Realizado no Rio de Janeiro/RJ, de 14 a 18 de Outubro de 2013.
ISBN: 978-85-85905-06-4
ÁREA: Ensino de Química
TÍTULO: ANÁLISE SEMIÓTICA DA REPRESENTAÇÃO EM BRAILLE DA FÓRMULA ESTRUTURAL DO ETANO
AUTORES: Barros, P.C.S. (UFPA) ; Brito, E.F. (SEDUC/PA) ; Silva, E.S. (UFPA) ; Silva, W.L. (UFPA) ; Teles, G.S. (UFPA) ; Silva, R.M. ()
RESUMO: O presente trabalho elucida uma análise semiótica da representação em Braille da fórmula estrutural do etano. Para isso foi realizada uma pesquisa bibliográfica com o objetivo de identificar a relação entre o objeto químico e a semiótica peirceana, considerando as categorias fenomenológicas universais da primeiridade, secundidade e terceiridade. Os resultados foram inseridos em um quadro resumo explicitando a constituição das bases semióticas da grafia química em Braille pelos aspectos icônicos (primeiridade), indiciais (secundidade) e simbólicos (terceiridade), demonstrando que o conhecimento humano pode ser representado por uma tríade, como propõe Peirce.
PALAVRAS CHAVES: SEMIÓTICA PEIRCEANA; QUÍMICA; BRAILLE
INTRODUÇÃO: Ao argumentar sobre “o que é semiótica”, Santaella (1983) elucida que o termo não pode ser traduzido em uma única definição cabal. Sob o ponto de vista etimológico, Semiótica é a “ciência dos signos” (p.9). É também, a “ciência que tem por objeto de investigação todas as linguagens possíveis, ou seja, que tem por objetivo o exame dos modos de constituição de todo e qualquer fenômeno de produção de significado e sentido” (SANTAELLA, 1983, p. 11).
Partindo desse pressuposto, “a comunicação é feita por meio de imagens, gráficos, sinais, setas, números, luzes, objetos, sons musicais, gestos, expressões, cheiro e tato, por meio do olhar, do sentir e do apalpar” (SANTAELLA, 1983, p. 11).
Nesse sentido, Belarmino (2007) descreveu a cela Braille como objeto semiótico, inaugurando uma área de estudos semióticos concentrados na escrita/leitura em relevo, pois, de acordo com essa autora, é o relevo “que dá o tom”. (p.4), permitindo a expansão de regras e combinações e, também, a tradução de outros sistemas, como por exemplo, a pauta musical e a grafia Química. Isso só é possível porque o Braille, dirigindo-se a um público específico, produz um efeito interpretativo em uma mente intérprete dessa simbologia. Quanto ao ensino, a Grafia Braille em Química é essencial no processo de aprendizagem, ampliando as possibilidades de engajamento de alunos cegos em áreas científicas.
Diante disso, percebe-se que a Grafia Química em Braille consiste em um instrumento potencial para estudos semióticos. Dessa maneira, este trabalho foi motivado pela possibilidade de abordar a química sob o ponto de vista da semiótica. Trata-se de uma abordagem bastante relevante na área educacional, pois há uma carência muito grande de materiais bibliográficos aliando a Grafia Braille e as áreas científicas.
MATERIAL E MÉTODOS: O trabalho foi desenvolvido a partir de uma pesquisa bibliográfica com a finalidade de referenciar a relação entre a semiótica e a Química Braille. De acordo com Marconi e Lakatos (2010, p. 43), este tipo de pesquisa “se constitui no caminho para se conhecer a realidade ou descobrir verdades parciais”. Dessa maneira, optou-se pela exploração da semiótica de Peirce que configura conceitos gerais capazes de “servir de alicerce a qualquer ciência aplicada”. (SANTAELLA, 2002 p. 22). Assim, as bases semióticas da grafia química em Braille, especialmente do objeto químico “fórmula estrutural do metano, em Braille” foram evidenciadas com base nas categorias fenomenológicas universais de Peirce, com ênfase nos aspectos icônicos (primeiridade), indiciais (secundidade) e simbólicos (terceiridade), demonstrando que o conhecimento humano pode ser representado por uma tríade. Posteriormente, os resultados foram sintetizados e inseridos em um quadro.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: A teoria semiótica de Peirce propõe que o conhecimento humano pode ser representado por uma tríade: signo ou representamem (algo que vai ser representado); objeto (algo representado) e interpretante (aquilo que é criado na mente de quem observa o signo). Neste sentido, a fórmula estrutural do etano constitui o objeto, a representação em Braille é o signo e a relação entre ambos, que ocorre mediante a interpretação por meio de convenções corresponde ao interpretante.
Peirce elaborou três categorias fenomenológicas universais para classificar qualquer pensamento ou experiência: primeiridade (característica do signo que se apresenta de forma imediata); secundidade (fenômeno que faz referência àquilo que representa) e terceiridade (camada de inteligibilidade através da qual representamos e interpretamos o mundo).
Nesta perspectiva, Omena (2009) explicita as bases semióticas da grafia química em Braille, pelos aspectos icônicos (primeiridade), indiciais (secundidade) e simbólicos (terceiridade).
Quanto ao aspecto icônico, às combinações em Braille para formar o objeto químico assemelham-se à primeiridade, pois sugerem hipóteses, para aqueles que não conhecem o Braille, sem conexão direta com o objeto.
Quanto ao aspecto indicial, o Braille aproxima-se da secundidade, pois os índices estão presentes em algo que já existe. Neste caso, a representação estrutural do etano, em Braille, pressupõe a existência de uma Grafia Química neste sistema.
Quanto ao aspecto simbólico, o Braille se aproxima da terceiridade, pois segue uma convenção e é reconhecido por seus intérpretes. Assim sendo, a representação da fórmula estrutural do etano, em Braille, segue a generalidade de uma lei que rege e dita à posição e a finalidade de cada símbolo.
Figura 1
Relação triádica do signo
Figura 2
Quadro resumo sobre semiótica e química Braille com ênfase na fórmula estrutural do etano, em Braille.
CONCLUSÕES: A semiótica, como “ciência de todas as linguagens” permite a compreensão dos processos de significação por meio das representações. Dessa maneira ajuda a compreender o mundo, pois está envolvida nos processos de linguagem e comunicação humana. Em virtude disso, os objetos químicos, como a fórmula estrutural do etano, quando representados na Grafia Química em Braille, permitem aos alunos cegos adentrar e explorar melhor os conteúdos de química.
AGRADECIMENTOS: À UFPA e a SEDUC/PA
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BELARMINO, J. Braille e semiótica: um diálogo relevante. 2007. Disponível em <http://www.bocc.ubi.pt/pag/belarmino-joana-braille-semiotica.pdf>. Acesso em 12 out.2012.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão. Grafia Química Braille para Uso no Brasil.2. ed. Brasília: SECADI, 2011.
OMENA, F. B. Comunicação e linguagem: estudo do sistema Braille à luz da semiótica. Monografia (Comunicação Social). FEJAL, Maceió, 2009.
SANTAELLA, L. O que é semiótica? 6. ed. São Paulo: Brasiliense, 1983.
________. Semiótica aplicada. São Paulo: Thomson Pioneira, 2002.