Realizado no Rio de Janeiro/RJ, de 14 a 18 de Outubro de 2013.
ISBN: 978-85-85905-06-4
ÁREA: Ambiental
TÍTULO: Fósforo total em alguns corpos d’água do Pantanal mato-grossense
AUTORES: Slusarski, A.M. (UFMT) ; Azevedo, C.K. (UFMT) ; Silva, D.A. (IFMT) ; Barboza, A.M. (UFMT) ; Carvalho, A.C.S. (UFMT) ; Oliveira, E.F. (UFMT) ; Weber, O.L.S. (UFMT)
RESUMO: Este trabalho objetivou determinar fósforo (P) total em água superficial de alguns
corpos do Pantanal, com o intuito de entender e quantificar o nível de acréscimo
de P proveniente de áreas agrícolas e urbanas. As campanhas de amostragem foram
realizadas entres os meses de setembro a dezembro/2011, em quatro pontos ao longo
do Pantanal mato-grossense. Realizou se a amostragem em triplicata, em seguida as
amostras foram preservadas em meio ácido e acondicionadas em baixa temperatura até
o momento da análise. As amostras foram digeridas em meio ácido com persulfato de
potássio e, posteriormente, neutralizadas e avolumadas para determinação de P em
espectrofotômetro de UV-vís a 880 nm. Os teores elevados de fósforo nas lagoas
indicam aporte de fósforo.
PALAVRAS CHAVES: Rio Cuiabá; efluentes; fosfato
INTRODUÇÃO: O Pantanal, considerado pela UNESCO Patrimônio Natural Mundial, possui uma
riquíssima biota terrestre e aquática. Entretanto, está sofrendo com a intensa
atividade antrópica, especialmente em áreas situadas nas sub-bacias do Rio
Cuiabá e São Lourenço que são os principais fornecedores de água para a planície
pantaneira.
As principais atividades nessas sub-bacias estão associadas à agricultura e
pecuária extensiva, e ao lançamento de efluentes não tratados urbanos e
industriais (Silva et al., 2002). O uso intenso de fertilizantes fosfatados nas
áreas agrícolas e o descarte de efluentes nos rios podem causar o excesso de
nutrientes como o fósforo (P), que ao longo prazo, desencadeia processo de
eutrofização nos corpos d’água (Thomann e Mueller, 1987).
A eutrofização causada pelo acúmulo de nutrientes provoca inúmeras mudanças
muitas vezes irreversíveis dentro de um ecossistema aquático, por isso merece
atenção especial prevê-la e evitá-la, principalmente em ambientes de grande
riqueza em biodiversidade que é o Pantanal, contudo, pesquisa nesse sentido é
incipiente nesse ambiente.
Por isso, este trabalho objetivou determinar fósforo total em água superficial
do Pantanal mato-grossense, com o intuito de entender e quantificar o nível de
acréscimo de P devido a influência de áreas agrícolas e urbanas.
MATERIAL E MÉTODOS: Locais de amostragem e período de coleta
Foram selecionados quatro pontos ao longo do Pantanal mato-grossense, sendo um
no Rio Cuiabá e três em lagoas. As campanhas de amostragem foram realizadas em
dois períodos sazonais (seca e chuva), entre os meses de setembro a dezembro de
2011.
Procedimento de amostragem e preservação das amostras
As amostras foram coletas em triplicata obtidas no meio e nas margens direita e
esquerda do rio, posteriormente, foram preservadas com ácido sulfúrico P.A. e
acondicionadas em baixa temperatura até o momento da análise (AWWA, 1999). No
momento da coleta determinaram-se os seguintes parâmetros: pH, condutividade,
oxigênio dissolvido e temperatura da água e do ar.
Procedimento de digestão e determinação de fósforo
Para a determinação de P total, 100 mL da amostra preservada e sem filtrar foi
digerida sob aquecimento, em meio acido, com 15 mL de solução de persulfato de
potássio e, em seguida, procedeu se a concentração da amostra até em torno de 15
mL, posteriormente, neutralizou e avolumou quantitativamente a 25 mL. O P no
extrato foi determinado em espectrofotômetro de UV-vís a 880 nm (CETESB, 1978).
RESULTADOS E DISCUSSÃO: De maneira geral, os teores de fósforo total em água foram maiores nos meses de
seca (setembro e outubro), devido a não ocorrência de chuva e consequentemente o
efeito de concentração de fósforo. Além disso, observa se teores mais elevados
nas lagoas (LAG 1, LAG 2 e LAG 3) em comparação ao RCBA nesse período,
confirmando que em ambientes lênticos os teores de fósforo são mais elevados
(BAIRD, 2011). Os valores variaram de 31,02 a 77,37 µg L-1 no período de seca
(Figura 1).
Nos meses de novembro e dezembro, observa se teores menores de fósforo nas
lagoas em estudo, variando de 17,15 a 57,75 µg L-1 (Figura 1). Essa diminuição
deve se, provavelmente a diluição desencadeada pelo maior volume de chuva e
também, a renovação da água desse ambiente, pois no período de cheia ocorre
novamente a conexão entre as lagoas e o Rio Cuiabá.
Os teores de P total para o RCBA, tanto nos meses de seca quanto de chuva,
encontram se abaixo dos teores máximo recomendado por CONAMA 357/2005 para águas
de classe 1, contudo os resultados apontam impactos decorrentes de fontes
antrópicas. Para ambientes com características lênticas, como os pontos LAG1,
LAG2 e LAG3, os valores estão muito acima ao máximo recomendado, principalmente
nos meses de set/2011 e out/2011.
Figura 1
P total (µg g-1) em água superficial do Pantanal
mato-grossense.
CONCLUSÕES: - Os teores de fósforo foram maiores no período de seca, devido, provavelmente, a
concentração ou a mudança na dinâmica de fósforo no sedimento de fundo;
- Os teores elevados de fósforo nas lagoas indicam aporte de fósforo provenientes
de fontes pontuais ou não-pontuais;
- Esses resultados sinalizam a necessidade de monitoramento de fósforo na região
pantaneira.
AGRADECIMENTOS: Fapemat, UFMT e IFMT
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: AWWA – American Public Health Association American Water Works Association/Water Environment Federation Standard Methods For The Examination Of Water And Wastewater. 20ª ed. Washington: AWWA, 1999.
BAIRD, C.; CANN, M. Química Ambiental. 4ª Ed. Bookman, 2011.
CETESB – COMPANHIA DE TECNOLOGIA E SANEAMENTO AMBIENTAL. Determinação de fósforo em água: método do ácido ascórbico. Norma Técnica L5.128. São Paulo: CETESB, 1978.
SILVA, I.S.; ABATE, G.; LICHTING, J.; MASINI, J.C.; Heavy metal distribution in recent sediments of the Tietê-Pinheiros river system in São Paulo state, Brazil. Applied Geochemistry, v. 17, p. 105-116, 2002.
THOMANN, R. V.; MUELLER, J. A. – Principles of Surface Water Quality Modeling and Control. Harper Collins Publishers, 1987.