ÁREA: Química Orgânica

TÍTULO: POTENCIALIDADE DAS FOLHAS DO CRAVEIRO-DA-ÍNDIA CULTIVADOS NO SUL DA BAHIA PARA EXTRAÇÃO DE ÓLEOS ESSENCIAIS

AUTORES: REIS, T.V.1, SACRAMENTO, C.K. 1, OLIVEIRA, F.F. 1 E OLIVEIRA, R.A. 1.
1UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - RODOVIA ILHéUS-ITABUNA, KM 16, BAIRRO SALOBRINHO, ILHéUS-CEP: 45662-000 (TAM_QUíMICA@YAHOO.COM.BR)


RESUMO: As folhas do Craveiro-da-Índia geralmente são desperdiçadas durante a colheita dos botões florais, podendo, esse material ser utilizado como fonte de óleo essencial e dessa forma agregar valor para os produtores da região Sul da Bahia. Nesse trabalho foi avaliado o teor de óleo essencial das folhas do Craveiro-da-Índia obtido em três sistemas diferentes: folhas verdes (FV), folhas secas ao sol (FSS) e folhas secas sob ventilação forçada (FSE). Os teores de óleos essenciais (%m/m e %m/v) encontrados foram: FV (2,3 e 2,0); FSS (6,6 e 6,3) e para FSE (5,6 e 5,3) respectivamente. As análises em cromatografia gasosa (CG) dos óleos essenciais apresentaram dois principais tempos de retenção: 7,69 e 9,02 minutos. Comparando o Índice Kovats o componente majoritário desses óleos deve ser o eugenol.

PALAVRAS CHAVES: especiarias, syzygium aromaticum, eugenol

INTRODUÇÃO: O Craveiro-da-Índia (Syzygium aromaticum (L.) Merr. & Perry), família Mirtaceae, produz uma das mais importantes especiarias comercializadas no mundo, o cravo-da-índia. O Brasil destaca-se como produtor de cravo, sendo os plantios comerciais estabelecidos na região sul da Bahia, entre os municípios de Una e Valença (SACRAMENTO et al., 2001). O cravo é usado diretamente na culinária e na indústria. Também é considerada uma fonte de eugenol, substância de amplo uso nas industrias farmacêuticas e fábricas de dentifrício (FERRÃO, 1993). Apresenta também ação analgésica e anti-séptica (JUNIOR, 2003). A produção de óleo essencial, ou seja, de metabólitos secundários sofre a influência de fatores ambientais. Apesar da região sul da Bahia ser a única produtora de cravo-da-índia (cravo do ocidente) não existe relato de estudos sobre o aproveitamento de resíduos dessa espécie para extração de óleo essencial. O valor dessa especiaria sofre oscilações de preço no mercado e como no cultivo e na colheita há uma perda expressiva de folhas esse trabalho buscou avaliar a potencialidade do uso de folhas do Craveiro-da-Índia como fonte de óleos essenciais buscando agregar valor para o cultivo.

MATERIAL E MÉTODOS: As folhas foram coletadas na Fazenda Ouro Verde (Una-Bahia). As folhas verdes foram rapidamente submetidas ao processo de extração, enquanto o restante do material foi exposto a dois processos de secagem: ao sol e sob ventilação forçada a 55ºC por 5h. A extração de óleo essencial foi realizada através da técnica de hidrodestilação com adaptador Clevenger por 4h utilizando aproximadamente 40g de material. O óleo essencial foi separado do hidrolato e a fase orgânica tratada com sulfato de sódio anidro e concentrada. O teor de óleo essencial foi determinado em porcentagem em massa e em volume. Foi utilizado refratômetro do tipo ABBE. A análise em cromatografia gasosa (CG) foi realizada no equipamento Varian Saturno 3800 equipado com detector de ionização de chama e coluna capilar HP-5 (30m/0.25mm/0.25mm). As temperaturas do injetor e detector foram de 250 e 280oC, respectivamente. Foi injetado 1.0µL de solução em clorofórmio a 1% no modo split (1:100) usando hélio como gás de arraste na velocidade de 1,4 mL/min. A programação da temperatura da coluna foi de 140oC por 3 min, e 6oC/min até 250oC. O Índice de retenção Kovats foi calculado com base na injeção de série de padrões alcanos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os teores de umidade encontrados foram de 54,5% (FSS) e 56,6% (FSE). Os óleos essenciais extraídos apresentaram coloração amarelo claro e os seguintes índices de refração: 1,5290 (FV), 1,5215 (FSS) e 1,5270 (FSE). Valores próximos ao índice de refração descrito para o eugenol que é 1,5410. As folhas dessa espécie podem conter até 95% de eugenol (MAZZAFERA, 2003). A comparação entre os valores do índice de refração do eugenol com os valores determinados para os óleos sugere que os mesmos são ricos em eugenol. Os teores de óleos essenciais (m/m e p/v) determinados foram: FV (2,3 e 2,0)%, FSS (6,6 e 6,3)% e FSE (5,6 e 5,3)% respectivamente. Os botões florais de boa qualidade chegam a produzir até 15% de óleo (TAINTER et al., 1993). As análises em (CG) dos óleos estudados apresentaram características semelhantes sendo identificados dois constituintes majoritários, um em 7,69 min e outro em 9,02 min. As seguintes variações percentuais foram observadas para esses tempos de retenções: FSE (82,6; 10,4)%, FSS (87,1; 8,3)% e FV (76,8; 10,0)%. O Índice Kovats determinado em 7,69 min foi de 1364, valor próximo ao descrito na literatura para o eugenol que é 1361 (ANSORENA et al., 2000).




CONCLUSÕES: Os resultados apresentados até o momento são promissores, as folhas apresentam potencial para a produção de óleos essenciais, podendo surgir como uma opção de agregação de valor ao produto. As análises sugerem que, semelhante aos botões florais do Craveiro-da-Índia, as folhas também são ricas em eugenol, podendo ser utilizada para vários fins, destacando-se as folhas secas ao sol.

AGRADECIMENTOS:A UESC pela bolsa de iniciação científica PROIIC.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA:ANSORENA, D.; ASTIASARÁN, I.; BELLO, J. 2000. Influence of thesimultaneous addtion of the portease flavourzyme and the lipase novozyme 677 BG on dry fermented sausage compounds extracted by SDE and analyzed by GC-MS. Journal of Agricultural and Food Chemistry, 48: 2395-2400.
FERRÃO, J.E.M. 1993. Especiarias – Cultura, Tecnologia, Comércio. Instituto de Investigação Tropical, Lisboa, 413 p.
JUNIOR, AM. 2003. Cravo-da-Índia- Eugenia caryophillata ou Syzygium aromaticum. Disponível em: http://www.jperegrino.com.br/Fitoterapia/cravo_da_india.html. Acesso em: 1/jun. 2006.
MAZZAFERA, P. 2003. Efeito alelopático do extrato alcoólico do cravo-da-índia e eugenol. Revista Brasileira Botânica, 26:231-238.
SACRAMENTO, C.K., CASALI, B.L., PEREIRA, E.C. 2001. Growing spices in Brazil. International Pepper News Bulletin, Jakarta, 60-70.
TAINTER, D.P.; GRENIS, A.T. 1993. Especias y aromatizantes alimentarios. Zaragoza: Acribia S.A.