Realizado no Rio de Janeiro/RJ, de 14 a 18 de Outubro de 2013.
ISBN: 978-85-85905-06-4
ÁREA: Ambiental
TÍTULO: USO DE AGROTÓXICOS NA CANA-DE-AÇÚCAR E OS RISCOS À SAÚDE DO TRABALHADOR RURAL NA REGIÃO DE ITUMBIARA-GO
AUTORES: Rodrigues, V.C. (IFG - CÂMPUS ITUMBIARA) ; Gomes, T.C.F. (IFG - CÂMPUS ITUMBIARA) ; Goulart, S.M. (IFG - CÂMPUS ITUMBIARA) ; Santos, J.P.V. (IFG - CÂMPUS ITUMBIARA) ; Castro, L.M. (IFG - CÂMPUS ITUMBIARA)
RESUMO: A pesquisa buscou investigar os principais agrotóxicos utilizados na cana-de-
açúcar em Itumbiara-GO e região, verificando os possíveis riscos para a saúde
humana e para o meio ambiente. A pesquisa teve a entrevista semiestruturada como
forma de coleta de informações à profissionais da área agropecuária, produtores
rurais, indústrias sucroalcooleiras e órgãos oficiais. O principal objetivo da
pesquisa é dar embasamento para futuras propostas de conscientização sobre o uso
de agrotóxicos e seus efeitos para a saúde e meio ambiente. O trabalho demonstrou
os riscos dos agrotóxicos para a saúde do trabalhador rural, apresentando casos da
má utilização dos mesmos, inclusive o uso agrotóxicos não autorizados para a
cultura de cana-de-açúcar.
PALAVRAS CHAVES: agrotóxicos; cana-de-açúcar; saúde do trabalhador
INTRODUÇÃO: Os agrotóxicos são conhecidos por diversos nomes, tais como agroquímicos,
defensivos agrícolas, pesticidas, praguicidas, venenos e outros. Com a
Constituição Federal de 1988, todos esses termos foram substituídos por
agrotóxicos a fim de tornar evidente a toxicidade dessas substâncias (FUNASA,
1998).
A utilização indiscriminada de agrotóxicos na cana-de-açúcar, assim como em
qualquer cultura traz uma série de consequências para o meio ambiente e também
para a população. O uso frequente e incorreto pode causar contaminação de solos,
da atmosfera, das águas superficiais e subterrâneas, dos alimentos, levando a
efeitos negativos em organismos terrestres e aquáticos, intoxicação humana pelo
consumo de água e alimentos contaminados e intoxicação ocupacional de
trabalhadores e produtores rurais (SPADOTTO, 2006). Portanto faz-se
imprescindível avaliar o modo como conciliar a demanda de produtos originados da
cana-de-açúcar, viabilidade econômica e aspectos como saúde e meio ambiente.
O Brasil é líder mundial na produção de cana-de-açúcar, o que é verificado no
aumento do número de usinas em todas as regiões brasileiras, principalmente no
estado de Goiás, onde a cana-de-açúcar era considerada produto secundário na
agricultura do estado (SOUZA; MIZIARA, 2010).
Em detrimento da relevância do assunto e da problemática apresentada buscou-se
verificar a situação de Itumbiara-GO em relação ao uso de agrotóxicos na cultura
de cana-de-açúcar e possíveis efeitos dessas substâncias na saúde do trabalhador
rural, através de pesquisa exploratória.
MATERIAL E MÉTODOS: O levantamento dos dados se deu através de procedimentos investigativos,
observando o processo de trabalho agrícola, comunicação entre técnicos e
agricultores da região. Foi realizada através de questionários elaborados
inicialmente, aplicados na forma de entrevista semiestruturada à agrônomos,
indústrias do setor sucroalcooleiro, produtores rurais, estabelecimentos
comerciais e órgãos oficiais de fiscalização.
Primeiramente, realizou-se a pesquisa documental, através dos registros de
órgãos oficiais que retratassem a situação relativa a aplicação e manejo de
agrotóxicos. Após isso, houve a etapa bibliográfica, investigando em artigos
científicos, livros e sites relacionados à pesquisa, como a ANVISA – Agência
Nacional de Vigilância Sanitária, Ministério da Saúde, Ministério da
Agricultura, AGRODEFESA – Agência Goiana de Defesa Agropecuária, INPEV –
Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias, ADIAGO – Associação de
Distribuidores de Insumos Agrícolas de Goiás e outros.
A cidade de Itumbiara possui, efetivamente em funcionamento, três indústrias do
setor sucroalcooleiro, foram solicitadas em todas o apoio à pesquisa, porém
apenas duas aceitaram. Contou-se com a colaboração de nove agrônomos, vinte e
dois produtores rurais, três estabelecimentos comerciais e um representante de
cada órgão oficial. Foram investigados os principais agrotóxicos utilizados nas
plantações de cana-de-açúcar da região, destacando-se suas características, tais
como composição química, formas de armazenamento, manejo, riscos à saúde e
disposição de resíduos. Por se tratar de entrevista semiestruturada, conforme o
decorrer da aplicação, outros pontos foram levantados.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Conforme análise dos resultados, os entrevistados afirmam que o uso de
agrotóxicos varia conforme o momento da plantação e da praga que possa acometer
o cultivo, sendo utilizados principalmente os seguintes produtos: Advance®,
Regent®, Velpar K®, Volcane®, Furadan®, Combine®, Gamit®, Provence®, outros
agrotóxicos à base de MSMA, Diurom, Fipronil, Triazóis, Estrobilurina.
A Figura 1 apresenta informações gerais sobre os agrotóxicos identificados na
pesquisa, enquanto a Figura 2 apresenta os riscos dessas substâncias para o ser
humano e o meio ambiente.
Os agrotóxicos levantados na pesquisa são autorizados pela ANVISA para cultura
de cana-de-açúcar, apenas os derivados de triazóis não são autorizados para essa
cultura. Todos os questionários aplicados demonstram que a maioria dos
trabalhadores usam os EPI indicados (luvas, jalecos, botas, máscaras,
respiradores, viseiras e boné). Foi identificado nas entrevistas a não
utilização ou utilização inadequada dos EPI, queixas de intoxicação do
trabalhador e em relatos de suicídios envolvendo o agrotóxico Furadan®, o que é
muito grave e requer medidas preventivas para a conscientização da população
rural.
Os principais sintomas de intoxicação levantados foram dores de cabeça, mal
estar, diarreia e irritação cutânea. Houve também relatos de contaminação de
peixes. Alguns questionários apresentaram relatos de conhecimento de comércio
ilegal de agrotóxicos na região. Cabe ressaltar que o controle e fiscalização do
uso de agrotóxicos em cana-de-açúcar em Itumbiara-GO e região é precário em
função dos órgãos oficiais não possuírem pessoal suficientemente capacitado para
atender a demanda.
Figura 1 – Informações sobre os agrotóxicos utilizadas na cultura de c
Figura 2 – Riscos dos agrotóxicos para o ser humano e meio ambiente
CONCLUSÕES: A pesquisa aponta indicativos dos riscos dos agrotóxicos para a saúde do
trabalhador rural. Apesar de haver conhecimento sobre as consequências do seu uso,
esta prática ainda é uma alternativa viável economicamente para a agricultura. A
falta de fiscalização é um problema, pois acentua os riscos à saúde advindos da
utilização incorreta desses produtos. Dessa maneira, faz-se imprescindível maior
fiscalização nas áreas de plantação de cana-de-açúcar e maior disponibilização de
treinamentos a fim de evitar problemas para o meio ambiente e para a saúde do
trabalhador rural.
AGRADECIMENTOS: Agradecemos primeiramente ao CNPq, ao IFG – Câmpus Itumbiara e aos entrevistados
que disponibilizaram as informações para a pesquisa.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: Brasil. Ministério da Saúde. ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária. s.d. Monografias de agrotóxicos. Disponível em: <http://portal.anvisa.gov.br/wps/content/Anvisa+Portal/Anvisa/Inicio/Agrotoxicos+e+Toxicologia/Assuntos+de+Interesse/Monografias+de+Agrotoxicos/Monografias> Acesso em: 26, jun. de 2013.
FUNASA – Fundação Nacional de Saúde. 1998. Centro Nacional de Epidemiologia. Guia de vigilância epidemiológica. Ministério da Saúde. Cap. 5-15.
SOUZA, C. B. de; MIZIARA, F. Políticas de financiamento à expansão do setor sucroalcooleiro em Goiás versus políticas ambientais, 2010. Disponível em:<http://www.alasru.org/wp-content/uploads/2011/08/GT12-Cleonice-Borges-de-Souza.pdf> Acesso em 28, set.de 2012.
SPADOTTO, C. A. 2006. Abordagem interdisciplinar na avaliação ambiental de agrotóxicos. Revista Núcleo de Pesquisa Interdisciplinar, 1-9.