior medição de salinidade em laboratório. Mediu-se a temperatura in situ em diferentes pontos das fachadas dos prédios, em diferentes horários, utilizando o aparelho termômetro infravermelho da marca Contemp. Também foram executadas análises químicas e de salinidade das soluções coletadas,sendo a salinidade realizadas com um condutivímetro portátil mCA 150P, da marca MaxLabor.
Resultado e discussão
Igreja Nossa Senhora da Candelária: apresenta manchas de urina, oxidação,
umidade, pichações, crosta negra, desplacamento, perda de massa e cor. A lateral
voltada para o norte há gnaisse com estufamento. Centro Cultural Banco do
Brasil: poucas patologias foram encontradas, cor esbranquiçada no gnaisse
facoidal, manchas de urina e oxidação, crostas negras, fraturas nas molduras das
janelas.Centro Cultural da Justiça Eleitoral: apresenta no mármore manchas e
dissolução em estalactites. Gnaisse e leptinito apresentam manchas de urina e
crosta negra. Igreja de Santa Cruz dos Militares: manchas nas bases das sacadas
e fachada causadas tanto por umidade, quanto por poeira e urina, além de perda
de massa e fraturamento do gnaisse. Igreja da Ordem Terceira do Carmo: patologia
que mais se destaca é a perda de massa ao longo da fachada principal além de
crosta negra e perda de massa nos degraus da entrada. Observou-se variação nos
valores de salinidade, principalmente daquelas coletadas na Igreja da Candelária
com valores máximos de 1730 ppm, com média de 410,94 ppm (figura 1). Os valores
de temperatura medidos variavam de acordo com a posição do sol em relação às
fachadas. De maneira geral, em todos os prédios históricos estudados pode-se
observar patologias relacionadas às condições climáticas, ambientes de alta
poluição, exposição a sprays salinos e ação antrópica. Esta última pela
constatável presença de ureia, pichação e poluição.
Conclusões
São fatores predominantes no processo de degradação das rochas: sua mineralogia e textura, o clima e as condições ambientais a que estão submetidas. Através de estudos das reações químicas atuantes, vemos que o clima é um dos principais agentes atuantes bem como a presença antrópica que, por meio de fluidos como a urina e pichação, tem participação significativa no processo de deterioração dos monumentos estudados. Como é difîcil determinar um modelo de degradação que englobe condições,tipos de rochas e patologias, sugere-se que os projetos de conservação tenham como base sempre estes estudos.
Agradecimentos
Ao CNPq pelo apoio financeiro e ao CETEM pela infraestrutura.
Referências
SILVA, A. L. C. S., SILVA, M. M., NETO, J. A. B., SMITH, B. e McALISTER, J. Produtos do intemperismo e avaliação do nível de deterioração em rochas ornamentais da Fortaleza de Santa Cruz (Niterói, RJ) - Rev. Tamoios, ano 08, n. 1, pp 52-67.