ÁREA: Química Analítica

TÍTULO: Teor mineral da água de coco

AUTORES: GARCIA, C.A.B. (UFS) ; JESUS, N.S (UFS)

RESUMO: Esse trabalho teve por objetivo, determinar a composição química mineral da água de coco (Na, K, P, Ca, Mg, Cu, Zn , Mn e Fe). Foram analisadas treze amostras, dentre as quais, três foram industrializadas e as demais in natura. As amostras foram coletadas em diferentes pontos da cidade de Aracaju, sendo duas da Bahia e oito do próprio estado. A técnica utilizada nessas determinações foi a espectrometria de absorção atômica com atomização por chama. Os teores encontrados foram: Fe 0,09–0,27 ppm; Mn 0,52–2,18 ppm; Ca 52,80–196,22 ppm; Mg 1,92–1,99 ppm; Zn 0,12–0,54 ppm; Cu 0,11–0,46 ppm; P 0,76–3,17 ppm; K 1.110–1.395 ppm e Na 15–225 ppm, os quais estavam de acordo com a legislação vigente. Encontraram-se algumas alterações de valores, que são justificáveis pela região de cultivo.

PALAVRAS CHAVES: coco, absorção atômica, teor mineral

INTRODUÇÃO: No Brasil não existe muita informações sobre a composição de nossos alimentos. As tabelas de composição de alimentos utilizadas são, geralmente, desatualizadas, pouco confiáveis (em função da metodologia utilizada), incluem produtos que não são mais consumidos e, muitas vezes, só consideram a composição dos alimentos no estado cru, sem levar em conta possíveis modificações durante o seu preparo.
A água de coco é uma bebida saborosa bastante popular no Brasil e em outros países tropicais e intensamente utilizada como alimento terapêutico; apresenta alto valor nutricional (contém vários sais minerais e açúcares) e possui uma composição química adequada para a reidratação de pacientes com problemas gastro-intestinais.
No Brasil, além do seu consumo diretamente do fruto, nos últimos anos tem-se verificado um aumento na industrialização desta bebida e, neste caso, pode ocorrer uma alteração no seu valor nutricional devido a fontes de perda e/ou contaminação inerentes ao processo.
Tendo em vista esses aspectos, estudos relacionados à monitoração de espécies presentes nessa bebida são importantes para investigar a composição química e nutricional da água de coco. Os poucos trabalhos publicados dão maior ênfase aos macronutrientes e aos macroelementos. Além disso, a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) exige das indústrias apenas a indicação dos teores de Ca, Fe e Na nos rótulos dos alimentos. Logo, estudos sobre as espécies inorgânicas, incluindo micronutrientes minerais, também devem ser considerados, pois estas espécies possuem um valor tóxico ou essencial, dependendo da concentração em que se encontram.
Com isso, o objetivo deste trabalho foi a determinação da composição mineral da água de coco comercializada na cidade de Aracaju.

MATERIAL E MÉTODOS: As amostras foram coletadas em diferentes pontos da cidade de Aracaju. Após abertas foram filtradas em papel de filtro qualitativo e acondicionadas em frascos de polietileno, previamente esterilizados em autoclave a 121 oC por 15min a uma pressão de 1,1 Kgf/m2 e em seguida transportados até o laboratório.
Foram utilizadas soluções estoque contendo 1000 mg/L do metal. Todas as soluções foram preparadas com água purificada à 18 MW.cm em sistema Milli-Q®(Millipore).
Para determinação da exatidão do método foram feitos estudos de adição e recuperação de soluções contendo concentração conhecida dos metais adicionados nas amostras diluídas.


RESULTADOS E DISCUSSÃO: De acordo com os estudos realizados, há uma grande variação no teor dos minerais presentes na água de coco, mas levando em consideração a região do cultivo e principalmente idade do fruto, esse aspecto se torna compreensível.
Em média, segundo pesquisa realizada, temos valores estabelecidos para os determinados minerais em questão, com exceção do Cu o qual não se reporta muito à respeito na literatura, apenas que seu valor é extremamente baixo, em alguns casos está abaixo do limite de detecção, nos experimentos realizados, como foi verificado por SOUZA, 2003. Em relação aos demais minerais temos Fe 0,3 – 0,9 mg/L ; Mn 0,4 – 4,2 mg/L ; Ca 85 – 250 mg/L ; Mg 30 – 230 mg/L ; Zn 0,2 – 1,3mg/L (embora também não seja muito discutido) ; K 1020 – 2960 mg/L ; Na 51 – 550mg/L e P 12 – 220 mg/L, segundo dados obtidos por ARAGÃO, 2002 e SOUZA, 2003.
Outro fator a considerar é a região de cultivo do fruto, visto que os experimentos realizados foram apenas de amostras da região nordeste, em especial, do estado de Sergipe. Embora tenha-se duas amostras que pertencem a estado da Bahia. Fato este, não programado, os resultados obtidos destas amostras se encaixam perfeitamente ao perfil traçado a água de coco do estado de Sergipe.
Nas amostras industrializadas esses valores de Na e K, deram resultados consideráveis em relação aos demais, mas especificamente o valor para o sódio foi extremamente alto, provavelmente isso se deve ao conservante utilizado que rico em sódio, o metabissulfito de sódio, ou segundo o referido na embalagem como conservante INS 223, forma utilizada pela indústria para relatar a sua presença no produto.

CONCLUSÕES: De acordo com os estudos realizados, os teores dos minerais encontrados satisfazem a base de dados utilizada. Foi observado que o teor de alguns minerais sofre uma alteração de acordo com a região de cultivo do fruto. Segundo o nosso estudo o Fe, Mg e Cu foram os metais que sofreram alteração, seus teores são mais baixos do que deveriam, o que leva a crer que os cocos de Sergipe apresentam essa característica, já que não há nenhum outro parâmetro de comparação.
O potássio encontra-se como grande constituinte nessa composição, evidenciando que a água de coco é um ótimo isotônico natural.

AGRADECIMENTOS:

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: ARAGÃO, W. M. Coco, Pós-colheita – Embrapa Tabuleiros Costeiros, EMBRAPA Informacão Tecnológica, v. 3, p. 9-56, Aracaju-SE, 2002.